15 - Segundo "segundo" encontro

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Win

Eu tinha café e torradas colocados na mesa quando Bright saiu do quarto. Ele estava andando, sem scooter, com o cabelo todo bagunçado e uma carranca no rosto. Sua expressão de filhote de cachorro irritado era tão adorável que me fez sorrir.

"Bom dia." Digo tentando não parecer muito alegre.

"Hmm." Disse ele, se acomodando em um assento à mesa, tendo cuidado com sua perna. "Dia."

Deslizei o café para mais perto, depois seu prato com as torradas.

"Dormiu bem?"

"Hm." Ele tomou um gole de café e mordeu uma torrada. "Sim."

Eu sorri por trás da minha xícara de café. Eu sempre amei a carranca dele durante as manhãs. Era como um filhote aprendendo a rosnar. Mas hoje eu amava ainda mais. Eu ainda estava em êxtase da noite passada.
Ele disse que me amava.
E daí se ele estivesse dormindo? Seu cérebro adormecido tinha deixado escapar uma verdade, e eu iria me apegar a ela para sempre.

"O que você quer fazer essa tarde?" Perguntei. "Hoje está prometendo ser um bom dia."

Ele encolheu os ombros enquanto bebia seu café.
"Não sei."

"Eu tenho algumas coisas para fazer no andar de baixo hoje de manhã, mas pensei que talvez pudéssemos comer peixe e batatas fritas na praia no almoço. Parece bom?"

Outro pedaço de torrada, outro gole de café, depois a sugestão de um sorriso.

"Parece bom."

Ele nunca demorava muito pra aceitar o fato de que tinha acordado.

"Eu vou tomar um banho rápido."

"Ok."

Trinta minutos depois, nós dois tínhamos tomado banho, a cozinha estava arrumada e eu estava ajudando Bright a descer as escadas. Ele estava ficando melhor e mais forte a cada dia. Pequenos passos todos os dias não pareciam muito, mas, em retrospectiva, comparando à uma semana ou uma quinzena atrás, ele realmente havia chegado longe.
Ele usava a scooter na oficina porque o galpão em si era enorme, com pisos planos de concreto nos quais podia correr. Ele estava usando mais o braço, agora que se livrara da tipoia. Ele ainda não conseguia levantar nada pesado, nem aguentava por muito tempo, mas podia usá-lo. Ele tinha exercícios de fisioterapia para isso, e de vez em quando eu o via girar o pulso ou abrir e fechar os dedos.

Sempre tentando melhorar.
Uma coisa que era tão Bright de se fazer. Embora eu realmente tivesse que parar de pensar nele como duas pessoas diferentes. Não deveria haver um velho e um novo Bright. Havia apenas esse Bright. Meu Bai. Este era quem ele era agora. E assim que abri as portas, ele se ocupou, limpando, arrumando e varrendo enquanto eu entrava no meu escritório. Eu tinha atualizado minha papelada, falado com devedores e credores, olhado alguns pedidos e outros trabalhos. Tínhamos concluído o contrato com os Simpsons e fomos pagos, o que foi um alívio e diminuiu a pressão. Mas o que eu não tinha feito ainda foi finalizar a reivindicação do seguro pela van. Ou melhor, a companhia de seguros não havia me retornado.

Verifiquei meus e-mails e suspirei quando não vi resposta ao meu pedido de atualização. Até chequei as pastas de spam e lixo eletrônico. Não havia nada. Me disseram que as indenizações de trabalhadores e seguros poderiam levar uma eternidade, mas minha gerente estava esperançosa de recebermos uma rápida resposta.
Aparentemente não.
E não era apenas a van, mas as ferramentas e equipamentos de vários milhares de dólares que perdemos também na traseira da van. Nada disso era aproveitável e havia sido uma enorme perda financeira. Depois de algumas semanas, as coisas na oficina não estavam voltando aos trilhos tão rápido quanto eu esperava. E a última coisa que eu queria fazer era que Bright estivesse se preocupando com dinheiro e tendo a culpa impedindo sua recuperação.
O rosto de Bright apareceu pela porta.

Pedaços de nós dois Onde as histórias ganham vida. Descobre agora