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Ao perceber passos se aproximarem da escada, subi de volta o mais rápido que pude, batendo contra o peito de Thomas assim que cheguei no corredor. O mesmo percebeu minha aflição, minha respiração ofegante e minhas mãos trêmulas, e imediatamente mudou seu olhar, me olhando agora com muita preocupação.

— O que houve ? — perguntou olhando no fundo dos meus olhos. Ainda ofegante e sem dizer nada, o arrastei até seu quarto, que era o mais próximo da escadaria. — Hazel, o que foi?? — minha atitude o deixou ainda mais preocupado. Ele me encarava atentamente enquanto eu trancava sua porta.

— Foi ele! — falava com um pingo de voz, apertando minhas mãos que suavam — A-antes eu não tinha certeza, pensei que tinha sido apenas um pesadelo... Você estava certo, eu preciso mesmo da chave do meu quarto.

— Meu Deus, Hazel, o que está me dizendo? Do que você está falando? — seus olhos arregalados me olhavam fixamente e com atenção, e suas mãos apertavam meus ombros com força.

— E-eu ouvi seu irmão conversando com seus pais, ele praticamente me ameaçou!

— O que? O que mais ele fez? Entrou no seu quarto? — eu não conseguiria descrever o quão grande era a sua preocupação naquele momento.

— Sim... — senti minhas órbitas se encherem de água a ponto de transbordarem e escorrerem pelas minhas bochechas. — E ele tocou em mim enquanto eu dormia.

— Tocou em você?? — seus olhos se escureceram de raiva, mas ele não parecia nada surpreso com a atitude do irmão. — Eu vou lá falar com ele. Não, eu vou quebrar a cara dele!

— Não! — segurei sua mão antes que ele saísse. — Não quero que procure briga com seu irmão, apenas fale com ele, e depois me diga como foi, quero saber o que ele tem a dizer sobre o que fez.

Poderia não ser a atitude que a maioria das garotas teriam, mas eu era pacífica e cristã demais para implorar por briga, até mesmo diante de um crime como aquele. E Thomas sabia que bater em seu irmão por minha causa não me faria bem.

— Tudo bem, vou falar com ele depois do jantar — Deslizava a mão pelo meu ombro, me acariciando e automaticamente fazendo com que eu me acalmasse.

Lhe joguei um meio sorriso, demonstrando que o contato de suas mãos em minha pele me deixava aliviada, me acalmava. Olhei ao redor e só então me dei conta de que estava sozinha com ele num quarto trancado, me afastei disfarçadamente e comecei a observar a decoração de seu quarto. Ele era bem maior que o meu, as paredes eram da cor azul escura, haviam fotografias ao redor de um espelho comprido que estava pregado na parede, a maioria delas eram fotos de nós dois.

— Senhor Thomas Blackwell! — fingia um tom de voz duro e um olhar semicerrado. — Você mentiu pra mim?! — falei ao ver que uma das fotos que estava ali era a foto que eu havia pedido para que ele apagasse de sua galeria, mas ao invés disso, ele mandou revelar e a colou na parede do quarto.

Ele tinha tirado aquela foto de mim em um momento em que eu estava dando uma bela de uma gargalhada e no dia eu não achei que havia ficado boa.

— Menti? — coçou a nuca se fazendo de desentendido. — Eu não sei do que você está falando.

— Sabe sim, seu bobo! — dei um tapinha em seu braço. — Eu estou simplesmente horrível naquela foto, e você prometeu que não ia ficar com ela.

— Para com isso, meu docinho, você está radiante e incrível ali! Você é maravilhosa, e eu consegui captar a sua essência, o quanto você brilha e transmite uma energia boa, sabe que eu não ia conseguir apagar — ele se aproximava de mim em passos lentos, seus olhos estavam fixos nos meus, como se desejasse beijar meus lábios — Eu adoro esse seu sorriso. Sempre que estou mal, olho pra essa foto e meu coração se enche de amor, eu me sinto melhor com ela aqui — suas palavras me fizeram corar bruscamente, eu sentia minhas bochechas ardendo.

O filho do pastorWhere stories live. Discover now