Capítulo 24

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-Então é aqui? -indaga Nat, encarando o que parecia ser um pequeno vilarejo no meio da floresta.

     O local estava repleto de pessoas caminhando de um lado ao outro, fazendo suas tarefas como se aquilo ja fizesse parte da rotina, e numa calmaria desanormal para aqueles tempos. Havia cabanas de madeira, uma fogueira no centro, crianças correndo e brincando, até cachorros.

-Desapontada? -questiona Becker.

    As duas estavam no alto de uma árvore cheia de folhas, observando que espécie de lugar era aquele antes de decidir se aproximar, porque em contraste ao cenário tranquilo do lugar, ele era cercado por uma cerca de arame e pessoas de guarda ao redor, com facas na cintura.

-Esse foi o destino final da sua filha. -diz Lizzie. -Reconhece algum rosto?

-Não. -suspirou. -Vamos precisar entrar.

-Não sei você, mas não vim aqui pra ficar olhando do lado de fora. -Becker saltou do alto da árvore e caiu no chão como um gato.

-Cresceu na selva é? -Nat franziu a testa, escorregando nos galhos para descer.

-Não tenho culpa se você é lenta.-deu de ombros. - Vamos entrar ou ficar aqui papeando?

-Eles vão nos revistar, acho bom que esconda essa faca na sua perna direito e enterre essa arma aqui. -apontou o chão.-Porque o que eles confiscarem não vão devolver.

-Minha faça está bem escondida, e a arma também.

-Não está não. Eu estou vendo.

-Você tem uma faca entre os seus seios, e nem por isso estou anunciando por aí. Mas admito, é um bom lugar pra esconder.

-Depois te ensino, é só usar o sutiã pra...

-Vamos deixar o tutorial pra mais tarde.-interrompe.

-Ok...mas em troca quero aprender um desses seus truques com os dedos.

-Nem pensar. -as duas começaram a caminhar pela floresta, rumo ao vilarejo.

-Por que não?

-Porque você aparentemente puxou ao Richard: são inconsequentes.

-Ah, me poupe "poço de sabedoria", você tem vinte anos!

-E?

-E parece ter 40. Eu deveria ser a chata nessa relação.

-Isso só prova o meu ponto.

-Qual? Você é tensa demais, sabia? Nós não somos inconsequentes, só não passamos a vida vivendo como se tudo fosse uma guerra. Aproveitamos a vida também, ok? Você parece um general desse jeito.

        Ao terminar de falar, Natasha notou as expressões da outra endureceram ainda mais, como se alguma coisa no que disse tivesse um efeito diferente do que esperava, e tocando um ponto sensível dela.
      Elisabeth obviamente não pôde deixar de pensar no próprio pai, pois ouvir que era exatamente como ele não foi nada agradável. Afinal, ser criada por um general do exército francês tinha conseguido deixar sequelas na sua personalidade, por mais que tentasse negar isso.

-Alto aí! -as duas param no meio do caminho quando ouviram esse grito.

    O efeito foi instantâneo, a calmaria que tomava conta daquele vilarejo imediatamente se estinguiu e as pessoas deixam o que estavam fazendo para correr e se abrigar dentro das cabanas, tirando as crianças do lugar e procurando por proteção dentro das construções. Tudo parecia uma espécie de protocolo, porque cada um sabia o que fazer, mas pela cara de susto deles, estranhos não eram muito comuns por ali.
    Um grupo de homens abriu os portões e se aproximaram, enquanto dois ficavam de tocaia para qualquer movimento brusco delas, os outros começaram a revista quase que imediatamente o corpo das duas mulheres. Natasha e Elisabeth, foram arrastadas pra dentro do lugar sem que muitas perguntas fossem feitas, indicando que iriam passar por algum interrogatório. Mas ambas acham estupidez demais não terem feito pelo menos as perguntas básicas, era como se esse fosse mais um dos seus protocolos.
    Avançaram pelas ruas de barro vazias, rumo á uma cabana que era claramente mais grande do que as demais, e onde dois sujeitos parados à porta abriram sem muitas delongas. As duas foram literalmente empurradas pra dentro do lugar e caíram no chão com força, emitindo um som oco do baque dos corpos com a madeira.

B.M ConsanguineoOnde histórias criam vida. Descubra agora