O confronto final

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O dia foi uma grande espera, de angústia sem fim, saber que hoje eu iria confrontar a Sarah na frente do meu pai, e que o Rafael viria também, meu Deus, aquilo podia terminar em tragédia, mas eu estava disposta a encarar, disposta a acabar com esse inferno que vinha sendo conviver em família.
Meu pai chegaria no final da tarde, e ironicamente ele era minha maior preocupação no momento, eu nunca esqueceria as palavras que ele me disse e o tapa que me deu no rosto, para defender ela, o respeito que eu tinha se transformou em medo.
Mas no fim nada disso importava, eu não ia ligar se ele me desse mais tapas, ou me chamasse de nomes ainda piores, a única coisa que me importava era ser livre para viver com o Rafael.

Como se já estivesse desconfiada de algo, Sarah não se deu o trabalho de falar comigo nem com minha mãe durante o dia. Eu ouvia ela no telefone falando com meu pai, que tinha algo para contar a ele, mas que ele precisava manter a calma, provavelmente era sobre o aborto forjado.

Por volta das 16h minha mãe entrou um pouco alarmada no meu quarto, avisando que meu pai estava finalmente vindo para casa, ela também estava nervosa.

—Mãe, eu estou com medo— ela entrou e me abraçou— medo dele.

—Sam, eu sei que seu pai fez coisas ruins com você nesses dias, mas ele ainda é seu pai e te ama, você não precisa ter medo dele— eu queria tanto acreditar naquilo— além do mais, eu estou do seu lado e não vou deixar acontecer de novo.

Minutos depois de dizer ao Rafael para vir, eu vi seu carro parando na rua pela sacada do quarto dos meus pais, fiquei feliz que ele chegou primeiro que meu pai, pois seria capaz dele nem deixá-lo entrar.
Sai correndo para atendê-lo e acabei esbarrando com a Sarah no corredor, ela tinha ficado o dia todo no quarto e decide sair justo agora?
Não a deixei dizer nada e desci as escadas antes disso, mas mesmo assim consegui ver seu olhar de psicopata para mim.

— Que bom que você está aqui— ele me envolveu com seus braços e eu me senti segura, e tudo desapareceu, ele era a minha certeza, a minha motivação, eu passaria por cima de tudo para ficarmos juntos, só isso me bastava.

—Eu não vou te deixar sozinha— ele beijou minha testa— estamos juntos nessa.
Segurei sua mão e nos guiei até a sala, apenas minha mãe sabia que ele viria, ela não apoiou a ideia, mas eu não me importei.
Ao entrar em casa, já vi Sarah na ponta da escada me olhando curiosa, e assim que viu Rafael seu rosto se iluminou e ela sorriu. Ignorando totalmente o fato de estarmos de mãos dadas, ela correu até ele como se nunca tivesse parado de fazer isso, ele não conseguiu se afastar, mas soltou minha mão para conseguir empurra-lá de leve para longe dele.

—O que faz aqui?— ela sorria como se aquilo fosse para ela— você não vai acreditar na coisa horrível que aconteceu— e voltando ao teatro, ela fez a cara de choro de cachorro abandonado.

—Pode parar Sarah— eu a interrompi— ninguém mais acredita nas suas mentiras.

—Mentiras?— ela colocou a mão no peito incrédula— como você pode ser tão insensível?— ela voltou seu olhar para Rafael, e já começou a fingir um choro— eu acho que perdi o nosso bebê— disse ela limpando as lágrimas inexistentes, eu quase revirei os olhos— você não sabe como eu estou destruída— ela segurou as mãos deles e eles se encararam por alguns segundos, e aquilo mexeu comigo, tive vontade de arrancar as mãos dela fora, e porque ele estava deixando ela fazer aquilo?

—Eu já sabia que o bebê não era meu, Sarah— ele finalmente disse calmo, e soltou suas mãos das dela— até porque nunca existiu bebê nenhum.

—Isso é um absurdo, ela disse isso para você?— ela apontou para mim— não deixa ela te envenenar, é tudo mentira, você não vê que ela estava com inveja e fez de tudo para fazer você acreditar nisso?— ela só pode estar brincando, eu com inveja? Era ela quem estava fazendo de tudo para acabar com a minha vida.

A Irmã ExemplarWhere stories live. Discover now