CAPÍTULO 2- ANTHONY NARRANDO

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Eu fui para casa naquela tarde sabendo que algo em mim havia mudado. Joguei a maleta no sofá da sala e soltei um pouco a gravata, mesmo sabendo que não era isso que me sufocava.

Passei minha vida toda dedicando cada dia aos meus estudos, minhas pesquisas. Sei absolutamente tudo sobre cada parte de um corpo e, nem se quer posso explicar oque estou sentindo.

Essa sensação estranha no peito, é como um ataque cardíaco, sinto como se algo queimasse dentro de mim, um fogo que faz arder cada milímetro do meu coração. Um calor vindo de dentro pra fora.

Senti minhas bochechas corarem quando a vi no hospital, aqueles olhos castanhos e intensamente brilhantes me atingiram de uma forma devastadora. Era como se eu pudesse ver sua vida inteira em um olhar, como se eu pudesse sentir suas dores, seus medos, seus desejos. De alguma forma, no momento em que os olhos dela encontraram os meus, nos tornamos um só.

(...)

— Dona Maria Antônia, nome bonito. Como devo chama-la? —  Anthony entrou com uma prancheta nas mãos e viu a ultima paciente que havia operado deitada na cama do hospital.

— Só Maria, Doutor. — disse a senhora enquanto esboçava um sorriso doce. 

Se aproximou e checou os batimentos cardíacos da paciente, assim como a temperatura e a pressão arterial.

— Você parece muito bem Maria, está se recuperando rápido. Quero você aqui por mais uns dias para que eu possa acompanhar sua recuperação. Eu gostaria que você não ficasse sozinha por aqui, se tiver algum familiar que possa...—  Maria o interrompeu dizendo.

 — Sarah esta comigo, minha filha. — Anthony imediatamente sorriu quando lembrou quem era sua filha. 

— Sarah.. — Pensou alto e ouviu alguém fechando a porta do quarto.

— Sou eu.. — virou-se e deixou a prancheta cair assim que seus olhos encontraram os dela.

Anthony não podia exatamente sentir, mas sabia que seu corpo estava liberando uma quantidade absurda de adrenalina naquele momento. Coração acelerado, músculos contraídos, pressão arterial subindo. As bochechas ficaram momentaneamente rosadas e o ambiente se tornou mais quente assim como sua respiração começou a pesar. 

Pensou que isso sim era "se sentir infinito". Como se pudesse largar o mundo só para ter a honra de segurar a mão dela, de tocar-lhe o rosto, de beijar-lhe a boca.

Café, insônia, mistério e... anatomia?Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu