01: LAÇOS DE SANGUE

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Londres, Inglaterra

Um ano depois. Dias atuais.

Estou atrasada.

Corro, pelas escadas do prédio de artes, minha saia voando ao meu redor.

A aula de desenho avançado é uma das únicas com um professor horrível e logo hoje, no primeiro dia do semestre, eu não posso chegar atrasada.

Mas, estou. Porque fui com Linda e Mike ao cinema ontem e ficamos acordados até tarde conversando.

Droga.

Tudo isso por café gelado e a varanda do nosso quarto.

Não valeu a pena, penso, vendo que todos já estão na sala e pior, nem Dafne, nem Melilla pegaram essa matéria esse semestre.

O que significa que estou sozinha.

O que, na minha pequena estadia dentro da Royal College, não é uma coisa boa.

- Duplas ou trios pelo resto do semestre... - O senhor Alberts está dizendo quando entro na sala.

Por favor, não me humilhe, imploro com os olhos, todavia o homem apenas acena com a cabeça e diz:

- Bom dia, senhorita. Ache um lugar para você, por favor. A sala está cheia.

E continua a explicar algo que não ouço.

Graças a Deus, nada de bronca.

Passo pelas fileiras de alunos a procura de uma mesa desocupada, vendo que todas já possuem trios. Droga. Preciso de uma dupla, continuo procurando até a última fileira.

Ali.

Comemoro vendo uma cadeira vaga, perfeita para mim. Menos uma vergonha no dia, respiro aliviada, passando de cabeça baixa, até poder olhar para as pessoas que estão na mesa.

E aí que congelo.

Tipo, gelo que cobre uma rocha. Um iceberg.

Ou talvez eu seja o Titanic, respiro fundo, quando dois pares de olhos se voltam para mim.

Azuis como adagas do inferno.

Escuros como mãos que vão rodear minha garganta.

Meu corpo todo treme e dou um passo para trás. Esqueça tudo isso. Quero ir embora. Para casa. Chorando. Pois, não há maneira de conseguir ir até onde Viktor Cox e Killian Sawyer estão sentados, suas expressões congeladas em pura educação, enquanto me observam com energia assassina em seus olhos.

Não, não, não.

O que diabos isso significa? Mais ameaças? Por que eles estão aqui? Tenho que ir até eles?

Mas, o quê...

Eu não... não vou...

- Senhorita. - O senhor Alberts volta a chamar e pulo de volta a mim mesma quando olho para ele. - A senhorita percebe que isso é uma aula, certo?

Assinto incapaz de falar.

- E, que há um lugar bem ali?

Aceno novamente.

- Tem interesse em continuar aqui, senhorita?

Eu tenho?

Preciso dessa matéria para pegar mais outras. Meus pais sabem disso. Sei disso. E do risco também.

- Sim, senhor. - Sussurro alto o suficiente para que ele ouça. Risadinhas. Mais acenos.

- Ótimo. Então sente. Agora.

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