capítulo 013🤍

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Bárbara

— Eu não sabia que você era uma perseguidora, docinho. — Seu sussurro rastejou ao longo do meu pescoço, me fazendo tremer.

Não o ouvi se aproximar de mim. Eu estava muito perdida em pensamentos; nem o senti se aproximando. Foi depois da escola; o sinal tocara e todos os alunos estavam se juntando em grupinhos.

Coloquei minha bolsa no ombro, fechei o armário e me virei para encará-lo.

— Eu não estava perseguindo você, Poodle.

— Por que Poodle, porra? — Ele perguntou confuso.

Eu nem sabia por que havia dito isso. Talvez porque tenha me pegado de surpresa, ou pelo fato de que insistia em me chamar de docinho e precisava retaliar. Ou talvez porque precisava me sentir no controle novamente depois do que vi hoje de manhã. Eu tranquei meu coração, sentindo a frieza escoando através de mim.

Mas uma coisa era verdade.

Victor era definitivamente um Poodle.

Uma sobrancelha arqueou e olhei para ele, observando-o enquanto percebia o porquê. Ele levantou a mão e tocou seus cabelos.

— Poodle? Sério, Garcia?

— Poodle. — Disse novamente.

Suas narinas se abriram em um breve aborrecimento antes de virar o jogo contra mim.

— Então, perseguição é o seu novo hobby?

Segurando minha bolsa com mais força, repeti:

— Eu não estava perseguindo você.

— Eu peguei você em flagrante. — Disse Victor, sua voz áspera.

— Qual é o seu problema, Coulter?

O que eu realmente queria perguntar era... o que... quem machucou você? Ele inclinou a cabeça, me examinando.

— Você.

— Hã?

— Você é meu problema, docinho. — Victor se aproximou. — Aquele beijo...

— Não vai acontecer novamente, — terminei por ele.

— Esse foi o único gosto que você terá de mim, Coulter. Primeiro e último. Memorize e tatue esse beijo em seu cérebro, porque é o único que você conseguirá.

— Hostil, — murmurou. — Gosto de você quando está cuspindo fogo, como um dragãozinho irritado.

Eu levantei meu queixo, apertando os olhos para ele.

— Eu gostaria mais de você se você fosse mais agradável.

— Agradável? — Ele soltou uma risada estrondosa que fez com que outros alunos se virassem e se concentrassem em nós.

— Se você está procurando pelo príncipe encantado, beijou o sapo errado. —Victor Coulter não era o príncipe encantado nem o... vilão.

Ele era outra coisa, e eu não sabia exatamente onde encaixá-lo.

— Eu não te beijei. Você me beijou.

— Mesma merda. — Ele passou os dedos pelos cabelos, afastando as madeixas teimosas dos olhos.

— Nós estamos andando em círculos, Coulter. — Eu passei por ele, me certificando de que não iriámos nos tocar.

— Tenha um bom dia!

Sua mão serpenteou e agarrou meu pulso, me puxando de volta para seu peito. Seu coração bateu contra as minhas costas e fiquei parada. O corredor lotado desapareceu quando sua voz se tornou um mero sussurro, falando apenas para eu ouvir.

— Da próxima vez, se certifique de não me encarar com uma expressão tão comovente. Alguém pensaria que você se importa, exceto que eu não sou bobo.

Ele estava se referindo a esta manhã, quando me pegou observando-o pela janela.

Oh Deus.

Sua voz profunda rolou pela minha espinha.

— Não se apaixone por mim, Babi. Eu vou quebrar você.

Muito convencido? Por que ele acha que me apaixonaria por ele dentre todas as outras opções que tinha? Victor era a última pessoa que queria em meu coração.

— Apaixonar-me por você é a última coisa que quero. Pode apostar, mesmo que você fosse o último homem na terra, não te foderia, nem te amaria; você é feio demais para mim.

— Eu ou meu coração?

— Ambos. — Eu respirei. Mentiras.

Ele soltou meu pulso, e pude sentir a queimadura em minha pele, onde seu toque acabara de estar. Seu hálito acariciou meu ouvido.

— Bom.

Eu dei um passo para longe dele. Ele seguiu, para minha irritação.

— Uma última coisa. Se não posso beijar seus lábios, posso beijar sua boceta?

Minha... O quê?

Filho da puta!

A raiva se enrolou dentro de mim e girei, o encarando.

— Seus pais não lhe ensinaram boas maneiras? — Cuspi entre dentes.

Victor perdeu instantaneamente o olhar provocador e seu rosto endureceu para granito. A mudança nele foi tão rápida e confusa; parecia que eu tinha caído na toca do coelho.

— Não. Eles não ensinaram. Eles nunca se importaram o suficiente para me ensinar alguma coisa. — Disse simplesmente, com os olhos vazios.

Minha boca se abriu, embora não soubesse como responder. Meu cérebro gaguejou por um momento em choque, quando meu coração caiu na boca do estômago. Victor não esperou, passou por mim e o perdi na multidão antes que pudesse chamá-lo para... pedir desculpas? Para quê?

Eu não sabia. Merda. Porra.

Choque e confusão me percorreram, e pela primeira vez, percebi que realmente não conhecia o Victor.

Qual é a sua história, Victor Coulter? Quem é você?

Do you dare 🖤Where stories live. Discover now