A Artista - Série Mafiosos 0.5

Capítulo 12

LARA BRACHMANN

— Obrigada, Fagner. — Agradeço ao nosso chefe de segurança quando ele me ajuda a sair do carro.

— Por nada, senhorita. — Solta minha mão e abaixa brevemente a cabeça antes de se afastar.

Minha mãe já me espera na entrada da casa com um enorme sorriso no rosto. É bom ter um tempo com ela sem que minha mãe esteja constantemente preocupada com o que Simon está fazendo ou aprontando por aí. Meu irmão caçula é caótico e mamãe se atenta muito para com ele.

Foi por isso que não hesitei em aceitar seu convite para um lanche da tarde. Meus pais costumam se ocupar bastante quando meus tios estão fora do país e não é incomum que eles se mantenham longe de casa até que meus tios retornem.

— Você está belíssima, querida.

— Obrigada, mãe. 

Minha escolha de vestimenta para o dia foi uma blusa de lã laranja com uma saia xadrez verde escura. A saia é rodada, mas o tecido é pesado o suficiente para evitar qualquer tipo de constrangimento que uma corrente de vento possa causar. Além disso, seu comprimento vai até abaixo do meu joelho, o que faz com que eu me sinta elegante e confortável. É claro que a fita do meu laço é uma renda laranja, para prender a parte superior do meu cabelo. Usualmente, dou preferência às roupas de estilo mais retrô para sair. Pode parecer tolice, mas gosto do estilo romântico e discreto, menos "femme fatale" como minha avó ou tia Melissa.

— Werden não está com você? — Mamãe pergunta quando entramos em casa, longe dos ouvidos dos seguranças.

— Não. Fagner me trouxe hoje. — Coloco minha pequena bolsa verde sobre uma poltrona próxima. — Não há necessidade de Werden me seguir a todos os lugares como uma sombra, mãe.

— Se não estou enganada, seu pai o designou exatamente para isso. — Minha mãe tem um sorriso conhecedor em seu rosto, do tipo que demonstra saber muito mais do que está de fato dizendo.

— Mãe, por favor.

— O que? — Pergunta em tom inocente. — Seu pai trabalhará no cassino o dia inteiro e Lucy saiu para fazer compras. Não há risco de ouvidos curiosos em nossa conversa e eu gostaria de saber como está sendo essa experiência para você.

— Não tenho ideia do que está falando!

— Oh, querida. Não tente enganar a sua mãe. — Ela se senta no sofá e me puxa pela mão para que eu me sente ao seu lado. — Como é ter o Executor como seu segurança? Ele não tem uma beleza tradicional, mas há algo nele que chama a atenção.

— Ele é extremamente cuidadoso. Faz dezenas de rondas diárias por toda a propriedade e pela casa. Está sempre procurando por alguma falha na segurança que precise ser corrigida.

— Não por acaso seu pai o designou para a sua segurança.

— Sim. Tenho certeza que ele é tão obcecado pelo trabalho quanto papai quer que ele seja.

E provavelmente é essa a razão para Sebastian ter desaparecido nos últimos dois dias. Eu não esperava que ele se deitasse comigo e me abraçasse a noite inteira, mas esperava uma reação mais indiferente de sua parte. Pensei que acordaria no dia seguinte e retomaríamos nossa rotina de treinos e rondas intermináveis, ignorando a noite mais insana da minha vida.

O Executor do meu pai me presenteou com um orgasmo intenso na mesa do meu estúdio e eu estava pronta para fingir que nada havia acontecido, assim como esperava que ele o fizesse. Afinal, ele disse que não estava arrependido, porém não confirmou que nosso encontro não foi um erro.

Mas sumir por dois dias inteiros?

Fagner assumiu a minha segurança e Sebastian desapareceu. Nenhum sinal de vida ou notícias dele por dois dias. É claro que ele mentiu para mim. Ele se arrependeu do acontecido e agora busca o maior afastamento possível de mim.

Era de se esperar.

— Está tudo bem, filha?

— Sim. — Engulo em seco e forço um pequeno sorriso. — Eu gostaria de saber mais sobre o jantar com os Becker.

— Está cogitando o interesse deles?!

— Não! Não pretendo aceitar qualquer proposta de casamento que eles possam fazer, mas já que papai concordou em recebê-los e eu sou o tópico principal da reunião, gostaria de saber um pouco mais.

— Não será uma recepção grande. Apenas um jantar para recebê-los e sermos cordiais. Sinceramente, torço para que seja o mais curto possível.

— Eu também. — Suspiro pesadamente. — A senhora realmente concorda com o plano do papai?

— Eu não sei o que esperar. Entendo que as intenções dele são boas e que ele está acostumado a manipular as pessoas, mas isso vai além dos jogos. Não sabemos realmente quais boatos correrão por aí e se as pessoas cogitarem que você finalmente está aberta a propostas, os pretendentes aparecerão aos montes.

— E papai será obrigado a lidar com eles. — Abro um sorriso malicioso e minha mãe faz o mesmo.

— Resultado do plano que ele mesmo criou. Seu pai sempre a viu como a princesinha dele e, mesmo que você seja uma mulher adulta, ele ainda não consegue aceitar que você precisa do seu espaço.

— Por sorte temos a senhora para equilibrar as coisas.

— Seu pai é protetor porque se importa muito, querida. Fiquei encantada por ele quando o conheci, mas não pensei em nada além até que nos aproximamos. Você sabe, não tive um passado muito bonito antes de parar na Organização.

— Eu fui uma excelente cupido.

— Você foi. — Concorda com uma grande sorriso no rosto. — Entretanto, mesmo uma garotinha ruiva absolutamente adorável não poderia me induzir a gostar do pai dela de verdade.

— Então o que houve?

— Eu queria assumir o controle sobre a minha vida. Ter minhas decisões e ousar sem medo das represálias. Com os Brachmann eu senti uma segurança que há muito tempo não sentia e seu pai representava isso para mim. Não foi a beleza dele que fez eu me apaixonar, foram as nossas interações, as atitudes dele e mesmo quando eu estava assustada e com medo, seu pai foi maravilhoso.

— A senhora não o julgou como todos fizeram.

— Nenhum julgamento deve ser feito antes de conhecer todos os lados de uma história. É importante lembrar que nem tudo é o que parece. Assumir um erro é muito mais trabalhoso que o ato de errar. É por isso que devemos ser cuidadosos.