° 𝓒𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 103 °

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BONNIE

— Que ódio, meu corpo todo tá pedindo socorro - escutei ela reclamando no banheiro. Ta assim agora, falando sozinha. Ela para na frente do espelho e fica se olhando falando as coisas, eu é que não digo nada, quer fica loca, fica sozinha.

Já faz uns dois dia que eu não vejo o asfalto da rua, a Jéssica tá me proibindo de sair , até para ir no banheiro ela tá  brigando comigo, por tudo que eu faço é um xingamento dela, só estresse.

Fica dizendo para mim não fazer esforço nenhum, diz que se eu precisar de alguma coisa, é só chamar ela que ela faz, toda marrenta. Meu eu penso, a mulher tá quase morrendo pra tudo ia, fica reclamando toda hora, eu é que não vou ficar pedindo nada, não tô morta também.

Ela quem deveria tá me pedindo as coisas.

O Nathan é outro que não tá ajudando, o moleque que deu de me estressar essa semana, já falei mas de uma vez as coisas para ele, e quem disse que aprendeu? Tô ligada que é uma criança de cinco anos, na real tá pra fazer cinco, mas mesmo assim, já tá na idade do entendimento já.

E outra, tudo tá indo correndo contar para Jéssica, pra tu vê que ele já entende das coisas, ele tá ligado que a Jéssica bate boca comigo e eu me seguro com ela, não é aquela coisa de ela mandou eu obedeço, não, mas eu me seguro né, minha mulher, doidona. Ele já corre para ela, pensando que ela vai brigar comigo como fiz com ele.

Moleque é esperto, não é atoa que é meu filho.

Ele fica na escola o dia todo, então eu e Jéssica fica só nois duas em casa, uma porra que nenhuma das duas tá na condição daquele pique putaria que nois gosta. O jeito mesmo e esperar ela ter o bebê, aí eu vou soca sem medo, para machucar mesmo, é assim.

— Amor - sai do banheiro, tá vestido uma cueca e uma camisa minha, com coque na cabeça e sem maquiagem, toda natural do jeito que eu gosto, fica linda demais toda feia - eu não vou fazer comida hoje tá, pede alguma coisa se tiver com fome, eu não quero comer nada também - deito do meu lado me abraçou pela cintura, se agarrando em mim até onde a barriga deixava.

— Não quer comer nada? tô nem aí pô, eu vou pedir um negócio aqui e tu vai comer - falei seria e ela não disse nada, não tem essa não, ela já não jantou ontem, comeu um negócio lá, e só.

— Minha médica disse que tá preocupa sobre minha diabete - respirei fundo, deixei o celular de lado - mas eu não consigo parar de comer doce.

— Tá maluca Jéssica? Se ela tá falando que tu tem que controlar tu vai controlar - ela concordou - tu já nem pode falar que a culpa é minha, nem doce eu como.

— Eu sei amor, tô preocupada também - ela levantou a cabeça para me olhar - eu vou parar tá, por enquanto eu paro.

— Vai mesmo, tu sabe que eu sou capaz de mandar os comerciante tá aqui não vender mas nada pra tu com açúcar - ela sorriu - tu sabe que se for preciso eu faço isso mesmo.

— Exagerada, não precisa disso também - dei de ombro - eu prometo que paro.

— Isso aí, tu vai ter que ficar espetando o dedo então? - ela concordou - eu te ajudo com isso, só me ensina como daí, não fui contigo na última consulta, na próxima eu vou.

— Eu te ensino - dei um selinho na boca e ela já me beijou abraçando meu pescoço, eu comecei a deslizar a mão pelo corpo dela como sempre fazia, era gostoso demais pegar nessa mulher, parecia que tudo se encaixava, mó gostoso.

Fico nois duas a tarde inteira na cama, assistindo filme, naquele amorzinho, pedi uma marmita ela comeu comigo e depois a gente deitou de novo.

Levantei da cama sem a Luana já, eram umas sete da noite já, o Nathan já tinha chegado que eu nem vi, só tô escutando o barulho dele lá embaixo com aqueles brinquedos. Comecei a caminhar um pouco pela casa, dei uma arrumada na área da churrasqueira, movimentando meu corpo.

Faz uns três dias que eu tô na cama, só levantando para ir no banheiro e comer, já tô te saco cheio já, quero minha rotina antiga, no corre, fazendo oque não deve pô, eu sou assim sou agitada, sou acelerada, mais uma semana e eu fico nova em folha.

Sentei no sofá para assistir o jogo, coloquei já no último volume, flamengo e Vasco hoje. Passou nem quinze minutos de jogo o mengão já tinha marcado um, fui Oque? Logo na janela.

— Aí Davi, aqui a flamengo filho da puta! Esse time teu não dá não Davi - gritei, depois escutei um " tem jogo ainda caralho". Voltei a sentar no sofá, o primeiro tempo foi só aquele mesmo, mas no segundo nois já marco dois, Davi ficou puto, só deu para escutar os gritos dele.

— Amor, tá fazendo oque? - perguntei alto, abaixando a tv depois que o jogo terminou.

— Minha unha, me deixa - sorri. Escutei um barulho de alguma coisa caindo ali na sala e olhei, era o meu filho aprontando, ele logo viro o rosto para mim também e se afastou do rack, eu vi uma decoração que eu tinha comprado, era caro para caralho isso aí, era um urso sem rosto todo pichado.

— Sai daí, já falei para tu que não - ele fez bico - da próxima eu não vou falar manso, sai daí, vai brincar com outra coisa. 

— Mas você nem pode mais brincar com ele - fez bico - eu que sou criança.

— Aquilo ali não é de brincar não - falei seria, jogando meu corpo para trás e deitei no sofá, olhando para tv. Passou uns minutos e escutei o início do choro do Nathan junto com o objeto pesado caindo - puta que pariu!

Levantei do sofá vendo que o negócio tinha caído no pé dele, não era peso não, mas para ele machucaria, olhei sério pro moleque que berrou levantando as mão para mim.

— Bem feito - falei e ele abraço meu pescoço quando eu peguei ele no colo. Fui para cozinha com ele ainda chorando.

— Que aconteceu?

— Não me escutou, foi mexer onde não era e se fodeu, otário! - falei com um sorriso e ele bateu as mãozinha no meu ombro.

— Para de falar palavrão para ele cara - fiz uma carreta, coloquei o moleque encima da ilha e peguei o pé dele, fico só um vermelho encima dos dedinhos nada demais.

— Quero iogurte - ele sempre faz isso, quando tá chorando aproveita para pedir algo coisa. Sorri dando um monte de beijos no pescoço dele, que logo mudou o choro para uma risada gostosa.

— Então sem choro - ele concordou passando a mão no olho, a Jéssica perguntou para ele o que tinha acontecido, ele já foi logo contando para ela, dei o iogurte para ele e fui fazer alguma coisa para mim comer.

Somando - 𝕴𝖓𝖙𝖊𝖗𝖘𝖊𝖝𝖚𝖆𝖑/𝕷𝖊𝖘𝖇𝖎𝖈𝖆Onde as histórias ganham vida. Descobre agora