capítulo 003🤍

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Bárbara

Na manhã seguinte, encontrei Victor fora da nossa aula de inglês. Ele estava encostado na parede, as pernas compridas cruzadas no tornozelo, com as mãos enfiadas nos bolsos. Seus caros sapatos de couro eram brilhantes e sem amassados. Ele não usava o blazer azul marinho, mas sua camisa branca estava enrolada nos cotovelos, expondo seus fortes antebraços.
A gravata pendia frouxa do pescoço.

Ele era bonito de se olhar, tinha que admitir, mas a sua visão me incomodou.

Havia uma loira curvilínea presa ao seu lado, praticamente colada contra ele. Ela sussurrou algo em seu ouvido, mas ele não estava prestando atenção. Victor parecia entediado, e a pobre garota estava se esforçando bastante.

Fuja, não se apaixone por seus encantos. Eu queria enfiar algum juízo nela.

No momento em que seu olhar caiu em mim, ele sorriu lentamente.

Meu sangue ferveu e pressionei meus lábios firmemente, me recusando a reconhecê-lo. Inclinei meu queixo e segui em frente. Se o ignorasse, ele iria embora, disse a mim mesma.

Pena que não passava de falsa esperança.

Quando tentei entrar na sala de aula, Victor se afastou da garota. Ela protestou, mas logo desistiu quando percebeu que era inútil.
Ele se virou de lado e colocou o braço para fora, bloqueando a porta e efetivamente me impedindo de entrar.

— Ei, Garcia.

Victor me lançou seu famoso sorriso na tentativa de me derreter. Revirei os olhos.

— Coulter, — disse em reconhecimento. — Você está em meu caminho.

Eu tentei passar por ele, mas ele não se mexeu; claro, ele era uns trinta centímetros mais alto que eu, mas Victor era uma barreira imóvel.

— É bastante cômico que pense que pode me mover.

Havia algo sobre Victor que me irritava. Era como se tivesse atingido um nervo que eu não sabia que tinha. Ele me fazia sentir nervosa. Eu não sabia por que me sentia assim, mas ficava na defensiva perto dele.

— Um joelho no seu pau vai fazer você se mover, então. Ou você se move sem ferimentos, ou a sua máquina de fazer bebês estará em perigo. — Inclinei minha cabeça para o lado, segurando minha bolsa por cima do ombro e esperando ele se mexer.

Meus lábios torceram em meu sorriso mais falso e doce.

Victor me encarou por um segundo antes dele finalmente se mover, se dobrando levemente até a cintura e colocando o braço em movimento dentro da sala de aula.

— Senhoras primeiro. Depois de você.

Revirei os olhos, mais uma maldita vez, porque ele era tão irritante. Empurrando seu corpo duro, entrei na aula com um bufo e me acomodei na cadeira. Ele entrou como se fosse o dono do lugar e passou por mim até sua mesa no fundo da sala de aula.

Victor propositalmente roçou meu ombro enquanto passava ao meu lado.

— Opa, foi mal! — Ele murmurou sombriamente. Eu podia ouvir o riso em sua voz.

Meus dedos se apertaram, mas eu me contive. Meus dias continuaram assim.

Notei-o me seguindo ocasionalmente. Às vezes, chamava meu nome em voz alta nos corredores, chamando a atenção de todos para mim. Outras vezes, propositalmente esbarrava em mim na aula ou na cafeteria. Muitas vezes eu o pegava sem fazer nada além de seguir silenciosamente atrás de mim. Ele sabia que isso me irritava, e fazia de propósito.

Para. Me. Irritar.

Há uma semana, eu era completamente invisível para Victor Coulter. Agora, eu era o centro da sua atenção.

Do you dare 🖤Where stories live. Discover now