Socorro.

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O corpo dela está tão frio e molhado quanto o meu, mas ainda assim me traz um pouco de alívio sentir o calor dela contra meu corpo, ou talvez seja apenas o escudo contra o vento.

Como ela consegue ter um cheiro tão bom mesmo depois de caminhar, cair num rio e caminhar ainda mais?

Provavelmente outro privilégio de princesa.

Pelo menos não está chovendo, mas ainda estamos com frio, molhadas e perdidas. Os morros e rochas que pareciam tão agradáveis mais cedo estão começando a ficar estranhos e ameaçadores agora que a noite está caindo, e eu espero muito que um veado seja a única espécie de vida selvagem que vamos encontrar por aqui. Não existem mais lobos na Escócia, ou existem?

— Sinto muito que você tenha se envolvido nisso tudo, Armstrong — Freen diz finalmente, e eu olho para ela com os olhos arregalados.

— Você está realmente se desculpando por algo? — pergunto. Ela suspira, seu corpo ainda colado ao meu.

— Eu só achei que você merecia algum tipo de explicação. Não é nada pessoal.

— Não me sinto melhor, curiosamente, já que estou congelando no meio de lugar nenhum — murmuro, e Freen se mexe ao meu lado.

Quando eu a olho, ela está encarando algo à frente.

Finalmente, ela diz:

— Não é "chilique", que nem você disse antes. Não exatamente.

Continuo olhando para ela, mesmo com o ângulo machucando meu pescoço, e, quando ela olha para mim, seu rosto está tão perto que posso ver sardas claras em seu nariz.

— Sempre ficou claro, desde muito cedo, que eu não seria o tipo de princesa que as pessoas queriam. Você sabe, o tipo... doce. Com os gestos corretos, pássaros azuis ao redor e isso tudo. Eu me irritava com os outros com facilidade, me entediava rápido demais. E, se eu não poderia ser aquele tipo de princesa, imaginei que não custava tentar ser outro tipo completamente diferente.

Ela diz isso como se fosse algo normal de pensar. Como se a maioria das pessoas estivesse consciente de determinados arquétipos que elas devem ser, e que, quando não conseguem se encaixar, escolhem outro.

— Isso é... insano — digo, e ela encosta a bochecha no ombro enquanto me observa, seu cabelo úmido balançando.

Seu lábio inferior já está começando a formar um beicinho, assim como o desenho de um V entre suas sobrancelhas.

— Você não precisa escolher algum tipo pra ser — continuo, me acomodando sobre a jaqueta.

Está ficando mais frio ainda, o vento praticamente assobiando agora, como se fôssemos heroínas em um romance das irmãs Brontë, presas na charneca ou algo assim.

— Você pode apenas ser você.

Freen continua me encarando, como se estivesse aguardando algo, e eu tiro o cabelo dos meus olhos.

— O que foi?

— Ah, eu só estava esperando pelo número musical que eu tinha certeza de que acompanharia uma declaração como essa — ela diz, e olho para o céu, me afastando um pouco mais.

— Beleza, seja babaca. Mais uma vez. Mais ainda.

Para minha surpresa, isso faz Freen rir e, quando eu olho para ela, ela está com as mãos apoiando o queixo, me observando.

— Meu deus, você realmente acredita nisso tudo, né? — ela pergunta. — Esse papo todo de "você pode apenas ser você". Que extraordinário.

— Eu sinto que por "extraordinário" você quer dizer "estúpido", então vou só te ignorar e tentar dormir.

SUA ALTEZA REAL - FreenbeckyWhere stories live. Discover now