Pulando no barco, eu me posiciono no banco, segurando meu remo enquanto o de Freen ainda balança na forqueta.

Aparentemente remarei sozinha.

E tudo bem por mim. Barcos não são exatamente minha especialidade, mas sou forte o suficiente, e a água está lisa e calma enquanto deslizamos em frente. Sinto meu ânimo melhorar um pouco quando respiro fundo, sentindo o cheiro mineral do lago, a frescura da brisa, o...

— Você já está fazendo aquela cara de quem vai cantar.

Fecho a cara, meu momento foi destruído. Pelo canto do olho, vejo umbarco passando por nós, e remo com mais vigor.

— Posso te fazer uma pergunta e conseguir uma resposta séria? — pergunto a Freen enquanto manejo o remo com toda a minha força.

Do outro lado do barco, Freen descansa o queixo na mão de novo.

— Provavelmente não.

Ela é sincera, pelo menos.

Puxo o remo, a madeira rangendo, e nosso barco avançando centímetros no lago. O vento aumenta, criando ondas minúsculas que nos balançam, e de repente a água sob nós parece muito escura e ameaçadora e possivelmente cheia de monstros.

Então, desvio o olhar e volto a atenção para Freen, perguntando:

— O que eu fiz exatamente pra você me odiar tanto? Além daquela coisa da Veruca Salt, que, considerando como você agiu naquela manhã, foi justo.

— Eu não te odeio — Freen diz dando de ombros, seus óculos escuros gigantes cobrindo metade de seu rosto.

A gola de sua camisa está para fora do colete de malha de Gregorstoun. O colete salva-vidas laranja desbotado é um pouco grande demais, e seus longos cabelos se movimentam com a brisa enquanto eu tento remar.

— Você me enganou bem — respondo, e Freen dá um suspiro, se recostando no barco, esticando as pernas à sua frente.

— Eu só falo o que me vem à cabeça — ela diz. — Às vezes é algo agradável, às vezes não é tão legal. Depende, na verdade. Você não deveria levar para o pessoal.

Eu abro a boca, os remos ainda na água.

— Então no outro dia, quando você perguntou se eu ia começar a chorar ou cantar, aquilo não foi pessoal?

— Eu realmente pensei que você poderia começar a chorar ou cantar.

Ela dá de ombros mais uma vez, dessa vez de modo preguiçoso, quase imperceptível.

— E quando disse que achou que Nam tinha me escolhido como um "projeto de caridade"?

— Ela sempre acha alguém que não se encaixa muito no grupo pra fazer amizade. Ela é famosa por isso. É verdade que você não é exatamente uma tragédia, mas você não é uma aristocrata, então...

Eu dou outra puxada no remo.

— Tá bom, e sobre você se recusar a me chamar pelo meu nome?

— Seu nome é Armstrong, não é?

— É, m-mas — começo a gaguejar e então, revirando os olhos, levanto o remo de novo. — Tá bom, beleza. Então, ao seu ver, nada disso é maldade. E mandar suas amigas me intimidarem no corredor da escola também foi algum tipo de...

— Que amigas? — Freen pergunta, sentando-se.

Eu indico com a cabeça o outro lado do lago, onde Engfa e Charlotte estão remando lentamente, claramente sem interesse no jantar no Bayview Inn.

SUA ALTEZA REAL - FreenbeckyWhere stories live. Discover now