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Depois do jantar, eu voltei para o meu quarto e me sentei no estofado que ficava encostado na parede na frente da janela, observava o jardim lá embaixo, estava tão verde quanto silencioso. Enquanto isso, na minha cabeça, aquela conversa que tive com os Blackwell durante o jantar se reproduzia várias e várias vezes. Eu me perguntava se havia tomado a decisão certa.

Parte de mim dizia que não, dizia que eu deveria seguir o meu sonho sem hesitar, e a outra parte, ela me mandava parar de ser egoísta, não foi assim que Jesus ensinou. Eu estava prestes a me casar, não podia mais continuar pensando só em mim, e fazendo escolhas que só trouxesse benefícios pra mim.

Meus pensamentos embaraçosos fugiram de mim quando minha atenção foi tomada por Dominic, ele estava andando até o jardim, parecia irritado e bem agitado. Em uma de suas mãos estava uma garrafa de vidro, parecia bebida alcoólica, e não me surpreenderia se realmente fosse, na outra mão ele segurava um cigarro entre os dedos. Confesso que aquela cena me prendeu a atenção, Dominic não era assim, ele era um dos garotos mais cristão que já conheci, sempre participava dos cultos, eu me perguntava o que o fez se afastar de sua própria família e de Deus.

[•••]

Na minha primeira manhã morando naquela casa, depois de fazer minha higiene matinal, tomei o café que a doce Lena tinha levado pra mim e decidi descer para falar com a Abigail, queria perguntar a ela se não seria incomodo chamar minha amiga para passar a tarde comigo, já que Thomas estaria ocupado com o trabalho.
Procurei por ela na sala e na cozinha mas não a vi, e quando ia subir novamente, Thomas surgiu em meu campo de visão, ele portava um sorriso diferente nos lábios.

— Bom dia, você viu sua mãe? — mesmo diante de minha pergunta ele não desfez aquele sorriso de quem parecia estar aprontando alguma coisa.

— Ela saiu — respondeu simplesmente e me segurou delicadamente pelo braço, me guiando até a porta — vem comigo, quero te mostrar uma coisa.

— Thomas, o que é que você está aprontando dessa vez? — questionei divertida, me deixando ser levada por suas mãos gentis.

— Quero te dar seu presente de aniversário adiantado — Abriu a porta de entrada, me permitindo ter a visão de um lindo carro parado ao lado do chafariz, ele era vermelho e tinha um laço branco enorme em cima.

— Ai meu Deus, Thomas! — levei as mãos até a boca e o encarei surpresa. — Isto é um carro!!

— Mas é claro que é um carro, sua boba — retirou a chave do bolso e me entregou, ainda com aquele sorriso no rosto — é o seu carro.

— Ma-mas eu nem sei dirigir — me aproximava do veículo ainda impressionada.

— Você não precisa saber dirigir. Hoje, assim que eu chegar no trabalho, irei contratar um motorista pra você, ele vai estar disponível para te levar a qualquer lugar que queira ir.

— Presumo que não vou poder tirar minha carteira tão cedo também, não é? — dado ao fato de que tive que desistir da minha faculdade por um tempo, imaginei que teria que desistir de tudo por causa do casamento.

— Tirar a carteira é uma prioridade? — me olhou surpreso, colocando as mãos na cintura. — Você terá um motorista, vai poder mexer no celular ou até dormir enquanto ele dirige pra você. Quem precisa de uma carteira quando se tem alguém pra te levar? Você será uma senhora, terá gente trabalhando pra você.

— Tem razão... — assenti meio desanimada, mas logo fiz meu sorriso surgir de novo. — Bom, eu vou dar uma olhada no meu presente.

— Tudo bem — colocou suas mãos em cada lado das minhas bochechas e beijou o topo da minha cabeça — se arrume bem para o almoço, minha mãe convidou a Julie para almoçar conosco.

O filho do pastorWhere stories live. Discover now