21- pov: Liz Carter.

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— Então, na recepção teremos a banda que o Chris contratou... Liz? Você está me ouvindo? — Sofia exclamava feliz sobre algum detalhe do seu casamento. Ela bateu palma perto do meu rosto me fazendo voltar a realidade.

— Sim, claro — Falei tentando em sobressair.

— Sobre o que eu estava falando? — Ela indagou.

— Ah... Flores? — Fiz careta, confusa.

— O que você tem? — Sofi me perguntou, depois de comer um pedaço de torta.

— Nada, só coisas do trabalho. — Bebi um gole da
água.

A prova para sargento seria amanhã, eu decidi não contar para não gerar expectativas pra ninguém. O resultado sairia em 15 dias. Meu dever era guardar essa ansiedade, o problema era se eu iria conseguir viver com essa pressão.

— Quantos convidados? — Perguntei, tentando voltar ao assunto.

— Média de 150. — Ela sorria feliz, me mostrando os detalhes em seu iPad.

O casamento seria daqui dois meses, mas a ansiedade de Sofia falava mais alto. Ela é extremamente organizada, e para seu dia especial não seria diferente.

— Quer sair hoje? Pensei em irmos a um ligar diferente. Tem um novo bar no meu bairro. — Sofia me perguntou depois que saímos do restaurante onde havíamos almoçado. Eu estava no meu horário de almoço, fomos caminhando pela quinta avenida até a clínica de Sofia.

— Amanhã eu tenho que trabalhar.

— Amanhã à noite? — Ela fez bico.

— Não tenho mais paciência pra bares, Sofi. — Dei de ombros.

— Como você é careta.  — Ela resmungou.

— Desculpa, só estou cansada. Mas prometo que amanhã, depois do trabalho a gente marca ok?

— Tudo bem, idosa. — Chegamos a clínica e então nos despedimos.

Segui a pé mesmo até a delegacia.

— Carter, temos um problema. — Jacob me chamou assim que sai do elevador.

— O que houve? — O segui até o hall principal.

— Assalto ao banco, 10 reféns. Equipe do FBI no local, até agora, nenhum ferido. Uma parte da gangue conseguiu sair com dinheiro, estipula-se 15 milhões de dólares roubados. A perseguição contra eles começou cerca de 5 minutos. Fomos chamados para dar cobertura no local.

— Liz, você não precisa ir. — Olívia me falou enquanto se preparava para ir também. — Você precisa descansar.

— Não se preocupa. Eu vou ficar bem.

— Tem certeza? — Ela falou séria, enquanto colocava seu colete e deixava seu distintivo colado nele. Fiz o mesmo que ela, e afirmei com a cabeça sua pergunta.

— Vamos! — Olívia chamou atenção de todos.

Descemos, quando entramos na viatura ouvimos pelo rádio todas as informações sobre o que estava acontecendo no exato momento no banco. Jacob deu partida na viatura, acionando as sirenes.
Ao chegarmos o local, Olívia nos guiou até onde os outros agentes estavam. Nos apresentamos, logo recebemos todas orientações do chefe do FBI.

— Vocês dois, e mais dois agentes nossos irão entrar pelo acesso que há no fundo. Os agentes que estão lá dentro irá guiar vocês pelo rádio. A informação é que tem pelo menos cincos bandidos lá dentro ainda. Os reféns estão divididos em duas salas. Se preparem e lembrem-se de proteger a si mesmo, e aos reféns. — O chefe John terminou de falar, assentimos e os outros agentes nos guiaram.

Do local que estávamos, avistamos dois do bandidos, ambos armados e de máscara. Os agentes nos orientaram a ficar ali. Seguimos todas as instruções que eles mandavam.
Eu de um lado, Jacob ficou do outro.

Apenas um segundo de movimentação, foi possível ouvirmos dois tiros, um acertando o ombro de Jacob. Na mesma hora, os agentes do FBI revidaram os tiros, derrubando aquele que havia atirado. Corri até Jacob, que sangrava.

— Atenção, policial ferido! Solicito ajuda médica pelo lado leste dos fundos do banco. Repito, policial ferido. — Falei no rádio, enquanto pressionava a ferida no ombro de Jacob.

— Entendido, ajuda a caminho. — A voz calma no rádio me estressou me fazendo gritar um "Logo, porra!"

Puxei o corpo pesado de Jacob para uma parte mais escondida dali, o deixei deitado enquanto eu criava alguma barreira ao redor dele, caso um dos bandidos tentasse passar por ali.

— Calma, Jacob! — Continuei a tentar estancar o sangue.

— Vai atrás deles... Carter, eu aguento! — Jacob falou com dificuldade, gemendo de dor.

— Os agentes já invadiram. — Levantei meu corpo, e observei outra grande movimentação que havia dentro do banco. — Droga! — Exclamei ao ver que outro bandido tentava a porta que dava entrada ao lugar que estávamos.
Coloquei a outra mão de Jacob em seu ombro — Não se mexe, tenta não fazer barulho.

Abaixada, fui até um ponto cego da porta e quando um dos homens tentou entrar, o mobilizei por trás, o fazendo cair no chão, a arma que ele usava disparou um tiro, que saiu pelo lado contrário onde estávamos. O levantei, e o entreguei para um dos outros agentes do FBI, que entraram ali.

Corri até onde Jacob estava, a ajuda havia chegado, eles estavam preparando pra levar ele na maca. Sai junto com eles, encontrando Olívia. Ela me guiou até uma das ambulâncias presentes ali, onde eles limparam o sangue que tinha em minhas mãos, e na minha roupa.
A ambulância que levava Jacob deu partida, acionando as sirenes altas.

— Ele vai ficar bem. — Olívia sentou ao meu lado. — Por isso não queria que você viesse, Liz! Amanhã você precisa estar tranquila. — Ela se levantou.

— Eu estou bem, Capitã. Pior seria não estar aqui. — Suspirei e levantei junto com ela.

— Vamos até o hospital, depois vou te levar pra casa. — A acompanhei até a viatura.

Ao chegarmos, um dos médicos veio dizer que Jacob não corria perigo, mas que ele estava em cirurgia.
— Vou ligar para o pai dele. — Olívia falou se afastando dali.

Ficamos ali até o pai de Jacob chegar, tenho certeza que ele não fez um escândalo porque estávamos no hospital, mas sua feição não escondia sua fúria, e sua preocupação. Gentilmente, pediu para que eu e Olívia voltássemos amanhã.
Saímos juntas e ela me levou para minha casa, se recusando a subir, ela deu partida.

Ao entrar em casa, deixei minha roupa na lavanderia e fui tomar banho. Acho que demorei mais de uma hora e meia lá. Com a água caindo sobre meu corpo, eu imaginava e se fosse eu no lugar do Jacob?
Terminei meu banho, vesti um moletom da polícia, uma calça jeans e segui até a cozinha, onde preparei uma janta rápida com o que tinha na geladeira. Comi, lavei o que havia sujado e fui pra sacada, meu olhar apreciava aquele anoitecer.
Meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi a porta bater. Atendi, vendo Matt ali.

— Amor, você está bem? — Matt me abraçou assim que abri a porta. — Eu vi as notícias agora, fiquei assustado ao saber que o policial ferido era da sua unidade. — Ele entrou e fomos até o sofá.

— Eu estou bem. Foi o Jacob, meu parceiro. Mas ele passa bem, não corre risco. — Sorri sem graça.

— Que bom. Que bom que você está bem. Fiquei com medo de ser você... eu não pensei duas vezes antes de vir pra cá. — Ele me beijou calmamente. Senti um meu corpo flutuar, sorri de lado pra ele, que deixou um beijo na minha testa. Me aconcheguei em seu peito, enquanto ele me fazia cafuné.

Entre o distintivo e o coração.Onde histórias criam vida. Descubra agora