CAPÍTULO 4

343 25 1
                                    

O caminho pra o hospital pareceu uma eternidade, dobrou as mangas da camisa e ligou o ar condicionado do carro tentando se refrescar.

Talvez fosse calor, ou talvez esse fogo vindo de dentro fosse por causa da vontade insaciável que sentiu de beijar aqueles lábios.

O jeito que Sarah mordia o lábio o fazia sentir como se um furacão devastasse seu mundo inteiro.

Nunca desejou tanto sentir alguém como a deseja. Se é que assim poderia dizer; desejo.

Ele queria te-la beijado e sabia que ela sentia o mesmo.

Freou o carro bruscamente antes de quase bater em uma moto depois de ultrapassar o farol sem perceber.

Ouvir o motoqueiro gritar algo que não lhe pareceu nada educado, respirou fundo e escorou a testa no volante.

- Acorda, Anthony... acorda. - fechou os olhos por alguns segundos até que o farol abrisse e então deu partida no carro novamente pegando o caminho mais curto possível.

Chegou para seu plantão da tarde e foi direto para seu escritório. Trancou a porta e deu uma olhada em volta, a mesa cheia de papéis, poltronas com as almofadas fora do lugar.

Enquanto dava uma geral no escritório pensou em maneiras para se aproximar dela, talvez pudesse lhe chamar para um jantar, mas talvez ela não gostasse desse tipo de encontro.

Anthony era péssimo em planejar esse tipo de coisa, sempre preferiu algo mais reservado como cinema, jantares discretos ou passeios noturnos na praia.

Com certeza ficaria mais fácil vê-la agora que pode usar a pesquisa como desculpa para ir mais vezes na biblioteca, talvez aos sábados.

Acabou de arrumar tudo, vestiu o jaleco e pendurou o estetoscópio no pescoço, depois foi fazer as visitas diárias aos pacientes pós-operatórios.

Quando entrou no quarto de dona Maria Antônia já sabia que Sarah não estaria lá, de certa forma isso o deixava mais tranquilo

.- Como está minha paciente favorita ? - sorriu e se aproximou da cama.

- Você diz isso a todos seus pacientes?

- Obvio que não, a senhora é exclusiva.

- Bom mesmo, eu estou bem melhor, a enfermeira disse que minha pressão subiu um pouco hoje. - Anthony olhou o prontuário procurando pela informação.

- De fato, mas aqui diz que lhe medicaram e sua pressão já regularizou, podemos ficar tranquilos, amanhã é sábado e eu não estarei de plantão.

- Esta bem, minha filha não vem amanhã durante o dia, trabalha na biblioteca aos sábados também, o dia todo. - foi então que Anthony conclui imediatamente que dedicaria seu sábado à sua 'pesquisa'

Anthony pode ouvir o som do piano quando se aproximou da biblioteca e entrou sem fazer barulho algum. Sorriu fascinado, com a musica, com o jeito que ela tocava, com o jeito que suas mãos se moviam com uma suavidade divina.

Esperou que acabasse a musica e andou até o piano se escorando no mesmo e pondo as mãos no bolso do jeans.

- Você toca muito bem. - ela ergueu o olhar e ele pode senti-la analisar cada detalhe seu.

- Obrigado e.. nossa, você fica diferente sem o óculos e aquelas roupas formais. - ela riu e deu um espaço no banco do piano para que ele sentasse

Ele costumava usar roupas mais leves aos fins de semana; decidiu usar uma bermuda bege e uma Camisa gola Polo preta.

- Desde quando você toca? - sentou ao lado dela e perguntou levando um dos dedos na tecla do piano

- Desde os 13, meu pai também toca, ele me ensinou. Um piano desses custa muito caro então eu trabalho como voluntária aos sábados tomando conta daqui para poder tocar. - Ela esboçou um sorriso e começou a tocar algo que parecia Beethoven

Anthony levou sua mão sobre a dela e a viu parar de tocar de imediato, se olharam o silêncio que durou alguns segundos pareceu eterno.

- Seu livro.. eu vou pegar. - ela sussurrou mas não se moveu.

- Não vai, fica aqui..

Café, insônia, mistério e... anatomia?Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu