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As duas garotas estavam do meu lado, mas não falavam nada, apenas me viam balançar a perna com insistência, e encarar o nada.

— Depois que você saiu de lá, eu tentei falar com ela — Danúbia dizia, num tom triste e desanimado. — Mas ela não quer falar comigo. Disse que estava cansada, pediu desculpas e me pediu pra ir embora. Ela nunca fez isso.

— Ainda acho que alguma coisa esteja acontecendo — Grace falou, pensativa e com o olhar desconfiado.

— Grace, não tem nada acontecendo, eu já contei tudo o que ela disse. É isso, ela quer honrar um cara morto que a empurrou para um relacionamento desde criança.

— Hazel amava o pai — a morena disse. — Ela faria qualquer coisa só pra ter mais uma chance para abraçá-lo. Ela se sente culpada pela morte dele. Uns anos depois que ela nasceu, a condição financeira deles ficou ainda pior, por isso o pai dela fazia viagens a trabalho o tempo todo.

— Ainda acho que ela tomou a decisão mais estúpida do mundo — falei, o semblante fechado.

Vi minha mãe se aproximar do banco onde estávamos, no jardim.

— Por que está tão irritado hoje? — ela perguntou. Era impossível não reparar seu sorriso satisfeito, afinal, tudo estava indo conforme ela sempre planejou.

— Você deve estar muito feliz, não é? — olhei em seus olhos. — Meus parabéns, você fez um ótimo trabalho!

— Mas do que você está falando, meu filho?

— Não me faça dizer na sua cara as palavras que você já sabe que estou pensando.

— Nossa, hoje você realmente está muito irritado. Talvez você só precise passar um tempo com a Julie. Falando nisso, onde ela está?

— A Julie? Ah, eu tinha mesmo que falar com você sobre a Julie — me levantei. — Quer saber de uma coisa, mamãe? Eu não quero mais...

Fui interrompido pela loira que chegou de uma vez e me agarrou, forçando meus lábios a ficarem grudados nos dela. Estava tão surpreso por sua ação que sequer consegui entender o que estava acontecendo e o que ela pretendia com aquilo.

— Estava falando sobre mim pra sua mãe? — curvou um sorrisinho, seus braços ainda estavam em volta de mim. — Estava sentindo minha falta, não é? Vem, tenho que conversar com você, lembra? — me puxou pela mão e me arrastou para longe dali.

— O que está fazendo? — indaguei, depois de estarmos longe.

— Você ficou maluco? Por que ia dizer pra sua mãe que não quer mais se casar comigo? — Estava vendo ela irritada comigo pela primeira vez.

— É a verdade, e você sabe.

— Vai estragar todo o plano! — rebateu.

— Que plano??

— Se não se casar comigo, eu vou voltar pra casa dos meus pais e aquela casa que sua mãe mandou construir nunca será minha. Seu idiota. Eu vou me divorciar de você e ela vai ser sua para que você tenha onde ficar.

Fiquei tão confuso que nem consegui responder de imediato. Encarei a garota por alguns segundos.

— Está me dizendo que além de se divorciar de mim numa boa, vai me deixar ficar com a casa? — arqueei uma sobrancelha.

— Eu falei com a Hazel, disse que desejava do fundo do meu coração que vocês dois fossem felizes juntos. Não sei o que aconteceu pra ela mudar de ideia. Mas se quiser um lugar pra morar e sair das garras da sua família para sempre, sugiro que se case comigo.

O filho do pastorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora