Capítulo 22

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  Alfie se xingou pela décima vez pela situação que estava passando ao entrar na cidade. Caminhar debaixo daquele sol forte estava conseguindo lhe proporcionar um bronzeado natural, e uma vermelhidão de quem estaria assado o resto da semana. Tudo porquê simplesmente paralisou quando recebeu ordens de sair daquele carro, ao invés de lembrar que estavam em lados opostos e atacar.
    Aparentemente Natasha tinha mentido quando disse que estavam perto da cidade, ou provavelmente o sol forte o fez perder a noção do tempo. Mas a questão é que precisava encontrar a sua equipe, e não faria isso retornando ao mesmo lugar onde foram atacados naquela ponte. Eles já deveriam ter sumido de lá a muito tempo, por isso assim que adentrou a cidade engatou em direção ao alojamento temporário que estava ocupando.
   Efeito do sol ou não, sua mente não parava de pensar nas palavras de Natasha. O desespero dela, a dor nos olhos e as palavras pareciam ter sido sinceras demais, o que trazia um conflito interno pra dentro dele, que não queria acreditar que estava sendo tão facilmente manipulado de novo. Sabia que a mulher ainda exercia algum tipo de poder dentro dele, e por isso sentia medo. Mas também bem lá no fundo existia uma desconfiança, baseada eventos que o atormentava, como por exemplo a facilidade que teve em reagir e lutar ao lado de Natasha com um movimento que nunca tinha feito antes, ou como toda vez que olhava pra ela ou estava do lado dela um sentimento estranho atingia o seu coração. Natasha, parecia trazer para fora alguém dentro dele que desconhecia, como se derrubasse muros que nem ao menos sabia que tinha. A presença daquela mulher era viciante, boa e de alguma forma totalmente horrível ao seus olhos, as palavras dela conseguiam lhe fazer duvidar do que acreditava. Sim, de novo estava sendo manipulado por aquela mulher.
   Desde que foi usado como um fantoche pra que ela e os rebeldes que estavam fora dos limites do muro conseguissem atacar o governo, e sofrido um acidente no processo, não tinha total lembrança do eventos que aconteceram durante o tempo que ela tentou lhe manipular. Existiam apenas alguns flesh, ou eventos marcantes, o resto tinha sido preenchido pelo que lhe contaram. Tudo isso segundo os médicos, era fruto do seu acidente. Queria poder lembrar, poder odiar Natasha ainda mais e esfregar na cara dela as atrocidades que tinha feito, mas a verdade era que a poucas lembranças que tinha não eram suficientes para fazer acusações. Até porque por mais ruins que fossem, ele só conseguia se lembrar dela o induzindo a ficar contra o governo, assim como tentava fazer agora.
  Chegou ao esconderijo da equipe, e agradeceu mentalmente por, não terem abandonado o local achando que ele morreu.

-Chefe! - exclamou um deles, aliviado.

-Todos estão bem? -indagou.

-Só alguns arranhões. -explicou. -E o senhor?

-Estou bem. -entrou no casa, encontrando o resto dos agentes. -Fico feliz que estejam todos bem, mas acho que chegou o momento de retornar.

-Nós ainda não terminamos o que viemos fazer aqui! - protestou um deles.

-É, o plano era levar pelo menos um dos Morgan's!

-Depois do último ataque, estão mesmo em condições de continuar? -indagou.

-Sim, senhor! -falaram, em unissono.

-Certo, então vamos continuar aqui por mais alguns dias. Fizeram uma varredura na cidade? Encontraram algum movimento? Natasha Morgan estava dirigindo um veículo!

-Nós ouvimos o ronco de um motor, procuramos, mas depois ele simplesmente desapareceu...-explicou um dos soldados.

-Em que área da cidade isso aconteceu?-perguntou, interessado.

-Perto desses prédios. -um deles apontou o mapa exposto na mesa. -Acha que estão por lá?

-Acho que ela não seria estúpida ao ponto de dirigir com um carro barulhento daqueles, até o perímetro de onde estão se escondendo. Mas pode ficar perto dali...-calculou, pensativo. -Casas não são grandes o suficiente para abrigar muitas pessoas... então podem descartar essa área...

B.M ConsanguineoWhere stories live. Discover now