CAPÍTULO 5: CORRIDA NA PRAIA

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POV LAUREN

Acordei sentindo um peso na minha cintura e quando olhei era a perna de Dinah que estava jogada por cima de mim. Nossa noite tinha sido agitada, fomos dormir no meio da madrugada e eu tava sentindo todo o meu corpo doer agora. Fazia uns dois meses que eu não transava com ninguém e acabamos  juntando a carência dela com a minha e parando na cama. Eu e Dinah ficamos de vez em quando, mas não era nada demais, ela é minha melhor amiga e quando o tesão bate e não tem outra pessoa pra ficar nós nos pegamos. Levantei da cama sem fazer muita zoada e fui para o banheiro, quando me olhei no espelho eu quis matar aquela vadia deitada na minha cama, meu corpo estava todo marcado, minhas costas estavam arranhadas e meu pescoço com algumas marcas roxas, parei de olhar pra não me irritar ainda mais e fui tomar meu banho. Quando terminei de fazer minha higiene matinal, vesti uma roupa de fazer exercícios e fui para a cozinha preparar o café da manhã, Dinah acordaria daqui a pouco e tenho certeza que reclamaria de fome. Tomei meu café ligeirinho e desci para a praia, eu iria correr um pouco.

§

Correndo no calçadão eu observava como aquele dia tava bonito, o céu azul,  pássaros voando, crianças correndo pela areia. Eu amava estar ali, era libertador sentir o cheiro do mar e o sol bater na pele, eu amava o Recife. Nos meus fones tocava Liniker e eu pensava em como a minha vida tinha mudado e na liberdade de ser eu que ganhei desde que cheguei nessa cidade, eu vim de uma cidade do interior do estado para estudar administração aqui e nunca mais voltei para casa. Ser lesbica onde eu morava não era uma coisa bem vista, todos falavam e julgavam como se eu estivesse cometendo o maior dos pecados por simplesmente amar outra mulher, tive sorte que meus pais me aceitaram e me apoiaram, não sei o que eu teria feito sem a ajuda deles. Já aqui ninguém se importa com o que eu faço ou deixo de fazer, com quem eu durmo ou deixo de dormir, aqui cada um vive a sua vida, na correria de uma cidade grande não há espaço para cuidar da vida dos outros.

§

Terminei minha corrida meia hora depois e fui caminhando até o quiosque que ficava em frente ao meu prédio pra comprar uma água de coco e subir pra casa. Ao entrar no apartamento vi que Dinah estava na cozinha comendo, fui até ela e lhe dei um beijo na bochecha.

- Bom dia — falei.

- Bom dia, Laur — falou com a boca cheia e eu fiz uma careta – tu já levanta e vai correr branquela? por isso tá com esse corpinho. — disse me olhando de cima a baixo

- Sabe como é né — pisquei pra ela – tenho que me manter fitness se eu quiser chegar aos cinquenta gostosa. Agora se me dá licença eu vou tomar um banho na minha banheira e relaxar. — dei as costas a ela.

- Deus te abençoe Jauregui, deus te abençoe — me deu uma tapa na bunda.

Cheguei no banheiro e coloquei a banheira pra encher, colocando junto da água uns sais de banho deliciosos. Tirei a roupa, desliguei a torneira da banheira e entrei naquela água quente deliciosa sentindo todos os meus músculos relaxarem automaticamente. Conectei meu celular com o aparelho de som que reproduzia a música por toda a casa e depois fechei os olhos permitindo que a melodia de amado, música da Vanessa da Mata, me invadisse.

§

Uma hora depois eu estava entrando na minha sala, encontrando Dinah jogada no sofá assistindo Bob Esponja.

- Ei vadia, pensei que tinha morrido no banheiro — falou abrindo espaço para eu deitar junto dela.

- Não enche, eu estou brava com você Dinah Jane, meu corpo está cheio de chupões. Como eu vou dar aula segunda com esse roxo no pescoço? — falei  olhando por cima do ombro e apontando para a marca.

- Nem tá tão ruim assim, não reclama que na hora você nem ligou — disse beliscando minha cintura – e eu também estou marcada então fica quieta — levantou a blusa e mostrou as marcas que cobriam seus seios e algumas na barriga.

- Claro que não liguei, eu não estava pensando. —falei – mas com que cara eu vou olhar pros alunos na aula?

- Com a mesma de sempre, Lauren.--- disse irritada -- Até parece que eles não sabem que você transa, tem umas alunas ali que além de saber querem fazer contigo, só faltam jogar a calsinha na tua mesa. — falou debochando.

- Tá bom, entendi, não precisa esculachar. E não tem nada a ver isso, elas me tratam como tratam qualquer professor. — respondi.

- Ai branquela você ou é boba ou se faz, todo mundo vê os alunos te comendo com os olhos.

- Bem que a minha mãe dizia que eu não sou todo mundo. — ri – mas você sabe Dj, eu nunca olhei pra nenhum aluno dessa forma.

- Nenhum não, eu sei de uma que mexe com você até hoje — diz como quem não quer nada

- De novo esse assunto, D? — perguntei

- Sim, de novo e ele vai durar até você assumir que teve um crush nela — respondeu

- Tá Dinah, eu achava ela bonita e talvez tenha tido um leve crush nela, mas tu já viu como ela é bonita? sem contar que a inteligência daquela garota era fascinante. — assumi o que ela vinha querendo que eu assumisse a tanto tempo.

- AÊÊ PORRA ASSUMIU FINALMENTE — comemorou gritando –ela é linda mesmo e aquela bunda dela então — apertou minha bunda e eu dei um tapa na cabeça dela – ai, eu estou brincando — riu enquanto passava a mão onde eu bati — tu não pode negar que aquela bunda é de outro mundo, Laur, todo mundo olhava.

- Realmente, ela tem um corpo dos deuses— pensei alto e Dinah gargalhou atrás de mim – vamos parar de falar sobre isso.

- Ficou quente pensando na bunduda né fantasminha ? — me zoou.

Eu não respondi mais nada e nós voltamos a prestar atenção na TV. Estar com essa maluca era sempre muito bom, ela me arrancava gargalhadas gigantes com os papos loucos dela, me dava esporro quando eu precisava, era meu ombro amigo nos momentos difíceis, minha conselheira e minha parceira de balada. Eu não poderia ter uma amiga melhor do que ela.

§

Passamos o dia deitadas no sofá assistindo, compramos nosso almoço e só levantamos para comer. Às nove da noite Dinah tava se despedindo de mim, pois, segundo ela, já havíamos passado muito tempo grudadas e agora ela iria pra balada. Ela me chamou pra ir, mas eu não estava afim hoje, eu queria ficar quietinha em casa, tomando um bom vinho e lendo um bom livro enquanto minha playlist de mpb tocava baixinho no fundo.

E foi exatamente isso que eu fiz, quando ela saiu fui pra o banheiro tomei um banho morno e caminhei até a varanda, sem roupa mesmo, era uma mania que eu tinha de ficar assim quando estava só. Minha taça de vinho cheia já estava na mesinha ao lado da rede então eu só peguei o livro que estava lendo e me deitei na rede, saí de lá somente quando não aguentava mais de sono, me jogando na cama e dormindo tranquilamente.

De aluna a meu amorWhere stories live. Discover now