CAPÍTULO 3: MUDANÇA (PART II)

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POV CAMILA

O dia da mudança chegou e minha ansiedade de voltar para casa aumentou, eu passei parte do domingo sozinha em casa terminando de organizar minhas coisas e descansando. Hailee como tinha dito, não ficou comigo e ontem foi embora depois do café da manhã me prometendo que iria logo me visitar. Meu voo sairia de São Paulo às três da tarde desse domingo incrivelmente ensolarado. Todas as coisas que eu levaria de decoração já tinham sido enviadas para o meu novo apartamento que estava sendo finalizado por uma empresa de mudanças.

Eu estava esperando Normani me encontrar no meu antigo apartamento e enquanto esperava andava pelos cômodos lembrando dos momentos felizes que vivi aqui, apesar de amar estar voltando para casa não vou negar que sentirei saudade da loucura que era morar em SP. Minutos depois ouvi o interfone tocar e quando atendi escutei a voz da Mani mandando eu descer. Chamei o elevador e dei uma última olhada no lugar que por todos esses anos eu chamei de lar.

- Hey, vamos? Estou ansiosa pra chegar em casa, que saudade de acordar com a vista da praia — diz Mani empolgada me puxando pra um abraço quando cheguei no hall de entrada do prédio.

- Vamo, preta. Não vejo a hora de chegar em casa e dar um abraço na Sofi e nos meus pais — eu disse colocando as malas no porta mala do carro.

- Você sente falta deles, né ? — perguntou

- Muita, muita saudade daquela moleca e da mamãe, Sofia está tão grande e eu sinto que estou falhando no meu papel de irmã mais velha ficando tanto tempo longe. — falei triste.

- Ela entende que é por causa do seu trabalho Mila e ela te ama. — falou apertando meu ombro tentando me confortar.

- Espero que ela entenda, mas quando eu chegar lá vou fazer questão de passar um tempão grudada nela, até ela cansar de mim — falei rindo.

Fomos entre conversas e risadas para o aeroporto e não precisamos esperar nada, o jatinho da empresa já estava pronto nos esperando. Na primeira meia hora de voo Mani já estava dormindo e como eu não estava cansada peguei um livro e comecei a ler pra vê se o tempo passava mais rápido, no final acabei dormindo também, só acordei porque Normani estava me cutucando dizendo que já tínhamos pousado. Deixamos a pista de pouso e fomos caminhando em direção a área de desembarque, quando pisei naquela parte do aeroporto só vi um serzinho correndo e pulando em cima de mim, era Sofia.

- Oi meu amor, que saudade que eu tava de você, pequena — falei animada. Sofia me soltou e olhou pra mim para então falar

-Eu não sou mais pequena Mila, eu já sou quase do seu tamanho — falou brava, mas logo esqueceu isso e me abraçou de novo – eu estava com saudade Kaki, pensei que você tinha esquecido de mim. – fez drama.

- Eu nunca esqueceria de você Sofi, nem se passassem um milhão de anos, tu é minha irmã preferida, lembra? — perguntei.

- É claro que sou, sou sua única irmã — revirou os olhos enquanto ria

Estávamos conversando tão entretidas que nem vi meus pais se aproximarem abraçando Normani e vindo falar comigo.

- Oi filha, que saudades que eu tava de você meu bebê — minha mãe falou me apertando num abraço.

- Oi mãe, também senti sua falta — a apertei mais nos meus braços e beijei sua bochecha.

Soltei minha mãe e abracei o meu pai

- Oi papai, eu também senti sua falta apesar de termos nos visto a uma semana — ri.

- Oi Kaki, como você está princesinha ? — meu pai me chamava assim quando estávamos a sós, ele dizia que eu poderia ter qualquer idade, estar casada e com filhos, mas sempre seria sua primeira princesa.

- Tô bem pai, estou com fome — ri

- E quando você não tá Mila? nunca vi uma pessoa comer mais do que você, parece um poço sem fundo. – Mani dizia enquanto andávamos – Eu não sei pra onde vai tanta comida deve ser pra esse bundão — deu um tapa na minha bunda.

- Crianças comportem-se, estamos em público. — repreendeu minha mãe rindo junto do meu pai e Sofi. Ah como era bom estar com eles.

Eu queria comer no aeroporto, estava com muita fome porque não tinha almoçado, mas minha mãe não deixou, segundo ela tinha comida que ela mesma havia feito em casa e quem sou eu para negar a comida de Sinuhe Cabello? a comida dela é a melhor do mundo.

No carro a caminho da casa dos meus pais eu, Mani e meu pai começamos a falar da empresa, de como ela estava crescendo nos últimos anos e das mudanças que eu queria fazer nela. Dar uma cara mais jovem à empresa não seria nada ruim, eu queria atrair o público e nada melhor do que dar uma repaginada, sem perder a essência, claro.

- Ai parem de falar de trabalho, parece que só pensam nisso — Sinu resmungou e Sofia concordou. Então deixamos o assunto de lado e eu comecei a perguntar a Sofia sobre a escola, seus amigos e sua vida.Assim seguimos até chegar em casa

Ao chegar meu pai estacionou na garagem e eu subi direto para o meu quarto e deixei minhas malas, descendo para a cozinha logo em seguida, minha mãe me esperava lá junto aos outros envolta da mesa de jantar. A casa dos meus pais era linda, possuía dois andares, com cinco quartos sendo três deles suítes, sala de jogos, cinema, piscina e até uma sauna, apesar de todo aquele luxo era uma casa muito aconchegante com cores claras e cheirinho de lavanda.

- Vamos comer só um lanchinho, o jantar já está quase pronto e não quero ninguém dizendo que está sem fome na hora. — disse minha mãe partindo um bolo.

Na mesa tinha bolo, tapioca, queijo coalho e muito mais e eu claro comi de tudo um pouco, o café da tarde nordestino era o melhor do mundo.

- Mãe esse bolo tá incrível, é o meu preferido. — falei pegando outro pedaço do bolo de banana com canela que só a minha mãe sabia fazer, aquilo era como comer um pedaço do paraíso de tão bom que era.

-Eu fiz especialmente para você, querida, mas não coma muito se não você não janta.

Jantamos naquele clima familiar e eu só conseguia pensar em como eu estava feliz de estar em casa novamente, minha família era a coisa que eu mais amava na vida e estar junto deles era maravilhoso.

Ao mesmo tempo que eu me sentia completamente feliz com essa parte da minha vida, outra me atormentava um pouco, meu relacionamento. Eu sentia falta da Hailee, no início do namoro era tão mais fácil, estávamos sempre juntas ou quando não podíamos nos ver, passávamos o dia trocando mensagens. Eu estava carente dos carinhos da minha namorada, faz semanas que não ficamos juntas por mais de uma noite, isso está me matando, nem parece que namoramos, ela quando está longe quase nunca me procura. Pulei assustada quando senti a mão de Normani batendo na minha testa e sai dos meus pensamentos.

- Porra — exclamei– tá louca Mani?

- Karla Camila, olha a boca!!— minha mãe reclamou, enquanto Normani se curvava de tanto rir.

- Eu estou te chamando há dois minutos, mas tu tava no mundo da lua, eu tive que fazer algo. — diz enquanto limpa as lágrimas que se formaram de tanto ela rir.

- O que você quer? — perguntei fingindo irritação.

- Nada, eu só estava contando aos seus pais daquele dia que nós fomos no shopping e você caiu no meio da praça de alimentação lotada — falou voltando a rir, agora da lembrança. Eu revirei os olhos, mas não disse nada, continuei tomando meu suco e prestando atenção na animação deles enquanto conversavam.

Às onze, já de banho tomado e pijama me joguei na cama pegando no sono logo em seguida. O dia tinha sido bom, apesar dos pesares eu estava de volta ao meu lugar, nada é mais reconfortante do que estar onde você se sente, verdadeiramente, em casa.

De aluna a meu amorWhere stories live. Discover now