Capítulo 33: Ele sabe sobre mim?

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Felipe e eu comemos pizza e depois meu estranhíssimo bolo, que por mais estranho que pareça, estava realmente gostoso. Fiquei com ele até tarde da noite, quando os pais dele voltaram animadinhos e se trancaram no quarto, deixando Felipe adoravelmente constrangido. Então ele me levou pra casa, onde nos despedimos com um beijo que me deixou corada e confusa, porque não conseguia entender meus próprios sentimentos.

Depois da minha quarta feira ser tomada pela presença de Felipe, os dias seguintes se passaram estranhamente calmos. Ele apareceu na saída da minha aula quando eu estava sozinha, roubando alguns beijos antes de eu precisar correr pra casa ou ia acabar me atrasando para o trabalho. Na sexta Manu, Melissa, Diogo e eu fomos no bar ver a banda deles tocar.

Tentei não encher a cara e dar em cima de outra árvore no meio da rua, assim como mantive meus olhos distante de qualquer outra pessoa, porque não estava interessada em ficar com ninguém que não fosse Felipe. Ainda mais depois de vê-lo subir no palco e cantar o tempo todo com os olhos em mim. Tive que alguém as piadinha das minhas amigas sobre isso, mesmo quando elas não sabiam o que estava rolando entre nós dois.

Mas então cada um começou a se dispersar no final da noite. Manu e Bernardo desapareceram juntos, murmurando sobre estarem muito cansados, quando todos nós sabíamos que na verdade eles só queriam ficar sozinhos. Eduardo foi embora logo em seguida, levando uma Érika infeliz pra casa, porque ela havia ficado a noite toda fazendo caretas sempre que via Diogo com alguém.

Em alguns momentos eu queria agarrar os ombros de Érika e chacoalha-los, pra lembrá-la de que ainda tinha só 16 anos e que Diogo era uma bandeira vermelha pra ela por isso. Mas eu também não queria me meter, já que ela não havia mencionado mais nada sobro ele pra mim. Tudo bem, no final das contas, todo mundo já desenvolveu uma paixão platônica por alguém absolutamente inviável e na idade errada.

Diego desapareceu com uma garota no meio da noite, deixando apenas eu, Melissa e Felipe para trás. Esperei pelo momento que eu sabia que Melissa iria pegar suas coisas e ir embora, querendo deixar eu e Felipe sozinhos de propósito. Ela só não podia imaginar que era realmente isso que nós dois queríamos.

Assim que ficamos sozinhos, Felipe puxou a cadeira para perto de onde eu estava sentada, passando o braço pelo encosto da minha cadeira, o que me arrancou um sorriso ao observar o quão intenso estava seu olhar sobre mim, como se ele tivesse esperado a noite toda para fazer aquilo.

—Nossos amigos tem absoluta certeza de que você não me suporta. —Felipe inclinou o rosto para perto do meu, enquanto eu dava um gole na minha cerveja, olhando para qualquer lugar menos pra ele. Mas foi difícil não estremecer quando seu nariz roçou na minha bochecha.

—Bem, eles tem razão, sabia? Eu realmente não te suporto. —Afirmei, arrancando uma gargalhada tão alta de Felipe, que chamou a atenção de algumas pessoas que estavam ao nosso redor. —Pode rir o quanto quiser, Luiz Felipe, mas é a mais pura verdade.

—Eu sei disso, Jujuba. —Felipe finalmente beijou minha bochecha, me fazendo fechar os olhos e apreciar o calor dos seus lábios na minha pele, antes que ele se afastasse. —Mas eu também sei que você está muito interessada em mim nesse momento, depois dos encontros perfeitos que eu te proporcionei.

—Não sabia que você sonhava acordava com tanta facilidade. —Zombei, finalmente virando o rosto para olhar para Felipe, que estava me encarando com uma expressão de pura adoração no rosto, que me pegou de surpresa a ponto de me deixar sem fôlego. Minha boca ficou seca quando ele inclinou mais o rosto na minha direção, até seus lábios tocarem os meus de leve. —Tem várias pessoas ao nosso redor.

—Que se dane todas elas! —Felipe sussurrou, deslizando a mão até minha nuca, antes de puxar meu rosto com força e me beijar bem ali, no meio daquele bar lotado. Esqueci desse fato quando sua língua mergulhou na minha boca e ele aprofundou o beijo, fazendo o calor se espalhar pelo meu corpo, enquanto meu coração parecia prestes a explodir dentro do meu peito.

—Hmm... —Tentei me afastar de Felipe, mas ele me beijou e me segurou com mais força, como se ainda não estivesse pronto para se separar de mim. Quando finalmente se afastou, me deixando respirar, eu sentia meu coração na garganta e meu corpo inteiro arrepiado. —Tenho uma novidade tri legal pra te contar.

—Devo me preocupar com alguma tentativa de assassinato ao meu jovem corpo? —Indagou, me arrancando uma risada, antes de eu dar uma cotovelada de brincadeira nas costelas de Felipe. —To brincando, Jujuba. Qual é a novidade?

—Meu irmão vai pegar férias na próxima semana e vem pra cá, ficar alguns dias comigo. —Revelei, percebendo que Felipe ficou surpreso, como se esperasse qualquer outra coisa, menos aquilo. —Do jeito que as coisas estão entre a Manu e o Bernardo, é bem provável que a gente vá fazer algo todos juntos nessas férias. Isso significa que você provavelmente vai conhecer o Léo em algum momento,

—Ele sabe sobre mim? —Felipe indagou, me fazendo comprimir os lábios, porque dessa vez era eu quem não estava espetando ouvir aquela frase dele. —Tudo bem, pela sua cara ele não sabe de nada.

—Estamos saindo a alguns dias, Felipe. —Afirmei, pegando a mão dele que estava sobre a mesa e a apertando de leve, abrindo um sorriso pequeno. Mas Felipe desviou os olhos de mim para as pessoas dançando na pista, mais bêbadas do que qualquer outra coisa.

—Eu sei. Só fiquei surpreso por você falar sobre eu o conhecer. —Felipe deu de ombros, e eu vi uma pitada de hesitação na expressão dele.

Percebi que Felipe poderia ser bem insistente, mas ele também era inseguro. Isso ficou claro na sua pergunta aquela noite na sua casa, quando quis saber se eu estava brincando com ele ou não. Mas eu não estava. Eu nunca ia brincar com os sentimentos de alguém. Mas isso não significava que eu também não era uma medrosa em relação a muitas coisas. Principalmente sobre meus próprios sentimentos.

—Ei, isso vai ser bom. —Falei, tocando a bochecha de Felipe para que ele voltasse a olhar pra mim, lançando um sorriso carinhoso pra ele. —Tenho certeza que meu irmão vai gostar muito de você e que vocês vão se dar muito bem.

—E isso vai ser bom? —Ele ergueu as sobrancelhas, me fazendo morder o interior da bochecha.

—Sim, isso vai ser muito, muito bom.



Continua...

Todas as verdades não ditas / Vol. 2Where stories live. Discover now