Uli ; kth+jjk

✰*ೃ quarenta e três ✰*ೃ

Taehyung estava parado na porta, pensando no que devia fazer.

Os avós de Wootak, o senhor e a senhora Jang, estavam do outro lado, esperando que ele abrisse.

Na verdade, ele tinha que abrir. Os três haviam combinado daquela forma depois que os avós apareceram na escola e tentaram levar Wootak para passear sem a permissão do pai. A escola o alertou, então Taehyung apareceu e fez um acordo com eles — poderiam conhecer o neto em sua casa, primeiro, e se seu filho aceitasse, poderiam levá-lo para almoçar e passear até o fim da tarde.

Ao abrir a porta, foi cumprimentado normalmente pelos ex-sogros, que pareciam fingir ou realmente haviam se esquecido do dia em que mandaram embora com Wootak.

O casal entrou em silêncio no pequeno apartamento.

Wootak estava paradinho na sala, em pé. Sua roupinha estava impecavelmente arrumada, assim como seu cabelo. Wootak havia se arrumado sozinho do jeito que sempre fazia, mas Taehyung estava reparando mais no filho naquele dia, já que estava com medo do que ia acontecer.

— Olá, Wootak — o avô sorriu.

O menininho fez uma reverência para cumprimentar os avós.

— Oh, como você é bonitinho, querido... — a avó sorriu. — Tão educado...

— Soube que você tem uma coleção de dinossauros — disse o avô.

Wootak olhou para Taehyung, que concordou, dizendo-lhe silenciosamente que havia contado aos avós sobre o que ele gostava. O casal havia perguntado quando combinaram sobre o dia, querendo trazer um presente para o neto.

— Sim... — Wootak respondeu timidamente.

— Eu trouxe um para você — o avô lhe entregou uma sacola. — Espero que não tenha este em sua coleção.

Wootak olhou para Taehyung e abriu o presente quando o pai assentiu, dizendo que estava tudo bem.

— Uau! — o menino sorriu, animado. — Eu ainda não tinha um espinossauro. Obrigado.

— Ele é tão bonzinho, não é? — a avó sorriu, falando com o marido.

— Não tem nada de parecido com a Yeeun no rosto, mas tem o mesmo jeitinho dela... — disse o avô.

— Querido, você gostaria de almoçar conosco hoje? — perguntou a avó. — Nós dois queremos te conhecer.

— Almoçar...?

— Vamos almoçar e dar um passeio. Depois traremos você de volta para a casa do seu pai — explicou o avô.

Wootak ficou apreensivo.

— Vão mesmo me trazer de volta para meu pai, não é?

— Mas é claro, querido! — os avós riram. — Não vamos levar você embora de jeito nenhum!

Wootak olhou outra vez para o pai. Não queria sair sem ele, principalmente porque não conhecia aquelas pessoas, mas se o pai tinha lhe dito que tudo ficaria bem sem ele, então acreditaria. Wootak queria conhecer os avós, e foi por isso que assentiu devagar, quieto.

Os avós sorriram e se despediram de Taehyung, levando o garotinho para fora do apartamento.

— Tchau, papai.

— Tchau, filho. Vou ficar aqui te esperando, está bem?

— Sim — Wootak sacudiu a cabeça e seguiu os avós.

Taehyung fechou a porta quando os viu sumirem nas escadas.

E com o coração doendo, começou a chorar.

{...}

Jeongguk e Yoongi estavam deitados no chão do apartamento do nadador, tentando se livrar do calor do dia depois do almoço. Yoongi mexia a perna devagar enquanto o outro quase caía no sono.

Quando estava fechando os olhos, Jeongguk viu a si mesmo em frente ao apartamento de Taehyung, cinco anos atrás, tentando ajudá-lo a colocar o carrinho do bebê para dentro.

Seu corpo inteiro teve um espasmo, como se estivesse caindo, e ele abriu os olhos assustado.

— Nossa, o que foi isso? — perguntou Yoongi, rindo.

— Estava quase dormindo... — respondeu Jeongguk, ao mesmo tempo em que o namorado tocou em seu nariz.

— Você é fofinho, Jeongguk-ah...

Ele sorriu e se sentou, totalmente desperto.

— Não vai mais cochilar? — quis saber o mais velho.

— Não. Agora acordei.

— E o que vai querer fazer agora, então?

— Não sei...

Yoongi o agarrou de repente e o beijou, segurando-o pela nuca.

— Mas eu sei — sorriu ao se afastar.

Jeongguk sorriu de volta, em seguida recebendo outro beijo.

Ele se sentiu estranho por ter sido atingido por uma lembrança tão antiga de Taehyung e Wootak, e fazer qualquer coisa com Yoongi naquele momento seria ainda mais estranho.

Quando Yoongi escorregou a mão por baixo de sua camiseta, Jeongguk se ergueu em reflexo, levantando-se.

— O que foi? — perguntou o namorado.

— Dor de barriga — explicou Jeongguk, e saiu correndo para o banheiro, onde se trancou e ficou se encarando no espelho.

Anos atrás, quando teve certeza de que nunca seria correspondido por Taehyung e resolveu seguir em frente e se apaixonar outra vez, não foi difícil esquecê-lo. Então porque estava sentindo aquele tipo de coisa agora? Tudo que tinha visto fora Taehyung o olhando de forma diferente, mas aquilo não significava nada — pessoas olhavam para outras de um jeito estranho toda hora, e não necessariamente significava que estavam apaixonadas.

Mas e se...

E se Taehyung estivesse mesmo apaixonado por Jeongguk?

Não. Absolutamente não. Não tinha como. Além disso, não importava mais. Jeongguk tinha seguido em frente. Não tinha pensado em Taehyung por todos aqueles anos nem uma única vez sequer.

Então por que estava pensando nele agora?

Por que só um olhar tinha sido suficiente para bagunçar tudo?