sᴛɪʟʟ ᴡɪᴛʜ ʏᴏᴜ - ᴊᴇᴏɴ ᴊᴜɴɢᴋᴏᴏᴋ

Jungkook...

Quando as palavras saíram da minha boca, percebi que foram movidas pela raiva que senti pela maneira como Jungkook falou comigo. Mas sinceramente, que direito eu tenho de ficar com raiva de algo vindo dele? Fui eu quem menti, fui eu quem esteve estranha o dia inteiro, então é de se esperar que a paciência dele tenha chegado ao fim.

"Que porra você acabou de dizer?" Jungkook pergunta, sua voz cheia de incredulidade enquanto ele pega meu queixo e gentilmente vira meu rosto para olhar em meus olhos.

O olhar penetrante dele parece enxergar através de mim, e uma onda de arrependimento me atravessa. Como pude ser tão insensata?

Tento encontrar as palavras certas para explicar minha explosão repentina, mas as desculpas parecem vazias diante da confusão e da mágoa refletidas em seus olhos.

"Podemos conversar em privacidade no hotel?" sugiro, buscando uma solução menos exposta.

No entanto, ele recusa minha proposta de imediato. "Não, vamos conversar aqui e agora," ele responde com firmeza, seu sotaque puxado adicionando uma intensidade à sua voz.

Aceito a decisão dele, resignada ao fato de que essa conversa não será adiada. Respirando fundo, me preparo para enfrentar a tempestade que se aproxima.
Ao pronunciar as palavras para Jungkook, sinto o peso de cada uma delas se acumulando em meus ombros.

"Acordei de manhã com a ligação da terapeuta da empresa onde trabalho. Fui avaliada para saber se já estou apta para voltar a voar e, após a avaliação, eles decidiram que posso voltar a trabalhar normalmente. O que significa que vou voltar para o Brasil, amor. Decidiram que devo voltar a trabalhar semana que vem."

Observo enquanto ele luta para processar a notícia, seus olhos revelando a agonia que está sentindo. Meu coração se aperta ao vê-lo assim, desejando poder aliviar sua dor de alguma forma.

"Você não vai voltar," ele nega com a cabeça freneticamente.

"Jungkook..."

"Não, Mayla! Você não vai, não aceito. Não aceito viver longe de você, não aceito mais esse negócio de relacionamento à distância, isso não funciona para mim. Eu não nasci para viver longe da mulher que eu amo," ele declara, cruzando os braços com firmeza.

"Nós já conversamos sobre isso, amor..." tento alcançar o seu braço, mas ele se afasta, recusando-se a ceder. Queria que as coisas pudessem ser diferentes, mas sei que a decisão não está apenas em minhas mãos.

A sensação de impotência é avassaladora, e eu me vejo perdida diante da determinação de Jungkook. Sabia que essa conversa seria difícil, mas não esperava encontrar tanta resistência da parte dele. Respirando fundo para tentar conter minhas próprias emoções, sei que precisamos encontrar uma solução juntos.

"Foi por isso, exatamente por causa disso, que escondi e evitei falar sobre isso o dia inteiro," confesso, sentindo-me instantaneamente arrependida ao ver o olhar que Jungkook me lança. A decepção em seus olhos corta fundo em mim, e eu me sinto culpada.

Finalmente, a van nos deixa em nosso hotel, e o silêncio pesado paira entre nós enquanto caminhamos pelo hall. "Você quer jantar? No restaurante..." pergunto, tentando buscar sua mão, mas ele se afasta, seguindo em direção ao elevador.

Sinto meu coração se apertar com a rejeição silenciosa, desejando desesperadamente que as coisas pudessem voltar ao normal entre nós. Com um suspiro, sigo atrás de Jungkook, sabendo que a noite será longa.

Chegamos ao quarto e ele abre a porta, dando-me espaço para entrar primeiro. Assim que entro, ele bate a porta com tanta força que o chão treme, fazendo meu coração acelerar com o susto.

"Você é inacreditável..." ele começa, sua voz carregada de frustração. Tiro os tênis e os coloco no canto do quarto, ficando descalça. Vou direto para o frigobar e alcanço uma lata de cerveja.

"Babe, eu não quero brigar," murmuro, suspirando, mas Jungkook não parece disposto a deixar passar.

"Mas eu quero, sabe por quê? Porque não importa quantas vezes fale com você, não importa quantas vezes a gente brigue, você sempre vai fazer a mesma merda, Mayla! Vive me cobrando honestidade, me cobra para ser transparente contigo, e o que você faz comigo? Será que enxerga isso?" Ele desabafa, sua voz cheia de mágoa.

Engulo em seco, sentindo um nó se formar em minha garganta. As palavras de Jungkook atingem em cheio, e percebo o quanto minhas ações podem ter ferido o relacionamento que tanto valorizo. Com um suspiro pesado, encaro-o, buscando encontrar as palavras certas para explicar minhas ações.

"Eu sei, eu sei disso... Eu sinto muito." Deixo a cerveja de lado e me aproximo dele.

"Sente muito?" Ele solta uma risada irônica. "Sentir muito não resolve nada! Eu preciso mais do que isso. Eu acho que mereço, não acha?"

"Eu estava... não queria arruinar esse dia. Eu vi como você estava entusiasmado pelo show solo do Suga. Eu sabia que se eu tivesse trazido esse assunto à tona, iria acabar com o seu dia e você não iria curtir tanto quanto curtiu hoje, amor."

"Não tinha o direito de esconder isso. Você não decide como eu me sinto ou deixo de me sentir. Eu quem decido como reagir e você me tirou isso, você..." Ele parece incapaz de terminar a frase, sua frustração e mágoa transbordando em suas palavras.

"Eu... o quê?" engulo seco. "Sei que errei. Não não deveria ter escondido isso de você, eu deveria ter sido mais honesta desde o início," murmuro, minha voz falhando com a culpa.

Ele suspira pesadamente, suas feições suavizando um pouco. "Mayla, você precisa entender que confiança é a base de qualquer relacionamento. Quando você esconde coisas importantes de mim, isso mina toda a confiança que construímos juntos, caramba!

"Eu estraguei tudo, não é?" Luto para conter as lágrimas que ameaçam escapar.

"Sim, você estragou. Sabe o que eu faria se soubesse que você está me deixando em três dias? Eu teria aproveitado mais esse droga de dia que a gente desperdiçou na cama. Eu teria aproveitado cada segundo, e você acha que eu teria deixado a produção nos separar? Foram 2 horas longe de você, poderíamos ter aproveitado o show grudados," ele continua, sua voz carregada.

"Eu sinto muito, Jungoo..." murmuro, as lágrimas finalmente escapando de meus olhos.

"Só para de ficar mentindo e escondendo as coisas de mim porque isso machuca e eu já estou calejado, você está me entendendo?" Eu concordo com a cabeça. "Você entendeu?"

"Eu entendi, caramba! Para de falar comigo como se eu fosse uma idiota," resmungo.

"Então para de agir feito uma," ele retruca. Quando ele responde dessa forma, não sei se fico com raiva, ofendida ou se acho engraçado. Só sei que começo a rir estupidamente. O olhar dele suaviza.

"O que?"

Ele parece confuso com minha reação, e eu lhe dou um sorriso irônico. "Você disse que sou idiota?" pergunto, ainda rindo um pouco.

Ele balança a cabeça, sua expressão se suavizando ainda mais. "Não, amor, não foi isso que eu quis dizer," ele responde, seu tom de voz agora mais gentil.

"Então o que você quis dizer?" pergunto, curiosa para entender sua perspectiva.

Ele suspira, passando uma mão pelos cabelos. "Eu só... Quero que a gente possa confiar um no outro, sem segredos, sem mentiras. Isso é tudo," ele explica.

Olho para ele por um momento, absorvendo suas palavras. "Eu entendo, Jungoo. E eu prometo fazer o meu melhor para ser mais honesta e transparente com você."

"Isso significa muito para mim," ele diz, um sorriso tímido brincando em seus lábios. Eu o abraço forte e beijo seu rosto repetidas vezes. "Mas ainda estou chateado," ele murmura, fazendo um biquinho.

"O que eu posso fazer para me redimir, hum?" sussurro em seu ouvido, sentindo-me determinada a fazê-lo sorrir novamente.

"Talvez mais mil beijinhos desses... Já é um começo," ele responde, seus olhos brilhando com travessura.

Rindo, continuo a distribuir beijos em seu rosto, sentindo a tensão entre nós se dissipar aos poucos. Sabendo que temos muito a conversar e resolver, pelo menos agora podemos fazer isso com um pouco mais de leveza e carinho.