VINTE DOIS

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Gatilho⚠️ : Violência sexual, tentativa de estupro

•Charles Shelby•

Eu estava deitado na cama quando alguém bateu na porta desesperadamente. Estava amanhecendo, se eu não soubesse o horário, pensaria que ainda era madrugada.

Estranhei, era muito cedo para alguém vir importunar os Shelby, alguém com medo da morte pelo menos. Corri até a porta quando bateram novamente, provavelmente a pessoa estava tentando derrubá-la para chamar minha atenção.

— Mas que merda você está fazendo aqui?! — Perguntei irritado. Era Oliver. O cabelo castanho estava bagunçado e na testa havia suor. Seu rosto demonstrava preocupação e algo que eu chamaria de ódio.

Era só o que me faltava.

— Você 'tá querendo morrer, é isso? — O fuzilei com o olhar.

— Pode tentar me matar depois de resolvermos essa merda. — O olhei confuso e ele suavizou a carranca irritada. — É a sua irmã.

Tudo na minha mente parou, todas as perguntas sobre o que ele poderia estar fazendo na minha casa, ou o porquê de ter vindo até mim se calaram. Um calafrio percorreu minha espinha e tomei muita coragem ao perguntar:

— O que aconteceu?

...

Corri até o escritório do meu pai assim que ouvi a breve explicação de Oliver. A raiva turvava minha visão, ou talvez fossem as lágrimas, ou a agonia que dançava sob minha pele.

Minha respiração estava desregulada e as paredes ao meu redor me sufocavam e eu só queria vê-la, saber se ela estava bem.

Cerrei um punhos cada vez mais a cada passo que dava na direção do escritório. Eu não sabia se Olívia estava lá, mas eu sabia que Bill estava.

Antes de vê-la, eu precisava fazer isso.

Não bati ao entrar às pressas no pequeno cômodo. Não esperei por palavra alguma do meu pai e nem pela reação do homem a minha frente quando o abracei.

O abracei firme e não impedi quando uma lágrima teimosa escorregou pela minha bochecha. Um braço envolta de seu ombro e o outro embaixo de seu braço, um ato que eu só faria que os amigos mais próximos.

— Obrigado. — Sussurrei agradecido.

Eu não estava lá para impedir. Mas ele estava.

Me distanciei e ele sorriu pequeno ao acenar com a cabeça, um gesto simples que significava tanta coisa.

— Onde ela está? — Perguntei ao meu pai.

— Está no quarto, descansando. — Ele respondeu com dificuldade, os dentes ainda cerrados pela raiva. — Estava desacordada quando Bill a trouxe, ele disse que ela conseguiu balbuciar algumas palavras no caminho para cá, mas nada que fizesse sentido.

— Como ela está? — Temi pela resposta.

— Tem alguns hematomas pelo corpo e um pequeno corte na sua perna direita. — Bill vislumbrou a lareira que havia no local. — Nada aconteceu além de uma tentativa falha. Tentativa essa que terá consequências terríveis para o autor do crime.

Gêmeos Shelby | Peaky BlindersWhere stories live. Discover now