capítulo 004🤍

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Bárbara

Primeiro, ouvi minha mãe gritar.

Então, houve silêncio. Isso aconteceu em um nano segundo.

O mundo se inclinou de repente, minha visão embaçada, antes de tudo ficar preto. Eu afundei em um lugar muito escuro. Por um longo tempo, fiquei lá... acordada... desaparecendo... coração batendo... entorpecida... perdida...

O silêncio desapareceu lentamente e um zumbido o substituiu, enchendo meus ouvidos. Parecia que a única coisa dentro da minha cabeça era estática.

Minha garganta estava seca, arranhada por dentro e não conseguia emitir nenhum som.
Mamãe? Papai?

Eu não conseguia ver nada. Tudo estava tão escuro... tão vazio...

Lembrei-me do som do vidro esmagado, misturado com o distinto estalo de ossos quebrando. Lembrei-me de minha mãe gritando e meu pai... lembrei-me... A dor veio a seguir.

Meus ossos e órgãos frágeis pareciam estar sendo desintegrados e esmagados em uma pequena caixa sufocante.

Eu não conseguia respirar. Doía muito. Meu torso queimava como se ácido estivesse sendo derramado sobre ele. Havia uma faca cravada, dolorosamente, no meu peito... não, não uma faca... Não sabia... Mas doía.

Parecia um punhal ou um martelo sendo golpeado no meu peito.

Eu pisquei... me forçando a respirar, mas não conseguia.

Meus pulmões contraíram com tanta força que tinha medo que se encaixassem um no outro. Quando tossi, a agonia percorreu meu corpo e meus lábios rachados se separaram com um grito silencioso.

Mãe... Pai... Não consegui falar. O zumbido não parava em meus ouvidos.

O gosto de sangue acobreado se acumulou na minha boca;

tinha um gosto amargo, e eu podia senti-lo encharcando minha língua e o interior da minha boca.

Sangue...?

Não... Como...

O que... Eu me lembro... A briga... Neve do lado de fora... No carro... Mamãe... Papai... Eu... Lembro-me dos gritos...

Meus ossos pareciam ter sido mutilados juntos, e meu peito estava sendo esculpido.

Eu levantei minha cabeça um pouco e olhei para o meu peito para ver... sangue. Em toda parte, muito sangue. Suguei ar comprimido e tentei gritar, tentei respirar, mas meus pulmões se recusaram a trabalhar.

Não. Não. Não. Por favor. Não. Oh Deus, não. "MAMÃE", eu queria gritar. "PAPAI".

A dor nunca terminou. A escuridão nunca desapareceu.

Eu acordei com um suspiro, minha boca aberta em um grito silencioso. Encharcada de suor frio com o coração batendo rápido, tentei respirar desesperadamente.

Dez. Inspirar. Nove. Expirar. Oito. Inspirar. Eu não morri.

Eu não estava morta.

Sete. Expirar. Seis. Inspirar. Cinco. Expirar.
Foi apenas um sonho, disse a mim mesma.

Quatro. Inspirar. Três. Expirar. Dois. Inspirar.

Meu peito doía; a dor era quase paralisante.
Um. Respire, caramba.

Lágrimas quentes ardiam em meus olhos enquanto as impedia de se derramarem sobre minhas bochechas. Esfreguei meu peito, tentando aliviar a dor forte. Um gemido escapou dos meus lábios rachados e sufoquei um soluço.

Do you dare 🖤Where stories live. Discover now