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Eu não poderia ter começado a semana de uma forma melhor, eles tinham terminado, tipo para valer

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Eu não poderia ter começado a semana de uma forma melhor, eles tinham terminado, tipo para valer. No mesmo dia quando a Sarah chegou cabisbaixa em casa ela nos avisou, chorou um pouco com a minha mãe e eu as ouvi conversando, aparentemente minha irmã achava que era tudo culpa dela, que era insuficiente e tão horrível que não conseguia fazer nenhum homem ficar.
Foi inevitável não sentir dó dela, ela estava sofrendo de verdade, e grande parte disso era minha culpa, se eu não tivesse me metido nada tinha acontecido. Mas, agora de nada adiantava sentir dó ou se arrepender, já estava feito, e aceitei que na verdade eu estava feliz. Nós estávamos livres.

É claro que não totalmente, eu e Rafael conversamos por ligação no dia seguinte, e decidimos que era melhor esperarmos a poeira baixar e minha irmã superar isso, seria um baque muito grande se descobrissem que estávamos juntos agora. Então nosso relacionamento ia continuar no mesmo pé de sempre por enquanto, às escondidas, mas pelo menos agora tínhamos uma preocupação a menos.

Eu fiquei tão feliz e em paz que até consegui me concentrar para estudar para a recuperação de matemática, e estava até confiante fazendo a prova nesse exato momento. Mas então, uma distração surgiu, Raquel chegou atrasada na sala, eu nem sabia que ela tinha que fazer essa prova também.
Ela deu uma olhada nas poucas pessoas que tinham ali, até que  foi parar em mim, eu desviei o olhar, estava morrendo de vergonha e arrependimento. Não tinha tido notícias dela desde aquele dia, e depois de perguntar ao Nicolas descobri que ele também não, eu estava morta de curiosidade para saber o que a mãe dela tinha feito, se ela aceitou na boa ou trancou a Raquel em casa para sempre (abrindo uma exceção apenas para a escola).
Mas também tinha medo dela ter percebido que fui eu quem mandei, dava para ver que a foto foi tirada na casa do Nicolas naquela noite, e entre as pessoas que estavam lá, eu não tirava a razão dela de eu ser a primeira pessoa de quem ela ia desconfiar.

Para minha sorte, ou azar, pareceu apenas um olhar do tipo "ah, você está aqui também", não consegui deduzir se ela estava com raiva de mim, ela caminhou até o meio da sala e se sentou em uma mesa vazia.
Durante a prova eu não conseguia tirar os olhos dela, de repente tinha ficado tão nervosa que balançava minha perna incessantemente e mordia a ponta na caneta, eu precisava saber o que estava acontecendo, era horrível viver com a dúvida de que talvez eu tivesse destruído o relacionamento e vida dela. Mas ela não me olhou uma vez sequer, estava concentrada demais.

Nós terminamos a prova praticamente juntas, eu estava apenas checando quando ela se levantou e a entregou para o professora, e saiu da sala em seguida. Eu me levantei depressa para entregar e sai atrás dela.
Tentei passar na frente do banheiro e olhar casualmente para dentro, ela estava na frente do espelho amassando seus cachinhos.
Assim que entrei, ela me encarou através do espelho, e instantes depois deu um sorriso fraco, eu sorri de volta. Não sei bem o que eu queria com ela, nem se ia conseguir falar com ela, mas queria me certificar de que ela estava bem de alguma forma.
Eu peguei meu celular e me encostei na parede, fingindo estar mexendo, e então ouvi a voz dela.

A Irmã ExemplarWhere stories live. Discover now