Capítulo 1

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  Natasha encarou os olhos do homem a sua frente, e pode ver que atrás dele surgiram alguns guardas armados, mas que não fizeram questão alguma de tentar ataca-la, como se soubessem que tudo estava sob controle.

-Natasha...-o velho se aproximou com cadeira de rodas.

   A cabeça dela ainda estava muito confusa, e reconhecer a figura que estava na sua frente só piorou mais a situação, porque aquele homem era dem dúvidas o seu pai. Mas claramente não era a mesma pessoa que estava curtindo as férias com ela à poucas horas atrás.

-As férias...-recordou o que tinha acontecido.

-Se acalme...-fala Luiz. -Sei que parece estranho...a sua cabeça deve estar cheia...mas vamos conversar...ta? -ele olhou para os agentes atrás de si. -Nos deixe à sós...

    Eles permaneceram no mesmo lugar, indecisos entre sair ou desobedecer e ficar.

-Ela é minha filha, e não vai fazer nada. Vocês precisam cuidar de outros assuntos.

-Sim senhor.-uma mulher respondeu, e forçou os outros a reagirem à ordem.

-Não estou entendendo nada. -Nat foi sincera, encarando Luiz. -O que aconteceu com você? Comigo? Argh...-tocou a cabeça. -Minha cabeça está doendo...

-Você está forçando sua memória. Vai se lembrar aos poucos.

-Você está velho.

     Ele riu.

-É, estou.

-Muito velho.

-Eu entendi, Natasha. -ele sorriu. -Agora, quer vir comigo? Vou explicar tudo...

-Eu fiquei em coma?

-Não. -riu.

-Pare de rir! E comece a falar!- resmunga.

-Me siga. -murmura.

-Essa sua calma está me irritando.

-Quanto mais cedo me seguir, mais cedo terá respostas. -ele colocou a cadeira em movimento, certo de que a filha o seguiria.

     Natasha se obrigou a começar a andar, movida pela curiosidade de entender tudo aquilo, porque ela ainda duvidava que toda aquela situação fosse mesmo real. E dar um passeio com Luiz poderia ajudar a esclarecer se ela estava em algum tipo de sonho, ou se tudo era mesmo real. Talvez fosse um delírio...um delírio muito louco.
   
-Estamos numa base subterrânea? -indaga, percebendo a falta de janelas.

-Sim.  -foi curto em sua resposta.

-Olha...estou mesmo perdendo a paciência...se não me disser o que aconteceu comigo...eu...-bufou. -A última vez que te vi você estava...diferente! Teve as férias e...-pausou. -Eu lembro de estar morrendo...Alfie! Onde ele está?!

-Ainda não foi encontrado.

-Como assim ainda não foi encontrado?!

       Luiz parou a cadeira e aproximou o rosto da parede, no que parecia um dispositivo de reconhecimento biométrico. A porta se abriu, e ele voltou avançar.
      Natasha estava sentindo uma irritação crescer dentro de si, a falta de resposta, a ausência de Alfie, e toda essa situação maluca estava acabando com a sua paciência. Eles entraram numa sala branca, cheia de dispositivos eletrônicos que ela nem mesmo sabia para o que serviam, mas foi a parede de vidro no final do cômodo que chamou a sua atenção, porque ela dava vista à um salão de treinamento, onde poucos agentes praticavam lá embaixo. No entanto, o espelho não parecia ser estratégico, porque os agentes que estavam lá viraram os seus rostos para o vidro assim que viram Luiz e ela se aproximar.

B.M ConsanguineoWhere stories live. Discover now