Capítulo 7

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LARA BRACHMANN

— Eu não demoro. — Informo Sebastian pouco antes de caminhar até a porta principal, onde minha avó me espera com um sorriso amistoso.

— Sim, senhorita. 

A resposta é a de sempre, mas foi seu tom que chamou minha atenção. Sebastian respondeu de maneira curta e grossa, sua postura parece mais fria e distante. Eu não entendo. Ele parecia bem e relaxado quando saímos de casa hoje, mas evitou qualquer tipo de interação comigo desde que saímos da casa dos meus pais.

Seu comportamento seria fruto do que escutou na sala sobre os Becker? Meu coração erra uma batida ao pensar que Sebastian Werden estaria com ciúmes de mim. Se estivesse, minha paixonite não seria unilateral!

É impossível!

Sebastian não estaria interessado em mim. Quando caímos durante o treino ele estava desesperado para se afastar.

— Lara, querida! — Minha avó me chama e luto para desviar meu olhar dele.

— Vovó! — Caminho até ela e a abraço. — Como tem passado?

— Bem. Estou surpresa com a sua visita.

— Sim. — Olho por cima do ombro na direção de Sebastian, mas ele não se encontra mais ali. — Eu gostaria de conversar.

— É sempre bem-vinda e sabe disso. — Espalma minhas costas e me conduz para dentro de sua casa. — Venha, vamos nos sentar.

— Papai quer criar boatos de que estou comprometida. — Jogo a informação assim que a porta é fechada. Caminho com pressa até o sofá, precisando me sentar um pouco por não confiar na sustentação de minhas pernas. — Ele convidou os Becker para jantar.

— Seu pai é um homem de jogos, querida. Sabe manipular e induzir as pessoas a fazer o que ele quer.

— Eu sei. Ele disse que isso é para diminuir o falatório sobre a minha falta de compromisso. Eu sei que já deveria ter um noivo, que as pessoas comentam muito sobre a minha reclusão e meu pai está apenas me protegendo, mas...

— Mas você está apaixonada pelo Executor dele. — Vovó joga a informação.

— O que?! Não é nada disso.

— Não tente mentir para a sua avó. — Fala ao se sentar próxima a mim e cruzar as pernas. — Nós duas sabemos que você é uma mentirosa terrível.

— Não precisei mentir muito ao longo da vida. — Faço uma careta. — Não desenvolvi essa habilidade.

— E eu acho essa característica formidável. — Seu sorriso é tranquilizador. — A julgar pela postura de Werden lá fora, suponho que ele já saiba sobre o jantar.

— Sim, ele ouviu uma conversa rápida entre minha mãe e eu.

— Ele não gostou muito da novidade.

— Eu acho que não.

— Ele está enciumado, isso é claro como o dia. Os homens não são muito bons em demonstrar ciúmes, mais parecem uma criança emburrada e incapaz de expressar o que sente. — Um meio sorriso cresce em seu rosto. — Vocês transaram?

— Não.

— Se beijaram?

— Também não.

— Interessante.

— Eu não sei como me sinto sobre o plano do meu pai. Eu confio nele, sei que suas intenções são as melhores, mas não sei se preciso de mais boatos correndo sobre mim. De fato precisamos de novas fofocas para abafar as antigas? No fundo eu sei que nada parará os rumores sobre minha genitora.

— Seu pai não quer evitar as fofocas, Lara. Ele quer evitar que você se compare a sua genitora de alguma maneira e sinto que você está fazendo isso agora.

— Parte do meu material genético é dela. Não posso lutar contra isso.

— Parte, não completamente. Você sempre se mostrou diferente dela. Sua genitora fez escolhas muito erradas e arcou com as consequências. Não se trata de DNA, mas de caráter. A única que não aproveita a vida pela reclusão é você, querida. As pessoas continuam suas vidas e o mundo funciona com você dentro ou fora do estúdio.

— O que eu deveria fazer?

— Aproveite sua vida, arrisque-se um pouco mais e ignore os Becker.

— Eu não tenho interesse em qualquer compromisso com eles.

— Eu sei, mas se está realmente interessada em Werden, precisa ter atitude.

— Eu deveria beijá-lo de surpresa?

— Conquiste-o. Ele já está interessado em você ou não estaria ranzinza de ciúmes. Use isso a seu favor.

Sempre admirei o espírito independente da minha avó. Eu já era adolescente quando descobri sobre seu casamento tórrido e violento com meu avô, o que aumentou ainda mais minha admiração. Desde que ela se libertou da prisão em que era mantida pelo casamento, vovó se mudou de casa, viajou o mundo, viveu romances intensos e escolheu nunca se comprometer novamente. Ela é feliz sozinha e bem resolvida.

Fico feliz que ela tenha superado tudo o que sofreu nas mãos do antigo Chefe e tenha se esforçado para se aproximar de sua família. Minha avó, meu pai e meu tio não tinham uma boa relação quando eu era criança, mas isso mudou à medida que eu envelhecia e tive o privilégio de acompanhar a relação entre mãe e filhos se estreitando.

Vovó pode falar que não tinha vocação para ser mãe, mas é uma avó maravilhosa e inspiradora. Quando fui enganada e tive meu coração partido, vovó ficou ao meu lado e me deu todo o apoio. A verdade é que Verena Brachmann é o melhor dos dois mundos. Ela pode passar o dia no sofá assistindo filmes românticos e tomando sorvete ao mesmo tempo que em pode ser a treinadora do dia e ensinar as melhores técnicas para quebrar um pescoço.

— Eu não quero ser imprudente.

— Se arriscar não signifca ser imprudente. Além disso, você é a princesa da Organização, sabe como cuidar de si mesma.

— Obrigada, vovó. — A abraço apertado. — Eu adoro conversar com a senhora.

— E eu adoro fingir que tenho conselhos sábios. — Solta uma risada quando nos afastamos. — Independente do que escolher fazer, sua avó sempre terá as portas abertas para você.

— A senhora é uma das pessoas mais sábias que conheço.

— Eu não tenho tanta certeza. Bebi um drink pela manhã então pode ser o álcool falando.

— Como se a senhora não fosse resistente ao álcool. — Reviro os olhos e rio. Vovó é a melhor amiga do uísque, um simples drink não teria qualquer efeito sobre ela.

A Artista - Série Mafiosos 0.5Where stories live. Discover now