Capítulo 63

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-Você está linda. -elogiou Agus, assim que   ela desceu do veículo.

-Obrigada, você também não está nada mal general. -Retribuiu. -É aqui?

      A localização que recebeu dele deu exatamente nos fundos de um estabelecimento que ela nem ao menos sabia o que era, por isso sua mente estava criando possibilidades demais

-Vêm comigo.

      O general não respondeu a sua pergunta, e apenas insentivou seus passos com a mão nas suas costas. O interior do local nao estava tão escuro quanto o lado de fora, e soltou um suspiro de alívio quando identificou que não estava sozinhos. Alguns funcionários circulavam por ali, limpando e garantindo que tudo funcionasse perfeitamente.

-Conheço o dono do local, e ele fechou tudo pra gente poder patinar quantas horas quiser. Também tem um restaurante, caso estiver com fome. -apontou.

-Vamos patinar aí?-fez cara de dúvida.

-Aham. -confirmou, pegando dois patins do armário. -Sei que você não lembra como faz, mas vamos decobrir juntos, ok?

      Natasha deixou que o homem colocasse os patins nos seus pés, e franziu levemente a testa conforme analisava a situação. Tinha consciência de que deveria estar se sentindo extremamente emocinada, porque depois que as suas memórias voltaram reconheceu imediatamente a figura a sua frente, mas tudo o que conseguia sentir olhando naquele rosto foi nada. Mesmo assim, o seu cérebro sabia a importância daquele reencontro, e o quanto isso a afetaria depois. Era como se ele calculasse o impacto antes dele acontecer.

-Pronta? -Agus estendeu a mão, e a mulher aceitou. -Você parece um pouco perdida hoje...aconteceu alguma coisa?

-Não. Bom, acabo de ser dispensada das minhas aulas na faculdade. -encontrou a primeira desculpa possível.

   A verdade é que desde que voltou ao normal estava tendo problemas em mentir, e sabia disso. Grande parte da sua habilidade de mentir estava relacionada ao seus sentimentos, porque o primeiro passo para enganar alguém era enganar a si mesmo e isso obviamente mechia com as suas emoções. O problema é que agora, precisava lidar com essa nova fraqueza e descobrir uma forma de pelo menos parecer razoável diante do general.

-Por que? -ele guiou a mulher até o início da pista.

-Minha cabeça ainda não está boa o suficiente pra isso.

-Sinto muito por isso. -suspirou. -Mas você sabe que é só questão de tempo, não é? Em breve você estará melhor...

-É o que espero. -soltou um suspiro sofrido. -E então? Como é isso de patinar?

-É bem tranquilo, vêm!

       Os pés dela entraram definitivamente na pista de gelo, e Natasha apertou as mãos dele quando fingiu se desequilibrar. Era óbvio que ela sabia patinar, principalmente porque teve três filhos que adoravam essa atividade no inverno. Mas precisava fazer o assunto girar o máximo possível ao redor da sua falta de prática, pois era muito mais fácil mentir sobre assuntos assim.
 
-Isso não é tranquilo não! -resmungou, segurando nos braços dele.

      Agus soltou uma risada gostosa, se divertindo com a falta de equilíbrio dela. Era estranho perceber que estava patinando com uma criminosa, a mesma que tinha um alto risco de periculosidade, e que agora estava tendo dificuldades de simplesmente se manter em pé.
     
-Está se divertindo, não é? -Nat ergueu uma sobrancelha. -Isso aqui é impossível!

-Não é não. -segurou apenas no braço direito dela. -Olha os meus pés! você só precisa fingir que está marchando...depois disso é só marchar enquanto desliza os pés pra frente! Viu?

B.M ConsanguineoWhere stories live. Discover now