00:00 (Zero O'Clock)

88 10 2
                                    

2 anos atrás.

Primeira semana.

Sabe aqueles dias em que você está triste "sem motivo", dias em que seu corpo está pesado e parece que todos, exceto você, estão muito ocupados e empenhados? É exatamente dessa forma que me sinto.
Meus pés não se movem, embora eu pareça já estar muito atrasada. Não quero trabalhar, não quero sair de casa, não quer ver a luz do sol e muito menos ter que lidar com pessoas.
Eu sinto raiva do mundo inteiro. Eu sinto raiva dele.

Sim, existem impedimentos e desmotivadores em todo lugar. E eu sei que no momento, o meu problema pode parecer ser menor para alguma pessoa na face da terra, assim como imagino que existem pessoas que estão passando por problemas maiores que o meu. Mas ainda sim, é uma péssima provação.
Meu coração se revira e minhas palavras diminuem. Por que diabos? Por que comigo? Eu tentei por tanto tempo, meu Deus, não serviu de nada me resguardar tanto! No final, ele chegou e destruiu todas as barreiras sem nenhuma dificuldade.

Depois de um longo dia de trabalho, vou para casa e me deito na cama, pensando: "Foi minha culpa?". E eu já sei perfeitamente a resposta.
A noite foi confusa, reviro e reviro na cama olhando para o relógio e em breve será meia-noite.

Algo será diferente? Não vai ser da mesma forma e em breve esse dia vai acabar.
Quando os ponteiros dos minutos e segundos se sobrepuserem, eu vou prender a respiração por um momento e fechar os olhos. Quando tornar à abri-los, será meia-noite.

Atualmente

Eu não sai do quarto nos últimos dois dias (sábado e domingo), a última sexta feira foi o dia mais bizarro da minha vida. Por algum tempo o que mais desejei no mundo era que aquele homem reaparecesse na minha vida novamente, mas, acabei aceitando a realidade. O que vivemos foi, sem sombra de dúvidas, um dos melhores momentos da minha vida, porém, foi passageiro e tudo bem. Eu tinha superado, só que de repente, ele estava ali bem na minha frente depois de dois malditos anos e dizendo coisas que no meu ponto de vista, soavam estranhas para caralho.

Finalmente soube que o meu JK é o Jungkook do BTS.

A única coisa que me perguntei incontáveis vezes nos últimos dois dias foi: Que porra é essa? Estou vivendo um filme? Sou protagonista de algum livro?

É sério! As chances disso acontecer na vida real é de uma em um milhão, entende?

É muita loucura, muita informação para processar. A fixa só está caindo hoje e neste exato momento eu me encontro deitada na cama vestida com a camiseta preta surrada do Jungkook que literalmente roubei há 2 anos e chorando feito uma tola.

Me questionei por tanto tempo quem ele era e o que ele fazia, a resposta sempre esteve estampada na minha cara, tudo o que eu precisava fazer, era pesquisar. Talvez no fundo, eu tinha medo da resposta. De qualquer forma, naquela época, saber quem ele era não mudaria a minha realidade, então foi mais fácil aceitar. E eu nunca fui uma pessoa ligada à Internet e redes sociais, para ser honesta, a única banda que eu costumava acompanhar é a One Direction, eu sei, eu sei, ela sequer existe mais (kkkkrying). Mas as suas músicas sempre foram tudo para mim e eu nunca tive interesse em me abrir para outros artistas ou gênero.

Apesar de ser brasileira nata, definitivamente não escuto e tampouco aprecio músicas nacionais, não me julguem!

Não me conformo por nunca ter ouvido falar em BTS. Passei um dia inteiro pesquisando sobre o grupo que o JK faz parte, não posso acreditar no quão grande eles são nessa indústria, é assustador.

Estou tão chateada com toda essa situação, que se quer consigo explicar. Quando deixei esse mesmo quarto há 2 anos, eu saí mais quebrada do que poderia imaginar. Aguentei firme um longo voo de volta para o Brasil (depois que me tornei comissária, desenvolvi uma habilidade em camuflar muito bem os meus sentimentos, por pior que sejam) até encerrar a minha chave e finalmente chegar em casa, e então, eu desmoronei.

Sai de casa pensando que seria somente mais uma simples escala no trabalho e voltei ridiculamente apaixonada por um cara que eu mal conhecia e que certamente nunca mais veria na minha vida.

O primeiro mês foi devastador, ainda em negação, eu não tentei evitar o sofrimento mais, apenas me permiti. No segundo mês eu estava indignada, me sentia uma grande tola porque, por mais que eu tentasse, não conseguia tirá-lo da minha mente. As lembranças me inundavam no momento em que eu deitava a cabeça no travesseiro para tentar dormir. Todos os dias pela manhã, tinha dificuldades para acordar depois de levar tanto tempo para dormir, os meus olhos sempre estavam inchados por conta do choro, a carta que ele havia escrito certa vez estava no meu peito e eu levava a camiseta preta roubada para todo o lugar, ainda tinha o seu cheiro, pois, nunca a lavei.

No terceiro mês eu decidi que não sofreria e nem choraria mais por algo inalcançável. Ao invés de ficar me lamentando no quarto, voltei a viver e apreciar a vida, aos poucos. Involuntariamente comecei a me interessar pela cultura coreana, não vou mentir, JK foi 100% responsável por isso. Eu pensei: "já que não posso tê-lo, posso conhecer um pouco mais sobre onde ele vive, e principalmente a culinária, cujo ele é evidentemente apaixonado". E eu o fiz, quando percebi, estava simplesmente viciada em k-drama, lamen e soju. Sempre que possível, visitava restaurantes coreanos nos pernoites, provava um novo prato e finalizava uma série.

E finalmente veio a fase da aceitação, onde eu já não me sentia triste, com raiva ou indignada. Eu não me martirizava mais. Por muito tempo, eu senti arrependimento por ter o conhecido, por ter me entregado e apaixonado. Mas então, comecei a compreender que pessoas muitas vezes passam por nossas vidas e nem sempre para ficar. Sempre há algo para nos ensinar, momentos para viver e no final, deixam histórias para contar. Eu entendi o verdadeiro propósito e o intuito do JK querer passar aquele tempo comigo.

Em algum momento, em algum dia, 4 meses depois, ele me veio na mente e eu simplesmente sorri, e segui a minha vida.

Foi um processo doloroso e que levou muito, muito tempo, eu soube que isso aconteceria e não fiz nada para evitar. Estava imersa, adorada com o novo sentimento, com um novo e desconhecido homem... eu pensei que não tinha nada à perder e realmente, não perdi. Eu ganhei. Ganhei maravilhosas lembranças e de bônus, conheci uma nova cultura.

Eu entendi que no fim do dia, não importa o quanto eu blinde o meu coração e os meus sentimentos. Não importa o quanto eu evite toda essa merda porque quando tem que acontecer, vai acontecer independente do meu querer, da minha escolha e o JK foi prova disso. Ele foi capaz de bagunçar a minha vida perfeita em apenas 4 dias. E quer saber de uma coisa? Eu não me arrependo mais, nenhum pouco. Só não quero ele de volta.

sᴛɪʟʟ ᴡɪᴛʜ ʏᴏᴜ - ᴊᴇᴏɴ ᴊᴜɴɢᴋᴏᴏᴋ Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz