B.M Consanguineo

Capítulo 69

-Tem certeza que é aqui? -questionou Lizzie.

-Esse é o endereço que o Spencer conseguiu. -repetiu. -Por que está tão desconfiada?

-É tudo tão...calmo...-franziu a testa.

      Ambas estavam diante de uma acadêmia de artes marciais, daquelas movimentadas e com alunos extremamente sincronizados. Era difícil acreditar que a resistência estava treinando seus agentes no centro da cidade, bem diante dos olhos do governo sem eles nem ao menos perceber.
    Até onde o cientista tinha comentado, apenas membros da resistência conseguiam fazer a matrícula, e nenhum aparelho eletrônico era permitido no salão de tatames. O que só poderia significar que ambas estavam seguras ali dentro, pelo menos até alguém da resistência perceber a invasão e decidir intervir.

-Aquele corredor a esquerda deve levar em algum lugar.

-Ele está claramente vigiado, e o objetivo aqui não é entrar lá a força. -repreendeu Lizzie.

-Algum plano? - revirou os olhos.

-Vamos chamar a atenção. -deu de ombros, apontando um dos tatames vazios.

-Só isso? -ergueu uma sobrancelha. -Esse é o primeiro plano seu que eu gostei. Mas pensei que o objetivo aqui era não provocar ninguém.

-O tatame está vazio, e nós precisamos chamar a atenção de alguma forma.

-É...depois do último encontro, pedir pra falar com eles não vai dar certo. -deu de ombros, tirando os sapatos e subindo no carpete emborrachado. -Então vamos tentar outra abordagem...você vêm?

-E perder a oportunidade de chuta a sua bunda novamente? -debochou, retirando os calçados. -Vai me contar o que houve?

-Muita coisa tem acontecido desde que chegamos aqui. - preparou os punhos.

-Não seja sonsa.

      As duas iniciaram uma batalha de golpes sincronizados com os braços, como se estivessem se aquecendo ou entrando em algum tipo de jogo.

-O que aconteceu lá? Você obviamente levou uma boa surra e fugiu, porque se tivesse apagado o general, provavelmente estaria nos túneis e não numa casa abandonada com dois estranhos. O me leva a pergunta chave: porque não derrubou ele?

       Nat bloqueou um ataque contra o seu rosto antes de responder.

-Eu não sei.

-Essa não é a cara de alguém que tem amnésia.

-É verdade, eu não sei. -franziu a testa, vendo a bisavó desviar do socos. -Eu...- fechou a boca, incomodada com a centelha que se acendia no fundo do seu coração . -Acho que ele me venceu.

       Pela primeira vez estava sentindo o gosto amargo de ter o seu ego pisoteado, ao ponto de realmente perceber que estava começando a sentir as coisas novamente.

-Uh...-Becker enrugou o nariz. -Admitir isso deve ter doído...

-Que bom que está se divertindo. -ironizou.

-Você se distraiu?

-Não.

-Foi surpreendida?

-Não.

-Perdeu de propósito?

     Natasha finalmente aumentou a velocidade com a qual estavam lutando, e impulsionou a outra a seguir o mesmo ritmo.

-Ele era um espelho.

-Ele era o quê? -Lizzie se distraiu por alguns segundo, e recebeu um chute nas costelas.