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Três dias se passaram muito rápido, mas fiquei feliz de ter aproveitado ao máximo com Dominic. Apesar de que Julie estava na casa, Dominic sempre conseguia arranjar uma brecha para transar comigo, ou para passar um tempinho do meu lado, e até mesmo para dormir em minha cama, me envolvendo em uma conchinha.

Mas aquilo infelizmente acabou, pois meus sogros voltariam cedo no outro dia.

Ouvi batidas na minha porta, e imaginando que seria Dominic, querendo mais uma vez aproveitar o resto de tempo comigo, levantei e abri com um sorriso enorme.

— Não sou quem você esperava — Julie dizia.

— E-eu não esperava ninguém — minha voz me traiu.

— Está tudo bem, eu já sei — seu tom era triste. — Posso entrar?

Com olhos arregalados, e estupidamente surpresa pelo que ela havia dito, abri espaço para que entrasse.

A garota se acomodou em minha cama, pegou uma das minhas pelúcias e colocou em seu colo.

— O que está fazendo? Não somos íntimas — protestei, vendo ela acariar a orelha do ursinho branco.

— Queria conversar com você. Uma conversa sincera e sem alfinetadas.

Você é capaz de uma conversa sincera e sem alfinetadas? — ergui as sobrancelhas.

— Hazel, por favor... — seu olhar para mim era triste.

— Tudo bem — me sentei na cama também. — Sobre o que quer conversar?

— Sobre você e o Dominic.

— Não sei o que você pensa sobre a gente, mas se pensa que temos algo, está errada.

— Você sequer sabe mentir — curvou a boca para o lado.

— Julie, olha só...

— Hazel, está tudo bem, é sério — me interrompeu. — Eu já sei que vocês tem algo, não torna isso mais difícil pra mim. Eu amo ele.

— Eu sei que ama, isso está óbvio. Mas o que te faz pensar que tenho algo com ele?

— Eu vejo o jeito que vocês se olham, eu vejo a química fortíssima que emana de vocês. Eu reconheço o amor quando vejo ele.

— E o que você vai fazer com essas suposições e achismos? Ir correndo contar pra Abigail quando ela chegar amanhã?

— Se eu fosse fazer isso, não estaria aqui conversando com você, muito menos esperaria a Abigail chegar para contar pra ela.

Talvez Julie poderia estar jogando comigo de alguma forma, eu não podia dar o braço a torcer e confiar no que estava me dizendo. Julie nunca foi legal comigo, nunca fomos amigas. Acreditei que ela estava de fato, planejando alguma coisa. Possivelmente tinha suspeitas e queria ver se eu confessava algo importante para que ela pudesse contar aos Blackwell.

— Julie, nunca fomos sequer colegas, não precisa fingir isso agora. Sei que desconfia de mim e do seu namorado, mas nós não temos nada. Eu e Dominic somos apenas bons amigos, sempre fomos.

Ela suspirou, o olhar ainda triste voltado ao ursinho.

— Thomas pode até ser cego ou idiota o suficiente para não desconfiar de você, Abigail pode até querer negar sua astúcia para traí-lo, mas eu sei. Vocês estavam diferentes esses últimos dias, eu sei, eu vi. Não tenho como te garantir que não vou contar a Abigail, tudo que você pode fazer é esperar até amanhã.

— Julie...

— Quero que saiba que amo o Dominic verdadeiramente. Não estou com ele por interesse, até porque sei que ele não tem nada pra oferecer, nada além de consideração e respeito — inspirou fundo e soltou o ar. — Eu nunca tive o amor dele, nem tive muita atenção também. E dói ver que você tem tudo isso. Mas você estava certa afinal, eu não deveria correr atrás de alguém que não quer estar comigo. Eu entendi que se eu o amo, devo abrir caminho para que ele siga em frente. Eu quero o bem do Dominic, e se você faz bem pra ele, se é você que ele ama, não há nada que eu possa fazer a não ser respeitar isso. Da mesma forma que ele sempre me respeitou e sempre foi verdadeiro comigo.

O filho do pastorWhere stories live. Discover now