Capitulo 017🤍

54 2 0
                                    

Bárbara

Vovó empurrou uma caixa em minha mão.

— Depósito, por favor.

Ela deu um tapinha em minha bochecha afetuosamente antes de sair correndo para ajudar o cliente que a esperava.
Vovó estava sempre atarefada. Era exatamente por isso que eu disse para contratar mais pessoas para ajudar no supermercado. Os idosos eram teimosos até os ossos.

Meu olhar deslizou pelas janelas enquanto eu saía do armazém. Quando avistei quem eu estava procurando, meu coração acelerou.

Moletom com capuz preto, jeans rasgados e botas de couro. Victor parecia quase bom demais para ser verdade. Se eu não soubesse melhor, diria que ele era algum tipo de anjo caído. Mas ele era tudo menos isso.

Victor  estava do lado de fora, com o capuz sobre a cabeça, enquanto fumava um cigarro no frio. Ele tinha as mãos enfiadas nos bolsos e a cabeça baixa, encarando o chão.

Algo mudou entre nós desde aquele dia.

Uma semana havia se passado. Victor ainda era o idiota habitual, mas às vezes tinha a sensação de que ele estava intencionalmente me evitando.

A única vez que vi alegria nos seus olhos foi quando escondi um vibrador rosa e reluzente em seu armário. Foi durante o almoço, os corredores estavam lotados e cheios de estudantes quando o Victor abriu o armário. O Sr. Big Ben, também conhecido como Sr. Dildo, deu um tapa na sua cara, enquanto todos ao seu redor ofegaram e prontamente começaram a rir.

Eu pisquei e me afastei, satisfação correndo pelas minhas veias, depois de ver o olhar em seu rosto. Eu fiz ele sorrir, um sorriso verdadeiro desde aquele dia em que ficamos trancados no depósito.

A brincadeira com vibrador foi há dois dias.
Ontem, ele retaliou com baratas falsas em minha bolsa e meu suéter. Lembrei-me de jogar minha bolsa no chão, gritando assassinato sangrento, enquanto os estudantes começaram a rir como se fosse a melhor piada do século.

Foi humilhante, para dizer o mínimo. Eu queria ficar brava. Eu tinha todo o direito, mas no momento em que vi o Victor rindo, toda a minha raiva desapareceu.

Poof, bem assim.

— Ele não parece muito alegre, não é? — Vovó parou ao meu lado, observando Victor pela janela.

— Ele veio hoje cedo para ajudar no estoque e ainda não comeu nada.

— Ele não almoçou?

Eram quase três da tarde.

Um cliente chamou vovó e ela me deu um tapinha no braço antes de ir embora.

Antes que eu pudesse pensar em minhas ações, peguei um sanduíche embrulhado na geladeira e estava caminhando para fora do supermercado.

Victor olhou para cima quando me aproximei. Ele deu uma última tragada no cigarro antes de jogá-lo no chão e esmagá-lo sob os pés. Soprou uma nuvem de fumaça antes de lamber os lábios, me olhando de cima a baixo.

— O que há, Garcia?

Silenciosamente, empurrei o sanduíche em sua direção.  Ele levantou uma sobrancelha.

— Isso é uma oferta de paz?

— Vovó comentou que você não comeu. — Disse como explicação.

Eu estava apenas sendo... legal. Não havia nada demais nisso. Victor pegou o sanduíche da minha mão, as pontas dos nossos dedos se tocando brevemente, antes que me afastasse rapidamente.

— Cuidado aí,Babi. Está começando a parecer que se importa.

Meus olhos se voltaram para os dele e o observei.

Do you dare 🖤Where stories live. Discover now