5 de Fevereiro, 2019 - Terça (17h25)

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Quem sabe assim eu possa quitar uma parte de minha dívida com Deus por ter feito aquilo? Não sei.

Vendo que ela ruminava os pensamentos depois do que falei, finalizei com o seguinte:

"Se a senhora for comentar isso com ele, não diz que a ideia foi minha... Aliás, nem deixe ele saber que estou na cidade, ou que você está morando lá"

A expressão de conformidade de minha avó foi o bastante para eu crer que ela não diria nada.

Após isso, não demorou muito para chegarmos no hospital. O Lucas olhou desanimado em volta, vendo que nosso "passeio" não era tão divertido quanto ele pensava. Ele veio até mim, e puxou minha camiseta com olhar dengoso.

"Dáki, quero ir imbóia"

"Eu também", murmurei baixo, de forma que ele provavelmente não ouviu. Ao menos, espero. Depois me ajoelhei ao lado do Pinguinho e penteei o cabelinho loiro para trás. "A gente vai ver uma pessoa rapidinho, e depois vamos voltar, ok? Mas promete pra mim que você vai se comportar"

Ele olhou para o hospital, e eu olhei também.

"Mas eu num quéro entrar lá"

O prédio daquela cidade é bem precário, e parece mais um cenário de filme de terror do que um local onde milagres da medicina acontecem. Era compreensível que o Lucas estivesse daquele jeito. Sem falar que a aura ali era deprimente.

"Você tem que ir com a gente, Lu...", falei. Ainda não aprendi a arte de convencê-lo a fazer algo que não queira.

"Deixa ele comigo", sugeriu o Jonas. "Eu levo ele no parquinho da praça, e quando vocês terminarem, me ligam que eu busco"

Minha avó consentiu e foi andando até a porta principal, sem me chamar, nem nada. E meu primo voltou a entrar no carro depois de colocar um Lucas mais animado na cadeirinha infantil. Por um segundo, fiquei dividido. O fato de minha avó ter ido na frente sem nem me chamar mostrou que ela não esperava por mim. Ela sabe que minha vontade de ver aquele cara é zero.

Do carro, meu primo chamou:

"E ai, você vem?"

"Vem, Dáki"

Respirei fundo, me apoiei na janela aberta do carro e falei para o Lucas:

"Eu tenho que ver umas coisas aqui. Fica com o tio Jonas, e depois a gente se vê. Tá bom?"

Ele concordou com uma carinha de conformidade que quase me fez mudar de ideia. Mas eu precisava estar lá, com minha avó. Senti que era importante.

Após receber a informação da localização do moribundo, andamos pelos corredores com cheiro de álcool (e a sei lá mais o quê) até encontrar o quarto certo. Antes de entrar, minha avó falou com uma enfermeira que estava saindo. Soubemos que o quadro dele está estável, e que o vaso ruim não irá se quebrar. Após agradecer a enfermeira, minha avó olhou para mim, quase como se perguntasse o que eu iria fazer. Falei sussurrando:

"Não, eu não vou entrar. Não quero que ele saiba que estou aqui"

Ela concordou com a cabeça, e abriu a porta. Lá dentro havia outras camas além da dele. Quatro no total. E todas estavam separadas umas das outras por pequenas cortinas. Meu genitor estava na cama mais afastada da porta, e não era possível vê-lo de onde eu estava. A cortina impedia que ele visse qualquer coisa além daquele espaço delimitado. E foi somente por isso que arrisquei me aproximar. Fiquei perto o bastante para ouvir o que conversavam, mas não tanto a ponto de ele ou minha avó notarem minha presença. Para o traste, era como se apenas a mãe dele estivesse lá, e não o filho indesejado.

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