43- pov: Liz Carter.

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Dizem que quando estamos à beira da morte, um filme da nossa vida passa pela nossa mente.
Realmente passa. Mas sabe o que eu vi? Tudo que eu não queria ver.

As lembranças da Katherine se fizeram presente em quase toda parte da minha memória. Lembranças que eu não tive até hoje, ela lendo algum livro infantil, enquanto eu a ouvia atentamente deitada no seu colo. Foi como reviver aqueles dias, por um momento eu sentia a presença dela. Mas por que logo ela? Ela deveria ser a última pessoa que eu quisesse ver talvez antes de morrer.

Bip...bip...bip

Foi o som que eu ouvi ao acordar. Com dificuldade, abri os olhos e toda aquela luz branca me incomodou. Meu corpo doia, minha cabeça latejando.
Visualizei todo aquele cenário do quarto do hospital.
Na poltrona ao lado direito da cama, vi papai com os olhos fechados provavelmente estava tirando um cochilo, do esquerdo, mamãe estava no mesmo jeito.

Me remexi devagar na cama fazendo com que os dois levantassem na mesma hora.
Cada um segurou minha mão.

— O que houve? — Perguntei, ainda desnorteada.

— Que bom que você acordou, meu amor. — Papai se inclinou me dando um beijo na testa. Um leve sorriso apareceu em seus lábios. Ele estava pálido, com os olhos inchados. O mesmo eu poderia dizer da minha mãe.

— O que aconteceu? — Repeti a pergunta, observando o quarto claro de um lado ao outro.

— Você está bem, é o que mais importa. — Mamãe suspirou aliviada.

Foi um peso saber que eles sofreram a angústia de não saber o que estava acontecendo comigo, e agora me ver daquele jeito.

Na mesma hora o som dos tiros voltaram a tona na minha mente e todas aquelas cenas apareceram como um filme.

— Algum dos tiros foi em mim? — Perguntei. Naquele momento tudo estava doendo.

— Não foram em você. A médica logo vem explicar tudo pra você entender. — Papai passou a mão devagar na minha bochecha.

— Me desculpem. — Falei tentando segurar as lágrimas que já saiam dos meus olhos.

— Você não tem que pedir desculpa, nada que aconteceu foi culpa sua. — Mamãe alisou meus cabelos.

— Foi sim, eu não deveria ter saído sozinha, eu não imaginava..

— Ninguém poderia imaginar. O que importa é que acabou, e acabou pra sempre.

A conversa foi interrompida quando a porta foi aberta.

— Olá, senhorita Carter. Como está se sentindo? — A mulher de voz doce chegou mais perto de mim.— Eu sou a Doutora Amélia. Acompanhei você desde que chegou.

— Confusa. Dolorida. — Falei quando ela colocou a maca mais inclinada para que eu ficasse sentada.

— Isso é normal pelo trauma que você passou durante toda a noite. Seus sinais estão bons, agora que acordou pedirei mais exames pra descartar lesões e avaliar seu estado. Você ficou desacordada porque estava muito desidratada, além dos ferimentos. — A médica olhava a prancheta. — Tem muita gente lá fora preocupado com você, vou liberar para que eles entrem, só por cinco minutos, combinado? Volto mais tarde. — Ela me olhou e eu apenas confirmei.

Não demorou para que Oliver, Sofi, Chris adentrassem a sala.

Todos pareciam cansados. Eu não fazia ideia de que horas eram, de quantas horas eu passei naquele inferno.

Lili — Oliver foi o primeiro a se aproximar. Seus olhos azuis marejados me encaravam. — Eu tive tanto medo...Que bom que você tá bem. — Ele falou com a voz baixa. Antes de se afastar ele depositou um beijo na minha testa.

Entre o distintivo e o coração.Where stories live. Discover now