SUA ALTEZA REAL - Freenbecky

Old Man of Storr.

— Então eu cumpri todas as minhas promessas de Skye, certo?

— Todas e mais — digo a ela.

Acenando com a cabeça na direção da Old Man of Storr, ela dá um passo para trás e oferece a mão.

— Me dá seu celular, vou tirar uma foto sua com a rocha.

Um pouco constrangida, ando até ficar na frente da rocha, tiro o cabelo dos olhos e junto as mãos à minha frente.

Freen ri.

— Nossa, Armstrong, faz uma força pra parecer que você está realmente se divertindo.

— Eu estou me divertindo — respondo. — Só sou péssima pra fazer pose pra foto.

Com um suspiro exagerado, Freen vem até meu lado, me abraça pelos ombros e me puxa para junto dela.

— Pronto. Vamos tirar uma selfie, pode ser?

Ela segura meu celular a uma distância, seu rosto encostado no meu, e eu posso ver nós duas na tela do celular, seu sorriso iluminado e deslumbrante, e o meu um pouco mais tímido.

— Armstrong, você está insultando o gigante enterrado com essa cara — Freen diz sem perder o sorriso, e eu rio.

É nesse momento que Freen tira a foto.

Quando voltamos ao castelo, já está escurecendo, mesmo que ainda seja o fim da tarde. O vento ficou mais gelado também, e Freen e eu saímos aos tropeços do carro que tinha nos levado até Storr.

— Me dá seu celular — ela diz, e eu o faço sem nem pensar porque Freen é boa demais em dar ordens.

— De volta à terra do wi-fi — ela murmura para si mesma, e me lembro de ter configurado o celular com o wi-fi do castelo ontem.

A rede era chamada "É ESSA AQUI, VÔ", então imagino que algum dos netos de lorde Henry arrumou a internet para ele.

Os dedos de Freen digitam na tela e eu faço gestos de querer o celular de volta com uma risada.

— O que você está fazendo?

— Postando essa foto incrível da gente no seu Instagram porque eu sei que você não vai fazer isso — ela responde. — Ou, se fizer, vai esquecer de colocar o filtro que nos deixa mais bonitas.

— Certo, porque você precisa de um filtro pra isso — digo, as palavras apenas se atropelando para fora da minha boca, e Freen olha para mim, mexendo o nariz.

— Você está me chamando de linda, Armstrong?

Meu rosto pega fogo e eu faço outro gesto em direção ao celular, mas Freen já está se virando com um "Ahá!" triunfante.

Então ela me devolve o celular e lá estamos nós no Instagram, rindo com o vento nos cabelos, a Old Man of Storr mal aparecendo na imagem.

Então leio a legenda.

Duas gatas "loucas de pedra" em Storr!

— Isso é... um trocadilho horrível — digo a ela, mas estou sorrindo igual uma idiota.

— Ei! — Freen reclama fingindo ter se ofendido. — Eu ganho pontos por pelo menos ter tentado!

Guardo o celular de volta no bolso da jaqueta.

— Você não precisa ter cuidado com esse tipo de coisa? — pergunto a ela. — Postar fotos suas na internet e tal?

Freen tira os óculos escuros e limpa as lentes com a ponta do cachecol.

— Um pouco. Não posso ter conta em nenhuma rede social, claro, e tenho certeza de que em algum momento alguém vai achar aquela foto na sua página e ela vai acabar em um dos blogs ou numa revista, mas... — Ela dá de ombros. — Não é exatamente uma foto escandalosa, e eu queria tirar a foto. Então foi o que fiz.

— Eu queria, então foi o que fiz — digo. — Basicamente o seu lema.

Freen levanta o queixo.

— Aaah, eu posso ver se consigo adicionar essa frase oficialmente ao meu brasão!

Então ela se vira, perdendo o momento em que fico um pouco boquiaberta. Certo. Ela tem um brasão.

Sacudindo a cabeça, eu corro para alcançá-la, e nós duas estamos quase nos degraus de entrada quando uma voz diz:

— Aí está você.

Nós paramos ali no pátio frontal, o chafariz borbulhando à nossa esquerda enquanto uma loira alta desce os degraus. Ela está vestindo uma calça jeans preta, um autry medalist low nos pés e um moletom cinza. Mesmo com a luminosidade do lado de fora, um par caro de óculos escuros repousam no topo de sua cabeça, puxando os cabelos para longe do rosto.

E é um belo rosto. Maçãs do rosto proeminentes, nariz reto, sobrancelhas realmente ótimas.

— Roseanne — Freen diz, parando de andar, e não estou nem um pouco surpresa com o fato de que essa criatura maravilhosa à nossa frente é a ex de Freen.

Os olhos de Roseanne deslizam para mim em toda a minha glória empoeirada de quem subiu uma montanha, e eu tiro o gorro, tentando ajeitar o cabelo, mas posso senti-lo desarrumado para cima e para os lados.

— Oi — digo com um pequeno aceno. — Bom, vou entrar e deixar vocês duas...

Freen entrelaça o braço com o meu e me puxa para perto dela, efetivamente me congelando naquela posição.

— Não, fica — ela diz. — Rosé, essa é a Armstrong...Rebecca, digo.

— Becky, na verdade — digo, oferecendo a mão para Rosé e, após um momento, ela a aperta e me cumprimenta com um "olá" baixinho.

— Armstrong é minha colega de quarto em Gregorstoun — Freen acrescenta, e Rosé olha de volta para ela, seus braços cruzados de leve sobre o peito.

— Ainda é difícil te imaginar lá — ela diz com um sorriso breve, e Freen larga meu braço para tirar o cabelo dos olhos.

— Não é tão ruim — ela diz. — A companhia é interessante, pelo menos.

Algo tremula no rosto de Rosé ao ouvir essas palavras, mas então ela solta uma risada.

— Bom saber. Pensei mesmo que ia te encontrar nesse fim de semana.

Eu queria...

— Bom, você conseguiu me ver, então sorte sua — Freen interrompe, e então sua mão está tocando meu braço de novo, me puxando para entrarmos no castelo.

Nós subimos os degraus frontais e passamos pela porta enorme, com os olhos de Rosé em nossas costas, tenho certeza, e apenas quando estamos dentro é que Freen respira fundo, tirando o boné e ajeitando o cabelo.

— Bom, isso foi horrível — ela murmura, e estendo a mão, apoiando-a em seu braço.

— Sinto muito — digo. — Acredite em mim, eu sei como esse tipo de coisa é horrível.

— Maldita Sana — Freen responde, e eu não consigo segurar uma risadinha.

— A própria. Mas, se servir de consolo, foi Rosé quem saiu perdendo.

Freen olha para mim e, talvez sejam os resquícios do frio, mas eu posso jurar que suas bochechas estão coradas.

— É mesmo, não é? — ela diz, enfim, e quando subimos para nossos quartos não penso duas vezes antes de entrelaçar meu braço com o dela de novo.