Capítulo 15

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Elisabeth encarou o corpo desmaiado ao seu lado com tédio, bufou e revirou os olhos. Como podia ser que tudo naquele tempo dava errado? Natasha aparentemente estava acostumada em ver as coisas desmoronando, porque dormia como bebê no chão sujo daquele quarto à quase três horas. Isso, somando ao horário que conseguiram sair da base, só indicava que estava quase amanhecendo, já que não havia janelas ali pra enxergar o lado de fora.
Estavam presas numa sala com iluminação precária, uma cama de solteiro e diversas outras mulheres, as quais já tinha cansado de ouvir chorando. Não precisou perguntar o que estava acontecendo ali, porque todo aquele cenário já explicava por si mesmo.
Tinham sido presas, isso naquela altura do campeonato já era mais do que óbvio. Mas depois que Natasha desmaiou sobrou dois corpos, para apenas uma pessoa carregar e isso era matemática impossível de fazer. Resultado? As únicas opções viáveis eram:

•Deixar Natasha e fugir sozinha.
•Deixar a mulher e estranha e fugir com a Natasha, considerando a dificuldade de carrega-la sozinha.
•Ficar, lutar e tentar proteger duas pessoas demaiadas por tempo indefinido.
•Se entregar, fingir fragilidade e depois agir no tempo certo.

Ela obviamente achou mais sensato escolher a última, até porque seria muito mais fácil fugir assim que Natasha acordasse, e vendo a quantidade de mulheres que também estavam ali, soube que fez uma boa escolha.
Saiu do estado profundo de meditação sobre os problemas, e seu coração acelerou algumas batidas quando Natasha acordou abruptamente ao seu lado, numa reação tão violenta que chegou a conclusão que os sonhos dela não estavam sendo tão bons quanto pareciam. A respiração dela estava irregular, e o olhar foi uma denúncia bem clara de que teve um pesadelo.
A mulher passou as mão esquerda no rosto, como se tentasse se livrar do que havia na própria mente, e depois bufou audívelmente, entre frustada e irritada.

-Onde estamos...? -soltou, retirando a mão do rosto, ainda sob efeito de ter acordado tão rápido.

-Presas. -apontou o óbvio. -Dormiu bem?-ironizou.

-Por que não fugiu? -franziu a testa, começando a lembrar do que aconteceu.

Natasha endireitou o tronco para ver melhor o que havia ao redor.

-De nada...? -espetou.

-Awn! Você ficou por mim? -Natasha fez biquinho, debochando da situação.

A francesa até teria respondido se não soubesse que todo aquele deboche dela era justamente para fugir do efeito que os pesadelos provavelmente causaram por dentro.

-Bom saber que o nosso relacionamento evoluiu, não deixar pra morrer é um grande passo. -diz Natasha. -Já armou um plano? Perai, quantas horas eu dormi?

-Não sei exatamente, mas pelos meus cálculos umas três horas...

-Ficou contando os segundos na sua mente?

-Era a forma mais fácil de saber o horário.

-Credo, isso é maluquice. Pensou num plano?

-Aham...mais ou menos...

-Pensou num plano, e contou os segundos ao mesmo tempo. Deveria me assustar com a sua mente? É injusto eu não ter herdado isso.

-Não é um plano totalmente perfeito.-explicou. -Ainda tem lacunas.

-Que são...?

-Como vamos tirar todas essas mulheres daqui? A nossa fuga sozinhas seria fácil, mas carregar todo mundo... não vai ser nada simples. E depois disso? Elas vão pra onde? Porque se a gente chegar com ela na base vamos ter dois problemas: falta de espaço, e eles vão saber que saimos.

-Primeiro, é óbvio que não vamos apenas precisar fugir. Nesse caso vai ser necessário acabar com eles, ou causar um grande desastre...gosto da idéia de fuga silenciosa e recorrer ao desastre depois. -suspirou. -Em segundo lugar, não vamos levar elas até a base...

B.M ConsanguineoWhere stories live. Discover now