Capítulo 39

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Elisabeth corrigiu pela décima vez a postura dos futuros soldados que estava moldando, e inspirou profundamente quando apenas metade conseguiu realmente aprender a sequência de movimentos. Mas diante dos recentes acontecimentos, não conseguia saber se era a incompetência deles ou a distração dela que estava atrapalhando, porque a sua mente estava ligada em Justine desde que deixou aquela saleta.
   Tinha mais uma bisneta, e incrivelmente a notícia caiu sobre os seus ombros como alívio, e não com o mesmo peso que a existência de Natasha e seus filhos representavam. Afinal isso significava que Justine sobreviveu, e obviamente seguiu com a própria vida. Apesar de ter curiosidade, não precisava saber mais nada sobre a história dela e apenas aquele detalhe foi o suficiente para acalmar a preocupação que a acompanhava dia e noite.
  
-Eles estão melhorando. -diz Sara, parada ao seu lado.

-Mas estão longe de conseguir sobreviver lá fora.

-A experiência se adquire em campo. Muitos vão morrer, e eles sabem disso. -falou, séria.

-Acho que essa é a primeira coisa não ingênua que escuto você falar. -cutucou. -Você também lutava, certo?

-É, mas deixei essa vida.

-As suas habilidades são úteis agora. Não é questão de escolha.

-Já estou te ajudando, e isso é útil. -contestou.

-Acha mesmo que eu preferia estar aqui, liderando essas pessoas que mal conheço e lutando uma guerra que não é minha? Na vida, nem sempre somos livres para fazer a escolha que queremos, porque a minha liberdade pode custar a vida deles. E a sua escolha, com certeza vai custar a vida de vários.

-Eu não luto a anos.

-Essas coisas enferrujam, mas você não esquece.

        Sara permaneceu em silêncio, porque claramente não desejava lutar como Elisabeth havia dito, mas sentiu o peso daquelas palavras nos ombros porque sabia que ela estava certa.

-Já que não quer bater em ninguém. Supervisione o treino deles, já passei as sequências! Então é só ficar de olho.

-Eu não...

-Você não tem mais nada pra fazer hoje, e eu tenho que resolver mais problemas. Não queria ajudar? Eu tenho uma reunião agora.

-Não tem nada na agenda...-Sara franziu a testa.

-Eu mesma marquei. -explicou, se afastando da loira antes que ela pudesse questionar.

       Elisabeth traçou um caminho até a sala de reunião, certa de que Natasha provavelmente já deveria ter chegado. Pois um pouco depois da mulher sair com o cachorro, retornou com a noticia de que Alfie estava finalmente disposto a escuta-la, e obviamente ambas concordaram que seria uma boa idéia ter alguém de dentro dos muros para ajudar. Ambas marcaram uma reunião as duas e meia da tarde, e agora era a hora de descobrir se aquela história tinha gerado bons frutos e traçar os próximos passos.

-Pensei que impontualidade fosse um problema apenas meu. -resmunga Natasha, assim que a francesa adentrou pela porta.

-Considerando as vezes que já me deixou esperando, isso não é nada. -Lizzie fechou a porta, e sentou na sua cadeira, esticando os pés sob a mesa para relaxar.-Como foi?

-Ele acreditou, e não parecia mentir. Mas sabendo que você é um ser humano extremamente desconfiado, pedi uma carga de alimentos e remédios como prova de que ele realmente está do nosso lado.

-Isso é muita coisa.

-Ele provavelmente vai conseguir metade disso. -deu de ombros. -Mas já vai ajudar muito.

B.M ConsanguineoWhere stories live. Discover now