Festa - Parte III

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- Eu não tenho nada para conversar com você. – disse tentando me afastar, porém ele segurou meu braço me impedindo de sair dali.

- Kate. – ele disse com um tom de suplica. – Eu preciso falar com você.

- Você não cansa? Eu não quero saber nada da sua vida patética, e muito menos do seu passado. – eu falei o mais fria que consegui.

- Nem do seu? – ele perguntou arqueando as sobrancelhas.

- Eu posso te garantir que no meu passado não tem você. – eu disse continuando com a frieza.

- É aí que você se engana. – ele disse. – 10 minuto, e depois você pode ir embora que eu não te procuro mais. – ele disse me encarando nos olhos.

- 10 minutos. – falei depois de um tempo e ele deu um sorriso. Maicon foi até uma porta e a abriu me dando passagem logo em seguida, era um escritório bem arrumado. Ele foi até um bar e colocou uma bebida em dois copos e me ofereceu um, neguei com a cabeça.

- Não bebe? – ele perguntou surpreso.

- Não é da sua conta. – eu disse e logo ele se sentou em uma cadeira, preferi me sentar em uma cadeira perto da porta, se acontecesse algo seria mais fácil de fugir.

- Eu não sei por onde começar. – ele disse se arrumando na cadeira.

- Não tenho todo o tempo do mundo. – disse com certa impaciência.

- Tudo bem. – ele disse suspirando e logo começo a falar. – Enquanto sua mãe era casada com seu suposto pai, ela acabou se envolvendo comigo sem ele saber. No inicio ela era só uma diversão para mim, e logo ela acabou se apaixonando. Ela saia dizendo que ia viajar e vinha para cá. Teve um dia que ela chegou muito chateada, e nessa época eu já estava bem envolvido com ela, ela me disse que descobriu que estava grávida de mim, pois ele não podia engravidar, eu fiquei assustado, mas também feliz. – ele contava e ao mesmo tempo pensava em coisas que não contava. – Era um sonho meu ser pai. Só que ela disse que era melhor acabarmos por ali. O tempo passou e cada dia ela ficava com a barriga maior, e aquele idiota se gabando falando que ia ter gêmeas, e na verdade nem era dele. – ele disse com um sorriso sínico. – Sabe o que é ver um filho seu sendo criado por outra pessoa e não poder fazer nada? Sabe como eu me senti quando descobri que vocês já tinham nascido e que eu não estava na hora parto? Que eu não cuidei de vocês nos primeiros dias? Que não escutei as primeiras palavras? Foi horrível! – ele disse, sua voz estava em um tom de irritação, eu estava começando a ficar com medo. – Eu pedi para ela me deixar ver vocês pelo menos uma vez, mas ela negou. Disse que ele tinha que pensar que o filho era dele... Aquilo acabou comigo, sabe a raiva que me deu? Imagina você ter um filho e alguém arrancar ele de você, sabe como isso dói Kate? – ele disse, na mesma hora engoli um seco e coloquei a mão na barriga discretamente. – Em um dia ele acabou armando uma emboscada para mim, e ele começou a me falar umas coisas que mexeram comigo, nessa época eu já tinha desligado meus sentimentos. Ele me disse que tinha uma familia perfeita, e que eu nunca chegaria aos pés dele, que eu nunca teria duas meninas lindas como ele tinha. O ódio foi me corroendo por dentro, era para vocês estarem COMIGO, EU ERA O PAI DE VOCÊS, não aquele imbecil. – ele disse batendo na mesa. – Na mesma noite eu invadi a casa de vocês e o resto você já sabe né? Foi nesse dia que eu contei para ele que eu era o pai de vocês, no inicio ele ficou em choque, mas depois a ficha caiu.

- Você é um mostro. – eu disse me levantando.

- Você não é diferente de mim Kate. Quem você acha que pagou todo seu treinamento? Quem você acha que pagou os melhores professores para te ensinar a lutar, a atirar, a se defender? Quem você acha que nunca deixou ninguém, fazer nada com você? De quem você acha que herdou seu jeito? – ele disse se levantando também. Isso só podia ser mentira. Tudo que ele disse é mentira.

Life Of Crime [J.B]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora