De aluna a meu amor

Capítulo 18 : PASSADO DESAGRADAVEL

POV DINAH

Faz muito tempo que eu não sinto tanto medo de perder alguém como venho sentindo ultimamente. Depois que tudo aconteceu, depois que meus pais me deixaram de lado como se eu fosse um nada eu não tenho mais nada a perder. Acontece que as coisas mudam da noite pro dia e nem sempre é possível controlar algumas mudanças, elas vão acontecer uma hora ou outra, você estando preparado ou não. A vida é assim, ela não espera você se preparar para fazer as coisa acontecerem, ela joga a bomba no seu colo e espera que você tenha a capacidade de desarmá-la ou que exploda de uma vez.

Eu nunca fui do tipo de desistir fácil, sempre peguei a bomba e  desarmei, mas isso foi antes da minha vida virar de cabeça pra baixo. Por um longo período eu não tinha mais pelo que lutar, não tinha minha família do meu lado, a pessoa que eu jurava ser o amor da minha vida se mostrou uma filha da puta e eu, eu tive que sobreviver alguns meses com essas perdas, mas além de tudo isso eu tive conviver comigo me perdendo de mim mesma.

Quando conheci a Lauren nós estávamos no começo da faculdade, minhas dores ainda estavam à flor da pele e tudo o que eu queria era me dedicar aos estudos durante o dia e a noite me acabar em qualquer coisa que tivesse álcool o bastante para me fazer esquecer o que doía.

Em um sábado qualquer eu me encontrava mais uma vez sentada na frente do balcão do bar que fica na frente da universidade, estava cheio, o que era comum para um fim de semana. As pessoas, assim como eu, queriam escapar um pouco da realidade, mas elas eram mais moderadas, deixavam a bebedeira somente para os fins de semana. Foi nesse dia e nesse bar que eu conheci a pessoa que me ajudaria a me reerguer, mas naquele momento eu não sabia disso, quando a vi pela primeira vez só pensei em a levar para cama, afinal era uma das mulheres mais bonitas que eu já tinha visto na vida, e no outro dia desaparecer como estava acostumada a fazer com todas as garotas que eu dormia, ah esqueci de dizer, o sexo também tinha se transformado em uma válvula de escape.

Aconteceu, eu consegui a levar para um motel, nós transamos, mas depois que ela dormiu eu não consegui ir embora como sempre fazia porque estava tão cansada e tão bêbada que acabei apagando junto. Na manhã seguinte eu acordei desesperada, sentindo meu corpo queimar e minhas tripas revirando dentro de mim, corri para o banheiro e vomitei, acho que com todo o barulho que fiz durante o percurso acabei acordando a branquela e ela foi me acudir, quando ela chegou no banheiro e segurou meus cabelos pra não sujar eu não estava muito bem, minha pele estava fria, pálida e meu corpo estava mole, se a Lauren não estivesse ali com certeza eu teria me ferrado muito, desmaiei e pelo que ela me disse só não bati a cabeça no vaso porque antes disso acontecer ela me segurou. Como eu sou maior e mais pesada que ela, a única coisa que ela conseguiu fazer naquele momento foi me deitar de forma confortável no chão e esperar que eu acordasse, quando acordei estava desnorteada, não sabia o que estava acontecendo, mas fiquei um pouco mais tranquila quando vi a figura branca entrando novamente no banheiro. Ela me ajudou a levantar, me deu banho e quando já estávamos vestidas ela me obrigou a irmos ao médico, Lauren estava de fato preocupada comigo, eu conseguia ver nos seus olhos um brilho de preocupação direcionado a mim que fazia muito tempo que eu não via em ninguém, não vindo na minha direção.

Para encurtar a história, nós fomos ao hospital e descobrimos mil e um problemas de saúde que eu estava começando a desenvolver, um problema sério de anemia, uma pré-diabete, desidratação e algumas outras coisas que não precisam ser ditas aqui. Lauren, como um ser humano de luz que sempre foi não me deixou sozinha como poderia ter feito, ela não tinha nenhuma obrigação comigo, mal nos conhecíamos, então eu mesma a mandei embora — diversas vezes — mas não adiantou, ela ficou ali escutando tudo o que o médico tinha a dizer como se fossemos conhecidas de uma vida toda. Eu deveria agradecê-la mais vezes por ter ficado ao meu lado naquele momento, me fazendo sentir cuidada como há muito eu não me sentia.