Epílogo

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Capítulo 39

Epílogo

7 meses depois…

Portugal era belo e mesmo pela primeira vez, já conseguia sentir um calor acolhedor e a brisa do Atlântico me envolverem. As ruas de paralelepípedos estavam repletas de cores e aromas que eram novos para mim. A gastronomia portuguesa, com seus sabores ricos e autênticos, me conquistou imediatamente. Os cafés locais serviam pastéis de nata fresquinhos e café forte que aqueciam a alma. Caminhar pelas ruas movimentadas de Lisboa ou explorar as vinhas verdejantes do Douro proporcionava uma experiência sensorial incrível. À medida que eu percorria as cidades e vilas pitorescas, percebia a fusão perfeita entre o passado e o presente, com castelos medievais e monumentos históricos convivendo harmoniosamente com a modernidade. A paisagem natural era de tirar o fôlego, com praias de areias douradas que se estendiam até onde a vista alcançava, e colinas cobertas de vinhas que se inclinavam gentilmente em direção ao mar. O povo português era caloroso e acolhedor, e a língua suave e melódica me embalava como uma canção. Em Portugal, eu me senti envolvida por uma mistura única de saudade e alegria, uma terra onde a tradição e a modernidade dançavam em perfeita sintonia. Era como se cada canto do país tivesse uma história para contar, e eu conseguia entender um pouco do carisma e alegria que Ellen continha, de onde tudo aquilo vinha, com uma pitada de verdades e alegrias.

Ao chegar à galeria de arte em que acontecia a famosa inauguração da artista portuguesa El, como agora artisticamente é chamada, fiquei encantada com a escolha do lugar. A galeria estava escondida em um antigo edifício de pedra, com vigas de madeira expostas e janelas altas que permitiam a entrada de uma luz suave e dourada. As paredes eram adornadas com as pinturas vibrantes e emocionais de minha amiga, cada tela uma janela para a sua alma criativa. As obras de arte eram um reflexo das cores e texturas que ela encontrara nas paisagens portuguesas, e eu podia sentir a paixão e a nostalgia que ela havia canalizado em cada pincelada. Era como se, naquele espaço tranquilo e cheio de história, eu pudesse vislumbrar a essência de Portugal através dos olhos de Ellen, além da sua própria história, que não era nada curta até onde ela chegou.

— Eu sabia que manteria esse — Apontei com o queixo para o quadro todo rabiscado de canetas coloridas no qual eu acompanhei todo o processo de criação, sendo um quadro inspirado no Namjoon, da primeira vez que os dois se viram. — Que bagunça — Assobiei.

— É o que ele é — Suspirou com força, batendo as luvas de couro na calça de alfaiataria lilás. — Não quero falar sobre mim ou a minha bagunça — Apontou para o quadro atrás de si. — Quero saber como está a lua de mel — Deu pulinhos enquanto eu revirava os olhos com o exagero notório de minha amiga.

— Não chame assim, só estamos morando juntos, não significa que casamos — Joguei minha franja, recém cortada, para trás. — Alias, os garotos estão morando com a gente, não estamos sozinhos o tempo todo — Fiz bico e Ellen riu escandalosa, criando um eco no corredor em que estávamos.

— E bem que você queria — Apertou meu bico. — Sua safadinha — Bati em sua mão com raiva e ela continuou rindo de mim. — Mas então você vai mesmo ficar de vez na Coreia? Hum?

— Comecei uma faculdade de tecnologia por lá e as oportunidades são infinitas no país, então eu não pretendo sair — Ergui os ombros. — Estou trabalhando com os pais de Jungkook e tenho planos para ter meu próprio apartamento até o fim do ano — Ellen arregalou os olhos segurando meu antebraço, chocada com a notícia. — Morar com os rapazes é legal, mas eu preciso do meu próprio espaço.

— Eu não sei dizer o quanto estou feliz por ouvir o tanto que você já conquistou — Sorriu abertamente para mim, me abraçando de lado enquanto andávamos pelos corredores da sua galeria, contemplando os quadros que eu vi a criação dos mesmos. — E como estão os garotos, aqueles pestes barulhentos? — Ela disse rindo.

— Trabalhando duro, sem parar — Suspirei me lembrando das olheiras que Jungkook escondia com a minha maquiagem. — Recentemente fizeram um teste para uma empresa grande... big.. lab... ain, não me recordo o nome, mas é uma empresa grande de artistas na Coreia do Sul — Bati em sua cintura com o cotovelo, ganhando a sua atenção em mim. — Mas você já sabia disso, né? — Ergui as sobrancelhas sugestivas. — Toda vez que eles dão uma pausa, Namjoon está com a cara enfiada dentro do celular e só poderia ser com você com quem ele esteja falando — Ellen desviou o olhar, olhando para além de nós, fingindo desinteresse.

— Ok... — Suspirou derrotada, abaixando a guarda. — É difícil cortar o contato totalmente com ele, para assim não dar esperanças para ele, mas eu gosto de conversar com ele, gosto do quanto ele é inteligente, do quanto ele entende de arte em todos os sentidos — Mais um suspiro saiu de seus lábios, mas dessa vez um suspiro sofrido. — Mas é apenas isso, não quero ter de deixar isso tudo — Apontou ao seu redor. — Por alguém, para ir atrás de alguém — Ela me olhou com um sorriso singelo no canto dos seus lábios pintados . — Sua história não é a minha, sabe disso — Concordei com um meneio de cabeça. — Nem todos vivem por amor e eu vivo por mim — Deu de ombros. — Sempre foi assim e assim será, não posso largar tudo de mão por ele e nem por ninguém.

— E eu entendo — Acariciei o dorso da sua mão cheia de anéis. — Cada um de nós fez a sua escolha e você fez a certa para você e somente isso que importa — Ela balançou a cabeça concordando. — Fico feliz por você e por sua decisão. Não é porque eu fui até o outro lado do mundo por causa do homem que eu amo para construir uma vida perto dele, que você ou outra garota devem fazer o mesmo — Rimos juntas. — Escolhas são pessoais.

— E essas escolhas levaram a gente para bons lugares — Ela me puxou para um abraço, soltando-me rapidamente e entrelaçando seus braços direito no meu esquerdo, voltando a caminhar pela galeria. — Chega de choro, vamos falar sobre o futuro e o presente, tem muita coisa para acontecer em nossas vidas ainda — Balancei a cabeça concordando. — Tudo como o planejado — Piscou para mim.

— Sim — Sorri amarelado. — Porém com uma pequena divergência que não estava nos meus planos — Ela continuou andando comigo ao seu lado, mas franziu o cenho me olhando de canto.

— Qual?

— Eu acho que eu estou grávida.

FIM

Quase que perfeitos | com JungkookМесто, где живут истории. Откройте их для себя