CAPÍTULO XXIII

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AVISO DE GATILHO: ESSE CAPÍTULO CONTÉM REFERÊNCIA À ESTUPRO, SUICÍDIO E VIOLÊNCIA CONTRA MULHER. SE CASO FOR TÓPICO SENSÍVEL, POR FAVOR, PULE O CAPÍTULO E VALORIZE SUA SAÚDE MENTAL.  SE VOCÊ É VÍTIMA DE VIOLÊNCIA DE QUALQUER TIPO, LIGUE 180 E DENUNCIE. EM CASO DE SUICÍDIO LIGUE 188 E PEÇA AJUDA!

"Queria dizer que te amo, parece que papai encontrou um noivo para mim. Não desejo me casar com ele, por favor, volte logo meu capitão, pois, prefiro a morte a me casar com outro alguém que não seja você."

(Carta da princesa Jeong para o Capitão).

Jungkook andava tranquilamente pelas ruas de Seoul, o verão sul coreano estava findando e ele vislumbrava como as folhas assumiam tons alaranjados, sinal do outono que se aproximava. Aquela conversa com Jin pareceu acalentá-lo um pouco mais. Pensou, por um longo período de tempo o que deveria fazer, deveria pedir que ela se casasse com ele? Seria uma boa ideia, mas ela com toda certeza diria um "não".

Passou em um starbucks e comprou para ela café expresso, imaginava que ela ficaria feliz quando acordasse. Queria que aos poucos, pequenos gestos como aquele pudesse mostrar a ela que suas palavras não eram jogadas ao vento, mas que tinha um fundo de verdade. Na verdade, o Jeon ainda pensava sobre contar a ela o que ele fazia para sobreviver, apesar da Brönte ser uma empresa de próteses, mas o que ganhavam por baixo daquela empresa, ultrapassava até mesmo as barreiras da fiscalização. Havia corrupção, grandes políticos envolvidos em todo aquele esquema financeiro.

O celular do Jeon apitou enquanto ele escolhia o café para Eun-Ha, e como parte da descomunal conexão que havia entre os dois, era uma mensagem dela, ele leu atentamente, ela tinha trabalho. Jungkook sentiu seu peito pesar, ela estava cansada, ela precisava descansar e não pegar um trabalho ainda naquele dia. Mas, sabia que dizer qualquer coisa a ela, seria o mesmo que falar com uma pedra, não entenderia. Discou então o número dela.

— Oi. — A voz feminina soou do lado oposto da linha.

— Onde você está? Vai trabalhar de casa?

— Estou saindo agora, Jeon. Por que?

— Para onde vai?

— Isso é sigiloso... combinamos em não nos meter no trabalho um do outro.

— Gostaria de levar um café para você.

— Não dará tempo.

— Posso ao menos buscá-la?

— Pode.

— Não está indo no seu carro?

— Não, o Jaebeom veio me buscar. Preciso realmente desligar, quando estiver saindo, te mando a localização.

Antes mesmo que o advogado pudesse dizer algo, o lado oposto ficou mudo. Jungkook temeu naquele momento que ela estivesse sido denominada para cuidar da situação de Lee Yeon, isso não seria viável de forma alguma. Enquanto isso, a promotora seguia em direção ao hospital universitário de Seoul, um dos hospitais associados à Universidade de Seoul, e enquanto se dirigia para o local, a mulher aproveitava para ler a denuncia.

— O abusador está preso? — Fora uma pergunta direta, mas ainda não havia visto nada sobre ele.

— Não. Pelo que entendi, pró-Jeong, esse estupro é antigo. Ele é um estudante de medicina, vem de uma rica família.

Eun-Ha permaneceu em silêncio enquanto lia o relatório que havia chegado da delegacia de Seoul, e a cada palavra que seus olhos captavam, mais seu corpo parecia nauseado. Agressão. Vítima com histórico médico hospitalar de 02 tentativas de suicídio na última semana. Vítima jovem. Protesto familiar da vítima contra agressor. Comentários maldosos em redes sociais. Difamação. Repercussão de Vídeo. Agressor livre sob custódia.

SOULMATEWhere stories live. Discover now