20 - Medos

43 9 0
                                    


Win

"Bright!" Agarrei seu braço. "Bright, você está bem?"

Ele apertou os olhos e caiu em mim.
"Eu lembro..."

Segurando Bright olhei para Guns.
"Chame uma ambulância."

"Não, sem ambulância. Sem hospital." Disse Bright, estendendo a mão. "Eu estou bem. Minha cabeça... Deus, eu lembro."

Mike apareceu com uma cadeira do vestiário e eu coloquei Bright nela. Ajoelhei na frente dele. Ele estava pálido e suando, e seu olho direito fechado estava me assustando. Não ficava assim há semanas.

"Bai, você não parece muito bem."

Ele colocou a mão na cabeça; seu olho direito ainda estava fechado.
"Eu não me sinto muito bem."

Guns ergueu um recipiente de sorvete velho, derramando parafusos e arruelas no chão. Ele me entregou e eu o coloquei no colo de Bright.

"Quão ruim é a dor? De um a dez."
Ele balançou a cabeça.

"Win, eu lembro. Quando eu estava dirigindo a van. Esta canção. "When the War Is Over" tocou no rádio. É a nossa música, Win. Eu lembro. O sinal estava verde. Estava chegando à parte da música de Jimmy Barnes."

Ele estava ofegante e ainda tão pálido. Mas o olho dele... Seus olhos apertando assim me assustavam mais.

"Eu posso ouvir os freios e buzinas. E está chovendo. Eu me virei para ver pela minha janela, Win e o caminhão está ali. A grade está bem ali..."
Ele ergueu a mão para a direita, como se pudesse tocar o caminhão em sua memória. "Depois havia vidro e metal. Minha cabeça. Deus, a dor, eu posso sentir a dor. É ruim. Depois a escuridão." Ele soluçou. "Aquele nada horrível nos meus sonhos. Isso é tudo o que resta. Apenas escuridão e dor."

"Bai..." Sussurrei, minhas mãos no rosto dele.

Ele começou a chorar e se curvar em si mesmo.

"Meu Deus, eu lembro disso. Nossa música estava tocando e o caminhão não parou. Dói tanto, Win. Eu posso sentir o quanto doeu."

Seu olho direito parecia não querer abrir, e eu fiquei preocupado que ele estivesse tendo algum tipo de derrame.

"Bai, preciso que você olhe para mim. Você pode abrir sua boca para mim? Me mostra os seus dentes?"

Lágrimas escorriam por suas bochechas.
"Por quê?"

Atordoado por um segundo, eu ri de alívio. Seu cérebro e boca estavam funcionando muito bem.

"Eu só estava preocupado... Seu olho direito está fechado. Eu estava apenas checando."

Ele ainda estava muito pálido e suando, mas sua respiração estava melhor, pelo menos. Ele colocou a mão na cabeça.

"Cristo, minha cabeça dói. Como quando eu acordei no hospital. Como se o caminhão tivesse acabado de me bater de novo."

"A dor é demais, Bai?" Perguntei, olhando para ele. "Eu posso chamar uma ambulância."

"Não." Ele apertou os olhos e apoiou a palma da mão na cicatriz. "Só preciso de pílulas e dormir. Nada de hospital. Não quero voltar ao hospital, Win. Por favor. Por favor. Eu não posso voltar pra lá."

"Ok, ok." Falei, tentando acalmá-lo. A última coisa de que ele precisava agora era ficar mais chateado. "Vamos levá-lo para a cama. Mas, Bai, se piorar, você tem que me dizer."

Ele assentiu, mas eu percebi que a sua exaustão estava aumentando.
"Eu vou levantá-lo e carregá-lo para cima, ok?"

Ele balançou a cabeça novamente, e o fato de ele nem querer tentar fazer isso sozinho me disse tudo o que eu precisava saber. Eu o carreguei pelas escadas e o coloquei direto na cama. Tirei suas botas, peguei suas pílulas, que ele também tomou sem discutir.

Pedaços de nós dois Where stories live. Discover now