capítulo 001🤍

141 8 0
                                    

Bárbara

Três anos e meio atrás

— Filho da puta... — Minha boca se fechou antes que eu soltasse outra respiração dolorosa, enquanto meus joelhos ameaçavam ceder sob mim.

A mesa de café me olhou inocentemente, e a encarei em resposta. Merdinha. Eu a chutei com a minha perna não machucada, só para me satisfazer.

Minha manhã já estava uma bagunça, e lutei contra o desejo de extravasar a raiva na mesa de café. É verdade que machucou meu joelho, mas, na realidade, a culpa foi minha. Meu despertador não tocou, o que obviamente significava que acordei tarde. Muito tarde. As aulas do primeiro período já haviam terminado, e estava na metade do segundo período.

Então, em minha luta para me vestir às pressas, acabei rasgando um buraco em minha blusa branca e imaculada da escola. Ótimo. Que manhã adorável.

Afastando-me da mesa, saí correndo da casa dos meus avós e tranquei rapidamente a porta atrás de mim. Eu tinha que pegar o ônibus em dois minutos, ou então eu estaria atrasada 'pra' caralho. O próximo ônibus só estaria daqui a trinta e cinco minutos.
Enquanto corria para o ponto de ônibus mais próximo, rapidamente revi minha lista matinal em minha cabeça. Quatro coisas muito importantes.

Telefone, ok. Fones de ouvido, ok.
Chaves, ok. Minha tarefa de inglês, ok.

Tudo parecia estar em ordem. Agora, eu só tinha que chegar a tempo para a aula do terceiro período, para poder entregar meu ensaio de inglês a tempo. Ou então... balancei a cabeça, me recusando a pensar nas consequências. Meu coração começou a correr e bater irregularmente com o simples pensamento de obter um zero nesta tarefa.

Sem chance. Arruinaria meu registro escolar perfeito.

Minha avó gostava de brincar e dizer que eu era paranoica, e que tinha um pouco de TOC quando o assunto eram as minhas notas. Meu avô, com uma risadinha orgulhosa, diria que eu era perfeccionista. Eles não estavam exatamente errados.

Meu GPA perfeito, juntamente com mil horas de serviço comunitário e trabalho voluntário, me levariam a Harvard. E era tudo o que importava. Harvard era o meu caminho. Era o meu destino e onde eu pertencia. Talvez meus avós estivessem certos. Talvez eu estivesse obcecada com a ideia de "perfeição". Mas eu não me importava. Se a perfeição me desse tudo o que eu queria, então, a Senhorita Perfeccionista eu seria.
O ônibus chegou a tempo, e eu subi feliz em não ter mais nenhum azar. Meu assento favorito na parte de trás do ônibus estava me esperando. Permitia-me ter a visão perfeita de todo o ônibus, e era um assento na janela. Coloquei os fones de ouvido e, "Hands to Myself", da Selena Gomez, começou a tocar em meus ouvidos. Apoiei minha testa na janela fria e observei o mundo se mover.

Esta era, provavelmente, a minha parte favorita da minha rotina matinal. Eu sempre fui uma observadora, e alguém podia aprender muito em uma viagem de ônibus de dez minutos.

Pouco tempo depois, o ônibus parou e eu saí; parei na calçada por um breve momento para olhar para o grande e velho, ainda que assustadoramente bonito e chique, edifício na minha frente.

A Academia Berkshire de Weston.

A escola particular para os ricos e os corruptos. Filhos de juízes infames, senadores, associados do governo e alguns dos advogados e médicos mais bem pagos nos Estados Unidos.

Eu não era um deles. Meu pai era professor do ensino médio, minha mãe enfermeira, e eu a garota quieta e pobre entre todas as famosas e ricas criações do próprio demônio. O meu lugar não era aqui, mas eu escolhi estar aqui.

48,2% dos graduados da Academia Berkshire de Weston acabam em alguma destas faculdades da Ivy League: Yale, Princeton, Dartmouth ou Harvard.

Esse pequeno fato era a razão pela qual escolhi me matricular nesta escola durante meu primeiro ano. Agora, eu estava no último ano em Berkshire. Mais alguns meses e estaria fora daqui.

Do you dare 🖤Where stories live. Discover now