Capítulo XXII

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Entrei na cela, fria e dura da torre, enxugando as lágrimas do rosto e tentando não cambalear. O homem saiu e a porta se fechou atrás de mim. Harry estava em frente a uma fresta de luz, que nada mais era do que um buraco na parede.

Olhei para ele, com dor ao vê-lo naquele estado. Suas costas sangravam tanto que eu não suportava nem olhar. Eu quase não conseguia nem ver os olhos azuis que eu tanto amava. Seu rosto estava inchado e inflamado. Me aproximei dele, sentindo a dor me consumir.

— O que veio fazer aqui?

Ele tentava respirar ofegante, mesmo com a corda no pescoço. Seus olhos brilharam ao me reconhecer.

Ele cuspiu um pouco de sangue para tentar falar.

— Vim te buscar, estrela. — quase não entendi o que ele dizia. Meu coração se partiu. Queria abraçá-lo e retirá-lo dali, mas sabia que Arthur estava escutando atrás da porta.

Ele precisava viver.

— Não pedi para vir atrás de mim. — forcei as palavras. — Eu estou bem! Estou feliz.

Cambaleando, ele tentou se aproximar. Não deixei.

— Bella...

— Não quero ouvir nada que tem a me dizer. Eu estou noiva de Arthur, segui com a minha vida.

— Não posso acreditar nisso. — ele tentou respirar para conseguir falar. — Foi ele que te mandou vir aqui? Ele está te ameaçando?

— Não, ele é um ótimo homem. — a mentira era tão grande que senti náusea.

— Um ótimo homem que manda açoitar pessoas?

Engoli em seco. Como eu iria responder a isso? Minha mente girou enquanto eu tentava me concentrar.

Pense como Cecília.

— São as leis do reino. Invasores são punidos, e você é um invasor. — argumentei, detestando usar a lógica para justificar as ações de um tirano. — Estou aqui porque quero. Está atrapalhando a minha vida.

— Eu te encontrei na cidade fugindo, Bella.

— Eu não estava fugindo e não lhe devo
satisfações. Já nos separamos, vá embora!

— Não posso ir sem você.

— Foi você quem não me quis, em primeiro lugar! Insistiu que já tinha escolhido o seu caminho e que não queria uma esposa.

— Pequei por não honrar nosso compromisso e não lutar pelo nosso casamento. Lhe ofereci um acordo estúpido que me quebrou dia após dia enquanto eu me apaixonava por você. Sei que percebi isso tarde demais, mas me dê uma chance.

— O senhor já teve a sua chance.

Ele grunhiu, enquanto o sangue das costas descia para as calças. Com dificuldade, ele tentou sorrir.

— Não volte a me chamar de senhor, meu bem.

Tentei conter as minhas mãos, que queriam envolvê-lo e cuidar de cada machucado.

— Volto, porque é o correto, já que agora estou em outro compromisso.

— Não pode estar com um homem que tortura pessoas. Bella, isso é uma masmorra! Pode parecer difícil, mas eu darei um jeito de tirá-la daqui. Não se preocupe comigo, eu suporto. — ele ignorou o que eu disse, ainda sem acreditar.
Apertei minhas próprias mãos com tanta força que senti minhas unhas me machucarem. Eu teria que ser mais convincente. Ele me olhou com tanto amor que as minhas pernas fraquejaram. — Vamos fugir, meu bem, juntos.

Insensato AmorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora