Valsa.

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Freen não solta a minha mão enquanto ela me guia pelos corredores. Nós passamos por janelas altas que dão para os jardins, mas não consigo enxergar nada a não ser nossos próprios reflexos e fico surpresa ao ver como meus olhos estão arregalados e como não me pareço comigo nesse vestido. Mas talvez essa seja eu? Apenas outra versão de mim, que eu não sabia que existia aqui dentro.

Chegamos a um par de portas de vidro com maçanetas douradas adornadas, e Freen puxa uma delas, abrindo. Uma lufada de vento morno e o cheiro de vegetação fresca e viva passam por mim.

— Que lugar é esse? — pergunto enquanto ela me puxa para a sala, fechando a porta atrás de nós.

— Um laranjal — ela responde, e olho em sua direção.

Ela solta minha mão, e eu esfrego meus braços desnudos, mesmo que não esteja com frio. Na verdade, se continuarmos aqui por muito tempo, vou começar a suar.

— Eu adoro quando você diz essas coisas como se elas fossem palavras de verdade — digo a ela, e Freen ri, caminhando até uma árvore num vaso que, sim, tem algumas laranjas nos galhos.

— Um laranjal — ela diz, tocando a fruta com a mão enluvada e exibindo-a como se fosse uma apresentadora de programa de TV. — Nós que vivemos em climas mais frios precisamos de lugares especiais pra cultivar determinadas coisas, e laranjas já foram consideradas um item de luxo.

Ahhhh — digo, andando até outra árvore. — Então, se você era muito, muito rico, você tinha uma sala especial dentro de casa apenas pra cultivar laranjas.

Freen inclina a cabeça num aceno gracioso.

— Logo — ela diz, e nós duas completamos com —, um laranjal.

Eu rio um pouco, sacudindo a cabeça, e exploro a sala mais a fundo, com suas paredes de vidro e as laranjeiras em vasos. O piso sob meus pés não é de laje e mármore como no restante do castelo, mas um piso cor de creme com um mosaico central de uma laranja gigante adornada com florzinhas brancas. Sobre nossas cabeças, o teto está pintado para se parecer com o céu azul do Mediterrâneo.

— Essa é uma sala muito esquisita para se ter aqui no meio das terras selvagens de Skye — murmuro.

Repentinamente, percebo que Freen está ao meu lado com a cabeça inclinada para trás observando o teto, e eu não sei se é efeito de todas essas plantas ou de seu perfume, mas algo exala um aroma doce e delicado.

— Lady Ellis mandou construir quando se mudou pra cá — Freen diz, ainda olhando para o alto. — Quando eu era pequena e brincávamos de esconde-esconde, sempre me escondia aqui.

Olho para ela, ainda com os braços cruzados contra a barriga. A iluminação é fraca nessa sala aquecida e perfumada, a única luz vem de arandelas posicionadas ao redor da sala hexagonal, e me dou conta de que isso é meio... romântico.

Limpando a garganta (e tirando os olhos dos traços nos do rosto de Freen), eu olho de volta para o teto.

— Você devia ser muito ruim em se esconder, então. Todo mundo saberia onde te achar.

Ela dá de ombros, aquele gesto de Freen que é ao mesmo tempo elegante e insolente e que parece resumir Tudo Sobre Freen.

— Eu nunca me preocupei muito com isso.

Rio em resposta.

— Você nunca se preocupou em se esconder durante o esconde-esconde? — Eu balanço a cabeça. — Isso é muito... a sua cara.

Ela abre aquele sorriso.

— E não é que é?

E então ela segura minhas mãos e me puxa para o centro da sala, bem sobre o mosaico com a laranja gigante.

SUA ALTEZA REAL - FreenbeckyWhere stories live. Discover now