Capítulo 15

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LARA BRACHMANN

Me certificando de que a tinta está seca o suficiente para que não haja danos no transporte, decido procurar por Fagner. Quero pedir a ele que leve minha tela de volta para o estúdio. Eu poderia fazer esse pedido ao homem encostado na árvore que está me observando pelas últimas duas horas, mas estou irritada e não quero falar com ele agora.

Uma atitude infantil? Talvez, mas me recuso a tomar a iniciativa após o desaparecimento dele por dias. Se pretendia agir dessa forma, por que me levou ao orgasmo? Não seria mais fácil deixar o posto? Meu pai pode querer o melhor de seus homens me protegendo, mas não insistiria muito se este homem se recusasse veementemente.

Sebastian não precisa me pedir em casamento por causa de um sexo oral. Aqui não é a Itália, virgindade nunca foi um pré-requisito para o casamento e eu estava plenamente ciente de que nosso envolvimento na noite da luta foi um caso isolado, mas não seria um enorme sacrifício Sebastian manifestar qualquer coisa antes de desaparecer.

— Bobagem. — Falo em voz alta.

Retiro meu avental e confiro ao redor, nenhum sinal de Fagner. Já estamos no entardecer e o tempo começa a esfriar, é hora de entrar. Me viro e caminho na direção da cozinha, talvez ele esteja tomando um pouco de café. Os seguranças têm uma acomodação própria para lanches e descanso, mas não é incomum que minha mãe os convide para lanchar em nossa cozinha.

Quem sabe ele não esteja procurando por uma bebida quente?

Infelizmente, Fagner não se encontrava na cozinha. A casa está escurecendo devido ao contraste de luzes do pôr do sol e para ser sincera, não lembro de ter visto Fagner outra vez desde que Sebastian retornou. Não há problema, posso procurar por outro segurança.

Giro meus calcanhares pronta para voltar ao jardim quando encontro Sebastian entrando na cozinha e fechando a porta francesa atrás de si. Seu rosto tem uma expressão séria e a quantidade de sombras no cômodo, não permitindo que os seguranças lá fora nos vejam, me deixa inquieta. Não por medo, Sebastian não me faria mal, mas por eu não querer estar no mesmo ambiente que ele.

— Está tudo bem?

— Claro! Tudo bem com o senhor? — Sua sobrancelha arqueia ao ouvir o tratamento formal. A cozinha está escurencendo cada vez mais rápido para o meu gosto pessoal.

— Voltou a me chamar de senhor?

— Haveria outra maneira de tratá-lo, senhor?

Seus olhos semicerram e Sebastian dá passos decididos até mim. Eu deveria recuar, manter a distância entre nós e evidenciar que não o que quero por perto, mas ao mesmo tempo não quero parecer afetada por sua proximidade. Sebastian é um caçador, perseguir é um jogo para ele e não quero lhe dar esse prazer.

— Na última vez que nos encontramos você não me chamava de senhor. — Inclina seu rosto em direção ao meu e é a minha vez de semicerrar os olhos. Estou me esforçando muito para não ficar irritada, ruivos já detêm a fama de serem facilmente irritáveis.

— Quando? Antes de você desaparecer por dias?

A realização dominou seus olhos escuros, a escuridão nos cercando não me ajuda em ler melhor suas expressões. Todavia, minha pergunta pareceu ser o suficiente para que Sebastian entendesse o problema, se é que há um problema para ele.

— Eu viajei a trabalho, princesa.

— Não me importo. — Dou de ombros, lutando para não demonstrar que o apelido carinhoso despertou muitas borboletas em meu estômago. — Você pode fazer o que quiser e quando quiser com a sua vida.

— Sério? — Abre um sorriso divertido e esconde seu rosto na curva do meu pescoço ao mesmo tempo em que espalma a minha lombar e me puxa ao encontro de seu corpo. — Parece que é exatamente isso que a deixou irritada.

— Eu não estou irritada. — Digo mantendo minha compostura.

— Você está. — Mordisca meu pescoço e, para a minha infelicidade, um tremor evidente me percorreu. — Eu também senti sua falta.

Sebastian Werden sentiu a minha falta!

Não.

Eu estou brava.

Com ele!

— Se sentiu a minha falta então por que não se incomodou em fazer uma ligação ou mandar uma mensagem? Estou certa de que avisar que se ausentaria por alguns dias não te mataria.

— Foi uma viagem de emergência, princesa. — Beija o local que ele mordiscou. — Além disso, as regras do seu pai e do seu tio são bem claras quanto ao contato externo durante as missões. Tudo é muito limitado. Eu só teria permissão de ligar se fosse casado.

E Sebastian é um homem solteiro.

Esse pensamento me doeu de uma maneira que eu não pretendia. Eu não tenho esse direito. Tivemos um envolvimento, mas isso não significa que tenho qualquer poder ou permanência na vida dele. Em algum momento ele encontrará uma mulher com quem deseja se casar e eu buscarei por um desinteressado que... Oh, céus! Minha paixão platônica não é mais tão platônica assim.

— Está desculpado. 

— Obrigado. — Recupera sua postura. A cozinha está no completo breu e a única iluminação do cômodo é a que entra pelas vidraças, proveniente da iluminação externa, dos jardins. — É bom saber disso.

— Agora que está desculpado, poderia me ajudar a levar minha tela para o estúdio.

— Sim, princesa.

Me afasto para contorná-lo e voltar para o jardim, mas Sebastian segura meu pulso, sua outra mão passa por baixo do meu cabelo e segura minha nuca. Meu pulso é libertado quando a mão em minha nuca é o suficiente para ele me puxar em sua direção novamente.

A próxima coisa que meu cérebro compreende é que estou sendo beijada. Sebastian não aprofunda o beijo, mas seus lábios provam os meus como se ele precissasse da sensação. Apesar de não haver contato com sua língua, não significa que ele não conseguiu brincar com os meus sentidos, especialmente com sua mão firme em minha nuca.

Sebastian ainda ousou terminar o beijo mordendo levemente meu lábio inferior e o puxando antes de se afastar. Me sinto desnorteada e o sorriso vitorioso em seu rosto deixa claro que ele sabe do efeito que teve sobre mim.

— Agora sim, posso buscar a sua tela.

A Artista - Série Mafiosos 0.5Where stories live. Discover now