CAPÍTULO 20: ESTRESSE, CANSAÇO E CARINHO

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POV CAMILA
Exausta, é assim que me sinto depois de uma reunião de duas horas tentando resolver um problema que não fui eu que causei. Faz pouco mais de três horas que eu cheguei na empresa e toda positividade que eu cultivei nesse fim de semana já foi sugada. Problemas em uma empresa não são uma novidade, é algo recorrente, e é minha obrigação enquanto administradora e presidenta da empresa resolvê-los, mas quando as coisas passam do limite do aceitável é impossível não ter vontade de jogar tudo pro ar e deixar que o prédio desabe junto com a irresponsabilidade daqueles que deveriam ajudar no crescimento do negócio.

Nessas três horas aqui eu já briguei com grande parte dos responsáveis pelos setores que mantém a empresa funcionando e quase demiti um setor inteiro. Se existe uma coisa que eu não aceito de forma alguma na minha empresa, essa coisa é corrupção e desvio de dinheiro. Por mais difícil que possa ser achar novos funcionários qualificados para ocupar algumas boas vagas, não é impossível e assim que eu descobrir os causadores desse caos não esperarei um segundo, para colocá-los na rua. Gente querendo trabalhar é o que mais tem no mercado e dessa vez eu trarei os mais competentes para estarem ao meu lado, coisa que, aparentemente, meu pai não soube fazer.

Eu ainda voltava aos questionamentos que fiz no início do fim de semana quando recebi as notícias do que estava acontecendo, ainda não conseguia entender como meu pai não tinha visto aquilo acontecer debaixo dos seus olhos. Com apenas alguns dias sentada no maior cargo da organização eu enxerguei o que ele não conseguiu enxergar em anos, eu não entendia o que poderia ter acontecido para deixá-lo tão cego. Analisando alguns balanços, comparando receitas, estudando nossas vendas com atenção percebi que nós ainda não éramos uma das maiores empresas do ramo no Brasil porque alguém estava nos roubando. Nada explicava nossas vendas estarem altíssimas e nossos resultados abaixo do que deveria, eram desvios sutis, se você não analisasse com cautela e calma não perceberia. Agora eu precisava assumir uma carga de trabalho que me deixaria de cabelos brancos antes dos 30 para resolver o mais rápido possível os problemas que me rodeavam, minha empresa não poderia parar, são muitos funcionários para continuar pagando, não existe a possibilidade de demitir aqueles que não fazem nada além de exercer suas funções de maneira correta, afinal não é culpa deles as dificuldades que surgem e eles precisam do dinheiro para continuar suas vidas.

- Camila, que merda é essa que está acontecendo? —- Normani entrou feito um furacão na minha sala. Eu estava sentada na minha cadeira massageando minhas têmporas e pensando na melhor maneira de resolver tudo.

- Primeiro, você pode, por favor, falar baixo? —- Tentei manter a calma, ela não tem culpa do meu estresse e eu não poderia descontar minhas frustrações nela. — Segundo, do que você está falando?

- Como assim do que eu estou falando, Camila? Estou falando da bomba que você deixou na minha mesa e nem ao menos me explicou, deixou que eu mesma chegasse às minhas conclusões. —- Ela respirava fundo para não gritar, no fundo entendia como ela se sentia, eu me senti exatamente assim quando percebi o que estava acontecendo, mas não pude perder tempo explicando algo que ela poderia facilmente entender sozinha.

- O que você queria que eu fizesse, uh? Que eu sentasse na sua frente e fosse dizer o que você poderia ver sozinha? Eu não tive tempo, antes de cair no seu colo a bomba caiu no meu e eu tive que começar a tomar decisões antes que a empresa inteira soubesse dessa merda. — Não é assim que as coisas funcionam, não posso sentar e esperar que as coisas se resolvam sozinhas, problemas têm que ser cortados pela raiz ou continuaram crescendo. — Você assim como eu sabe o que está acontecendo, Mani, sabe que não há nada que possamos fazer além de organizar toda essa bagunça o mais rápido possível ou teremos que começar a cortar gastos, o que significa demitir pessoal. Temos funcionários, Normani, funcionários que dependem do salário que pagamos todo mês para que sobrevivam, pessoas que não investem em bancos ou qualquer outra merda como uma segunda fonte de renda, eles precisam continuar recebendo para continuar tendo o mínimo de dignidade para viver. Ou fazemos as coisas da maneira certa, ou toda essa gente que depende da gente mês que vem estará desempregada e olha só, a gente também.

De aluna a meu amorWhere stories live. Discover now