CAPÍTULO IV

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"Eu estou a vendo, ela e sua amiga sempre ficam à beira do riacho, como dois espíritos livres na natureza. Eu me sinto como seu observador anônimo, a mercê de seus anseios. Você sabe que eu poderia morrer por você, mas o mundo parece não ser cooperativo à nós dois. Então, você me olhou pela primeira vez, e eu finalmente entendi."


Há algo mais excitante do que um jogo? Para alguns, eles são arriscados demais, para outros, apenas um meio de se divertir. Jungkook e Eun-Ha pareciam se encarar, como inimigos de longa data. Era estranho o advogado estar ali, e logo depois, quando Yuna se aproximou, o clima pareceu ainda mais pesado. A secretária lançou um olhar, ainda que discreto ao Jeon sob a vista de He-Soo, que logo colocou as mãos nos lábios em choque. Era como se ela não pudesse acreditar e, segundos depois, estava inclinada à Jeong, com a mão em concha diante da boca e sussurrando palavras inaudíveis a todos eles, exceto a sua confidente.

O líquido quente escorreu pela garganta, queimando o organismo lentamente. Foi assim que os olhares de Eun e Jungkook se encontraram e a visão da garota pareceu turva, como se ela estivesse chorando. Instintivamente suas mãos foram levadas ao rosto, notando que estava seco, ausente do seu temor.

— Vou buscar mais Soju.

A mulher disse, os cabelos bem presos não pareciam se desgranhar enquanto ela movia seus finos quadris por entre as pessoas que estavam sentadas, era nítido os burburinhos por onde ela passava, como se os homens a devorassem com os olhos. O advogado cerrou o punho ao longo do corpo, furioso em como ela parecia tão inerte a todos. Ela realmente precisava ser daquela forma? Deus só poderia estar zoando com a humanidade quando, por meio de um acaso divino, a criou. Ela era inatingível, aparentemente.

— Pro-Jeong. — Taehyung se aproximou do bar, enquanto a garota esperava ansiosamente pelas garrafas que havia selecionado. — A noite está agradável, não acha?

Um suspiro em bom tom fora ouvido pela garota que voltou os olhos intensos a ele e sorriu.

— Ah, claro. Agradabilíssima. — Pegou as bebidas e caminhou devagar em direção à mesa em que todos estavam. — Você realmente precisa de algo para me seguir até aqui? Ou apenas por inconveniência, tenho quase certeza que seja a segunda opção.

— Trabalhamos no mesmo lugar, não seria legal ter mais intimidade?

— Não. Algo a mais? Se não, por favor, saía do meu pé. — A garota parecia impaciente, o peito ainda palpitava e seus olhos focaram na mão de Jungkook subindo levemente pela perna de Yuna que parecia estar se perdendo em um chamuscado de prazer, ela mantinha a bolsa frente ao corpo.

— Gostaria de saber se sua amiga, a repórter tem namorado. — Taehyung pigarreou. — Sabe, achei que era mais fácil ter uma informação em primeiro momento.

— Não. Mas, apesar da sua beleza, acredito que covardia não é muito bem apreciada. Com licença.

A promotora se afastou, colocando as garrafas sob a mesa, novamente ambas pareciam como companheiras de longa data, brindando com seus pequenos copos embebidos em líquido transparente e os virando. Eun-Ha e He-Soo eram ligadas por algo que ultrapassavam as barreiras da normalidade, era uma cumplicidade quase palpável.

Há muito tempo, quando He-Soo encontrará seu amor, um homem de uma poderosa família, a garota poderia dizer que ela havia ido ao paraíso, revertido tempos depois. Inúmeras vezes, ela aprendera de forma dolorosa como poderia ser tudo. E então, um dia ela engravidou. As palavras que Jisung lhe dizia era suficiente para ela o amar, mas no fim, seu amor era uma grande mentira. He-Soo o viu a traindo, de diversas formas diferente. E desde que seu bebê morrera, ela nada mais poderia fazer. Na época, Eun-Ha fora sua maior fortaleza, mas ela nunca mais se abriu a amar alguém, ela era como uma epígrafe inacabada. A Jeong inclinou o corpo um pouco e colocou a mão em forma de concha em frente a boca.

— O garoto de sorriso quadrangular perguntou se você tem namorado.

Fez-se um silêncio, Yuna percebeu a troca de assunto entre as duas e até mesmo que, desde que chegara, ela fora deixada de lado, era como se os toques que Jungkook deixassem nela, afastasse a todos, nem mesmo os sorrisos dados foram retribuídos. E então ela notou os olhares de Jungkook à promotora que agora ria com sua amiga. Era como se tudo acontecesse em câmera lenta, os olhares, o instinto atraindo um para o outro.

He-Soo saiu, despistadamente com a desculpa que ia ao banheiro, fora tempo suficiente para que a Jeong inclinasse a cabeça para que Taehyung a acompanhasse. Era difícil fazer a repórter se entregar a algo que não fosse a cara enfiada em tantos artigos. O silêncio não reinava mais, era como se todos agora partilhassem algo, e Jungkook se desinteressou por sua secretária, parecia que o assunto ao lado era mais interessante. Yuna parecia sobrar e deu uma desculpa para ir embora.

— As vezes, acho que bebida deixa as pessoas mais soltas. — As palavras de Jungkook eram próximas o suficiente para que seu hálito beijasse o pescoço da Jeong. A mulher parecia se reprimir, e o Jeon conseguiu finalmente ter uma noção de que ele a afetava.

— Deveria manter distância. — A mulher falou de uma única vez, e seguiu seu instinto, o ar parecia pesado e por fim, ergueu-se. — Adeus, advogado.

— Não vai esperar sua amiga?

— Ela está muito ocupada. Nos vemos segunda, equipe.

A mulher seguiu seus passos e Jungkook permaneceu ali, seus olhos caçavam sua próxima presa, enquanto Taehyung permanecia distante. Os beijos entre He-Soo e o Kim eram intensos, era o mesclado de provocação e uma pitada de sexualidade, o celular da garota pareceu ter vida própria, quando sem ar se afastaram, embora a mulher tivesse o celular em mãos, seu pescoço era exposto a ele que distribuía beijos por toda a extensão até o colo.

— Onde está, Noona?

— Indo para casa... Não estou muito bem, pode pegar um táxi para ir depois?

— Sim... — Era possível ouvir os gemidos estrangulados da garota. — Se cuida.

— Ahn... você também.

O celular fora desligado e Taehyung voltou a se deliciar na delicada linha que se desenhava quando He-Soo inclinava-se para ceder mais espaço a ele. Os beijos eram cada vez mais urgentes e os dedos do Kim dedilhava seu caminho suavemente pelas coxas da repórter. Havia, naquele momento uma conexão surreal entre ambos, como se ela fosse a última reportagem escandalosa que surgiu na Coréia e ele o seu leitor ávido. Não havia nada que ele deixasse de tocar, de apalpar e de sorver, como se ela fosse o conhecimento que ele estava a adquirir. Aos poucos, o Kim se afastou.

— Não devo fazer isso com você aqui, em um banheiro de um karaokê... — A voz sussurrada do homem atiçou todas as terminações nervosas dela, que respondeu aumentando sua frequência cardíaca e causando arrepios. — Você merece mais do que isso.

— E você também. Vou... sair. — He-Soo respondeu, deixando um beijo tenro aos lábios do garoto que retribuiu, voltando a se perder por entre os braços e beijos dela.

— Me passe seu chat...

Em instantes o QRCode fora aberto e, por fim, o contato havia sido trocado entre ambos.

— Eu sairei primeiro... — Ela disse com calma e ele sorriu, He-Soo era o pequeno paraíso que ele havia conhecido naquele momento. O beijo fora selado e ela saiu.

Não demorou para que ela simplesmente despedisse com um aceno dos demais na mesa e seguisse porta a fora. Aos poucos todos foram saindo, restando apenas Jungkook e Taehyung, os amigos inseparáveis.

— E então?

—Logo consigo as informações que você quer, acho que será bom conhecer essa He-Soo, ela é uma mulher e tanto.

Ambos os amigos brindaram e trocaram sorrisos.

— Que comece os jogos, pro-Jeong. 

SOULMATENơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ