- ANTHONY -
Anthony aceitou o convite dos pais de Sarah e juntou-se a eles no jantar. Permaneceu em silêncio enquanto eles conversavam entre si e não conseguiu tirar os olhos dela nem por um minuto.
O batom vermelho realçava seus lábios que se tornaram uma distração total para ele.
Notou que volta e meia ela desviava o olhar do cardápio e o olhava disfarçadamente, sorrindo algumas vezes. Sentiu sua boca secar e coração bater mais forte assim que ela mordeu o cantinho do lábio como de costume.
— E você Doutor, quero dizer, Anthony. É casado ? Tem filhos ? — Anthony desviou o olhar para a mãe de Sarah ao ouvi-la falar e antes de responder bebeu um gole de água.
— Não..eu acabei dedicando boa parte da minha vida aos estudos e não tive tempo para casar ou construir uma família.
— Mas um galã desse, deve ter várias namoradas. — Riu ao ouvir o comentário de Augusto e logo viu que Sarah havia ficado extremamente séria.
— Augusto, por favor. Respeite ele, isso são coisas que se diga. — Maria A. deu um tapa de leve no braço do marido repreendendo-o.
— Está tudo bem , sem problemas. Eu sou bem conservador, na verdade, não saio muito e isso diminui ainda mais as chances de eu conhecer alguém.
O garçom logo chegou servindo o jantar que foi saboreado enquanto um pianista tocava uma música da sinfonia de Antônio Vivaldi.
Sarah pareceu encantada observando-o.
— Por que você não toca uma ? Você é ótima tocando. — Anthony terminou a sobremesa e passou um guardanapo de papel na boca limpando-a
— O quê ? não eu nem sei tocar direito.
— Ah claro que sabe, vem cá.. vamos pedir pra você tocar uma música. — Levantou e segurou a mão dela.
(...)
Quando Sarah sentou no banco do piano as pessoas que estavam no local pareceram voltar sua atenção toda para ela que ficou nitidamente tímida e nervosa.
— Ei, calma.. você sabe como fazer isso. Feche os olhos e deixe a musica guia-la. — Anthony sentou-se ao lado dela na tentativa de deixa-la mais a vontade.
— Você usando metáforas doutor Anthony ? — a viu sorrir e ajeitar-se levando suas mãos nas teclas do piano.
— Claro, é como anatomia não é ? Como desvendar os segredos do corpo humano e sentir-se fascinado por isso. — olhou-a atentamente enquanto falava baixinho.
— E como foi que aprendeu a ver as coisas dessa forma?
— Desde que a vi tocando pela primeira vez, notei que algo mudava em você quando seus dedos percorriam as teclas daquele piano. Parecia com a mesma sensação que tenho quando faço um coração voltar a bater. — Sarah abriu um sorriso magnifico e logo começou a tocar uma música que Anthony nunca havia escutado, mas pareceu ser o som mais belo que seus ouvidos já tiveram a honra de captar.
Anthony procurou durante muito tempo um jeito de explicar como se sentia ao trazer alguém de volta a vida e compreendeu que era simplesmente aquilo que ele via em Sarah enquanto tocava.
Como se suas mãos pudessem tonar a magia possível, como se naqueles poucos segundos a luz que da sentido a existência tentasse se apagar, mas voltasse a brilhar com sua ajuda.
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ČTEŠ
Café, insônia, mistério e... anatomia?
RomanceJá tentou relacionar amor com o funcionamento anatômico do seu coração ? Anthony é um médico cardiologista acostumado a pôr a ciência humana como explicação de tudo. Daria certo se ele se apaixonasse por uma estudante de literatura apaixonada por S...