B.M Consanguineo

Capítulo 42

-Acha que nesse novo mundo as pessoas ainda odeiam acordar cedo? -indaga Nat.

     Ravi enrugou a testa, confusa.

-Isso deveria diminuir as chances de ter alguém perambulando pela rua?-adivinhou. -Acredite, será quase impossível que a nosso grupo consiga transportar esse caminhão até o parque industrial sem chamar atenção!

    O plano era simples, o grupo deveria levar o caminhão até o parque industrial que Nat e Becker tinha encontrado dias atrás e usar os túneis para transportar a comida e os medicamentos. Fazer isso levaria um bom tempo, pois o caminho do parque até a base era grande, mas o principal problema estava em não ser interceptados, seja pelo governo ou as pessoas que viviam lá fora. Pra isso, uma equipe pequena saiu da base assim que o  sol raiou e estavam a caminho do maior museu abandonado que conheciam, já que Alfie não tinha especificado o nome dele.
    Mesmo assim, como esse museu ficava numa das principais avenidas da cidade, não foi difícil Lizzie concluir que a localização poderia ser aquela. Agora bastava eles chegarem até lá e esperar pelo caminhão, que chegaria em aproximadamente duas horas segundo os cálculos da francesa.

-Vocês realmente não pensam positivamente em nada? -Nat ergueu uma sobrancelha.

-É a verdade, as coisas nunca são tranquilas por aqui. -falou Boff.

     Já fazia um tempo que Natasha não via o agente, e pôde notar traços de cansaço debaixo dos seus olhos.

-É, vocês acordaram pessimistas mesmo.-suspirou.

    Não era a opinião geral, já que a Agente Velez não tinha aberto a boca para apoiar ou discordar dos dois, mas a testa enrugada da mulher deixou bem claro o seu posicionamento. Ela estava séria desde o episódio no último treinamento, mesmo que a própria Natasha tivesse insistindo que era uma boa idéia chamar-la, pois ela claramente tinha grandes capacidades.
    Por outro lado, um pouco mais a frente do grupo, Elisabeth estava com a cabeça a puro vapor analisando as últimas descobertas que Natasha compartilhou na noite passada, e pensando numa forma de combater o governo. No entanto, novamente seu parceiro insistia em atrapalhar a sua linha de raciocínio com a preocupação do que poderia ter acontecido com ele. Seu coração e a mente estavam em conflito, porque cada um estava indo numa direção diferente. Ela odiava isso.

-Você está assim desde que saimos da base. -Natasha interrompeu totalmente a batalha de sentimentos, adiantando os passos até ela. -Esta pensando sobre o que conversamos ontem anoite, ou sobre o Rick?

-Só revisando às últimas descobertas.-suspirou.

-Ele está bem. -sussurrou Nat, certa de que não era o único problema.-Eu estou viva, e bem aqui, ok? Isso significa que ele não morreu!

-Você nem sabe como funciona essa história de linha do tempo.

-Eu assisti muitos filmes sobre isso.-deu de ombros.

     Becker revirou os olhos.

-Ta, não é uma fonte tão confiável assim.-concordou. -Mas é a que tem mais sentido, ok?

-Dificil ter certeza. E mesmo que fosse verdade, você estar viva não é nenhum confirmação.-bufou. -Richard tem um irmão gêmeo.

-E isso deveria ser relevante? -Nat franziu a testa, estranhando a mudança de assunto.

      Depois de uma curta troca de olhares, a outra pareceu captar o que a francesa estava querendo dizer:

-Quer dizer que você não tem certeza se Richard seria o Morgan certo?

-É possível que seja o outro. Por mais que ele esteja comprometido com outra pessoa no meu tempo.-bufou. -A questão é que nós só sabemos que me envolvi com um Morgan, mas os dois tem o mesmo apelido.